61% não votam em Lula e PF abre inquérito para ver as obras do sítio

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A temporada de caça a ex­-presidentes da República está custando caro para
Lula da Silva. A rejeição ao petista aumentou seis pontos desde outubro,
segundo pesquisa inédita do Ibope, divulgada com exclusividade pela coluna.
Agora, 61% dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula para presidente.
É a maior taxa de rejeição entre seis presidenciáveis testados pelo Ibope.
As informações são de José Roberto Toledo no Estadão.

Nos últimos quatro meses, quando a crise econômica se aprofundou e o
noticiário imobiliário sobre o ex­-presidente se generalizou, o potencial
de voto de Lula caiu de 41% para 33%. Hoje, só um terço dos eleitores
brasileiros diz que votaria com certeza (19%) ou poderia votar (14%) no
petista. O resto não respondeu ou disse não conhecê-­lo o suficiente para
opinar.

Sua maior perda de cacife eleitoral foi no Nordeste, onde, pela primeira
vez em dez anos, o potencial de voto do ex­-presidente (47%) se equivale
tecnicamente à sua rejeição (48%).

Se uma onda gravitacional antecipasse 2018 para amanhã, Lula estaria
condenado eleitoralmente? Depende do ponto de vista. Pela ótica petista,
Lula, mesmo sob bombardeio, mantém 19% de eleitores que “com certeza”
votariam nele, o que é sempre um atalho para chegar ao segundo turno de
qualquer eleição. Nenhum outro presidenciável tem um capital inicial desse
tamanho.

Na perspectiva anti­petista, Lula seria praticamente “inelegível”, pois,
como 61% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, o petista não
alcançaria a necessária maioria absoluta dos votos válidos para conquistar
o terceiro mandato.

Há que se relativizar ambas as conclusões.

Os 19% de votos “certos” de Lula hoje eram 23% quatro meses atrás e 33% há
menos de dois anos. Vê­se que “certeza” não é um conceito absoluto em
política. A convicção do eleitor é tão volúvel quanto o PMDB. E como a
crise econômica só faz piorar, a curva descendente de Lula pode afundar
ainda mais.

Um petista poderia argumentar que, do mesmo modo, a rejeição também pode
diminuir, como diminuiu em 2006. Em tese, sim, mas reverter uma tendência é
sempre mais difícil. E a sangria de Lula dessa vez é muito maior do que na
época do mensalão.

O melhor argumento dos lulistas é que o eleitor não rejeita apenas Lula. A
rejeição aos seus potenciais adversários varia dos 42% de Marina Silva aos
52% de José Serra, com Aécio Neves (44%), Geraldo Alckmin (47%) e Ciro
Gomes (45%) no meio – incluídos aí os 7% de eleitores que rejeitam todos os
seis.

Toda eleição é uma comparação. E, em especial no segundo turno, uma
comparação negativa: a escolha do mal menor. Portanto, tão importante
quanto quem o eleitor mais aprecia é quem ele mais rejeita. Hoje, há muito
mais demonstrações públicas de ódio a Lula do que a qualquer outro
presidenciável. Tais amostras representam todo o eleitorado? As pesquisas
conhecidas não comparam intensidades de ódios múltiplos.

O que a pesquisa Ibope mostra é que a rejeição a Lula foi a única que
cresceu desde outubro. A de Marina caiu oito pontos; a de Ciro, sete; a de
Alckmin, cinco; as de Aécio e Serra oscilaram negativamente, dentro da
margem de erro.

Porém, nenhum dos cinco conseguiu transformar essa menor rejeição em
simpatizantes. Todos continuam com taxas de votos “certos” e “potenciais”
equivalentes às que tinham em outubro: 41% (13% de “com certeza” mais 28%
de “poderia votar”) para Marina, 40% (15% + 25%) para Aécio, 32% (8% + 24%)
para Serra, 30% (23% + 7%) para Alckmin, e 19% (4% + 15%) para Ciro.

Onde foram parar os eleitores que deixaram de rejeitá-­los? No muro. Agora,
dizem que não os conhecem o suficiente para opinar. Afinal, Lula está vivo
eleitoralmente? Ele tem 13% de eleitores exclusivos, que votariam “com
certeza” só nele, contra 8% de Aécio e 7% de Marina. O petista pode estar
“inelegível”, mas ainda tem cacife para influir decisivamente na eleição.
(foto: Dida Sampaio/Estadão)
*link matéria*http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-menor-cacife-de-lula,10000017549

PF abre inquérito para investigar obras no sítio frequentado por Lula*

A equipe da PF no Paraná abriu na sexta-feira inquérito para apurar as
obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que era
frequentado pelo ex-presidente Lula e familiares. Os policiais apuram se as
reformas foram pagas por empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato e
se houve favorecimento ilegal ao ex-presidente. Até agora, a situação do
sítio era investigada dentro do inquérito policial destinado a apurar
crimes cometidos por ex-dirigentes da construtora OAS, como lavagem de
dinheiro e peculato.

O desmembramento foi autorizado pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal
de Curitiba, que afirmou não ver obstáculo ao desmembramento. Ele lembrou
que a investigação está sujeita a critérios da própria Polícia Federal, sob
controle do Ministério Público Federal.

Segundo as investigações, a OAS pagou pelas cozinhas planejadas instaladas
pela empresa Kitchens no sítio de Atibaia e no tríplex do edifício Solaris,
no Guarujá (SP), que pertenceu a Lula. O pagamento foi feito em dinheiro
pelo ex-executivo da OAS Paulo Gordilho em março de 2014. A nota fiscal foi
emitida em nome de Fernando Bittar, um dos dois sócios do sítio — o outro é
Jonas Suassuna. Bittar e Suassuna são sócios do filho mais velho de Lula,
Fábio Luís.

Além da cozinha, que custou R$ 28 mil, foram entregues no sítio um
refrigerador de R$ 9,7 mil, uma lava-louças de R$ 9,1 mil, um forno
elétrico de R$ 10,1 mil e uma bancada de R$ 43 mil. No total, a OAS
desembolsou R$ 130 mil.

Em novembro de 2014, Gordilho pagou, na mesma loja, por outra despesa (R$
78,8 mil), por itens de cozinha entregues no tríplex. O ex-presidente
afirma ter desistido do imóvel.

Além da cozinha paga pela OAS, a Lava-Jato investiga se a construtora
Odebrecht fez reformas no sítio, como contou a dona de uma loja de material
de construção. Foram incorporadas quatro suítes à propriedade; a reforma
teria contado ainda com a ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de
Lula e preso na Lava-Jato.

Um representante da empresa Fernandes dos Anjos & Porto Montagens de
Estruturas Metálicas, que participou das obras na propriedade de Atibaia,
admitiu ter recebido R$ 40 mil de Bumlai em dinheiro. A mesma empresa
prestou serviços ao pecuarista, pelos quais recebeu um total de R$ 550 mil,
segundo documentos apreendidas pela Polícia Federal.
(foto: Edilson Dantas/
materia extraida da Agência O Globo)

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