As motivações dos ataques sistemáticos que o governador Beto Richa (PSDB) e sua família vêm recebendo da RPC/Globo, Gazeta do Povo, Jornal de Londrina e assemelhados têm mais motivações econômicas do que a realidade que os fatos apresentam.
As ilações, especulações e malversações estão ligadas ao comprometimento das empresas do GRPCOM – grupo liderado por Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, Guilherme Cunha Pereira e Eduardo Lemanski – com o PT, partido que controla uma verba federal de publicidade de R$ 1,5 bilhão por ano, do qual a maior fatia (70%) vai para empresas afiliadas a Rede Globo, entre as quais, o GRPCOM.
No Paraná, as empresas do grupo de Ana Amélia, Guilherme Pereira e Lemanski faturaram mais de R$ 60 milhões entre 2003 e 2014 do governo petista a troco de publicidade. Os dados não estão dispostos no site Transparência do Governo. Uma tabela feita pelo jornal Folha de S. Paulo traz os gatos das estatais federais (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, Correios) com as empresas GRPCOM (RPC, Gazeta do Povo, Jornal de Londrina, TV Coroados, TV Cataratas, TV Cultura e rádios Mundo Livre FM e 98,9 FM).
Decisão judicial – A média recebida pelo grupo é de R$ 2,5 milhões por ano, o total chega a R$ 30 milhões. E como as estatais representam 50% da publicidade do governo federal, chega-se a R$ 60 milhões de gastos do governo petista com as empresas do GRPCOM em 12 anos. Os dados dos gastos de publicidade só foram liberados por decisão do Superior Tribunal de Justiça, que deu ganho de causa a uma ação movida pelo jornal paulista e pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL.
Para manter o sigilo dos gastos, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República alegava que sua divulgação prejudicaria as empresas estatais na negociação com os veículos de comunicação dos valores pagos pelos anúncios. A despesa total das estatais com publicidade atingiu R$ 15,7 bilhões entre 2000 e 2013. A Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil responderam por 86% das verbas. No topo da lista aparece a TV Globo que recebeu R$ 4,2 bilhões em 14 anos.
Vem para Caixa – Voltemos ao Paraná, no cruzamento das informações levantadas pela Folha de S. Paulo pode se detalhar as verbas distribuídas á role para as empresas do GRPCOM. Em 2003, por exemplo, o grupo recebeu R$ 1,28 milhão do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras. Em 2004, deu-se um salto para R$ 3,76 milhões, incluindo verbas Banco do Nordeste, BNDES e Correios. Em 2005, foram R$ 2,14 milhões, 2006 – R$ 3,37 milhões; 2007 – R$ 2,11 milhões; 2008 – R$ 2,71 milhões; 2010 – R$ 3,29 milhões; 2010 – R$ 1,65 milhão; 2011 – R$ 2,19 milhões; 2012 – R$ 1,24 milhão; e 2013 – R$ 1,25 milhão.
Nota-se que as verbas de publicidade da Caixa Econômica Federal eram controladas pelo ex-deputado federal André Vargas (ex-PT) que chegou a coordenar a campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Governo do Estado em 2014. Só foi afastado depois denunciado no esquema do Petrolão e hoje se encontra preso em Curitiba.
Entre 2003 e 2013, a Caixa Econômica Federal repassou R$ 15,8 milhões para as empresas do GRPCOM. A Gazeta do Povo recebeu, em média, R$ 1 milhão por ano no período. Vejam o exemplo: em 2003, o jornal dos Cunha Pereira&Lemanski recebeu R$ 92,87 mil da Caixa, passou para R$ 311,52 mil em 2004, R$ 187,83 mil em 2005 e saltou para R$ 1,10 milhão em 2006, R$ 779,61 mil em 2007, passou para R$ 1,07 milhão em 2008, R$ 1,35 milhão em 2009, R$ 1,14 milhão em 2010, R$ 1,01 milhão em 2011 e R$ 864,05 mil em 2012.
Estatais – O Banco do Brasil também atendeu a voragem do GRPCOM. Em 2004, o BB repassou R$ 1,53 milhão para a RPC e 2005, foram mais R$ 792,20 mil, outros R$ 658,57 mil em 2006, R$ 541, 22 mil em 2008 e R$ 791,08 em 2013. Entre 2003 e 2014, todas as empresas do grupo receberam o maná do banco.
A Petrobras, envolvida no maior escândalo de corrupção da história brasileira, também repassou quantias fabulosas a RPC, Gazeta do Povo e empresas do GRPCOM. Em 2004, por exemplo, a estatal pagou R$ 805,72 mil para a RPC. Em 2006, foram mais R$ 398,03 mil. Em 2007, Gazeta do Povo e RPC receberam R$ 583,08 mil da petroleira.
Os Correios também abasteceram, de forma pródiga, o caixa da família Pereira Lemanski. Em 2004, a RPC recebeu R$ 787,31 mil da estatal. Gazeta e RPC receberam R$ 192, 47 mil em 2005 e mais R$ 424,22 mil 2009. Gazeta e Mundo Novo FM receberam R$ 263, 17 mil em 2013.
Agências – Parte dos repasses feitos para as empresas GRPCOM era feito pela agência Borghi/Lowe, responsável pela conta da Caixa Econômica Federal. O vice-presidente, Ricardo Hoffmann, primo da senadora Gleisi Hoffmann, está preso pela Operação Lava Jato e também controlava a conta publicitária do Ministério da Saúde. Caixa e Saúde romperam, agora em abril de 2015, os contratos com Hoffmann.
A agência de publicidade recebeu R$ 1,07 bilhão, em valores não corrigidos pela inflação, da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde entre 2008 e 2015. A Borghi/Lowe também tem contrato com o BNDES que pagou por publicidade nas empresas GRPCOM.
Outra agência responsável pela conta da Caixa é a Heads, ligada ao casal petista Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, que mantinha influência nas verbas publicitárias do Banco do Brasil, Petrobras e Correios. A Heads também divide as contas publicitárias dessas três estatais.