Ao todo, 10 mil agricultores e agricultoras familiares vão a Brasília reivindicar políticas públicas estruturantes que melhorem a qualidade de vida, trabalho e renda no campo.
Dez ônibus saem do Paraná no próximo domingo (19) rumo ao 24º Grito da Terra Brasil, que acontecerá em Brasília, nos dias 20 e 21 de maio. Serão cerca de 500 agricultores e agricultoras familiares que deixarão suas propriedades rurais no Paraná em busca de mais e melhores políticas públicas para a categoria. Além do Paraná, onde a mobilização é coordenada e planejada pela FETAEP (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares), os demais 26 Estados brasileiros também se farão presentes.
Ao todo, a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares) pretende mobilizar 10 mil trabalhadores(as) por meio dos seus mais de 4 mil Sindicatos filiados. “Todos empenhados em negociar junto ao governo federal a pauta que busca a construção de políticas públicas estruturantes e a resolução de questões emergenciais que contribua para a melhoria da qualidade de vida e de trabalho e, é claro, para o fortalecimento da agricultura familiar”, pontua o presidente da FETAEP, Alexandre Leal dos Santos.
Os participantes de todo o Brasil chegam em Brasília na segunda, dia 20, para a grande caminhada no dia seguinte. A concentração será no Parque da Cidade (estacionamento 1). De lá seguirão em marcha até a Esplanada dos Ministérios com faixas, placas e carros de som.
Dentre as demandas do Movimento Sindical dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Agricultores(as) Familiares está a garantia por parte do governo de R$ 90 bilhões para o Pronaf Crédito – sendo R$ 45 bilhões para custeio e R$ 45 bilhões para investimento, destes R$ 5 bilhões para habitação rural. “Também solicitamos a ampliação do Programa de Fomento das Atividades Produtivas Rurais do MDS para inclusão de agricultores(as) familiares de baixa renda inscritos no CADÚnico, para potencializar a produção de alimentos, priorizando famílias chefiadas por mulheres e jovens trabalhadores(as) rurais”, destaca Leal dos Santos. A proposta, continua ele, é a criação de um crédito de fomento no valor de R$ 20 mil por família, focando projetos de quintais produtivos e a agroecologia, com garantia de assistência técnica e extensão rural.
Já no âmbito da reforma agrária, pontua o presidente da FETAEP, é preciso ampliar os recursos financeiros para obtenção de áreas para assentamentos e a reestruturação e fortalecimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “A pauta também destaca propostas da agricultura familiar relacionadas à conservação ambiental, resiliência às mudanças climáticas e a produção de leite.
Para Leal dos Santos, é muito importante envolver os trabalhadores nessa construção coletiva em nome da agricultura familiar e do assalariamento rural. “Nada vem por acaso. É muita negociação e articulação que só são possíveis graças à organização do Movimento Sindical e a presença dos trabalhadores dentro dos Sindicatos, participando dos debates e das construções coletivas. Sem isso perdemos força”, diz o presidente da FETAEP.
Grito da Terra Brasil – É por meio do Grito da Terra (GT) que o MSTTR mostra sua cara e voz diante da sociedade e das autoridades do poder público. Trata-se da maior mobilização do meio rural que, desde 1995, reúne milhares de trabalhadores e de trabalhadoras em Brasília. Seu objetivo é buscar melhores condições de vida, trabalho e renda. Nesta 24ª edição são seis os eixos de reivindicações dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares que desde março já vem sendo negociados com o governo federal:
– Inclusão Produtiva e Práticas Sindicais.
– Meio Ambiente, produção sustentável e transição agroecológica.
– Política Nacional de Reforma Agrária, Regularização Fundiária e Crédito Fundiário.
– Desenvolvimento rural, infraestrutura e inclusão digital.
– Relações internacionais.
– Direitos humanos, políticas sociais e sujeitos do campo.