Esquema de Paulo Bernardo agiu até em velório, diz Custo Brasil

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A denúncia da Operação Custo Brasil aponta que, em janeiro de 2012, o Esquema Consist cooptou o então secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Valter Correia, em plena cerimônia de velório de um ex-assessor de alto escalão da gestão Paulo Bernardo. Na ocasião, era velado Duvanier Paiva, secretário de Recursos Humanos que assinou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a Pasta e duas entidades para a contratação da Consist em 2010. As informações são de Julia Affonso, Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Fausto Macedo no Estadão.

O sistema de pagamento de propina investigado na Custo Brasil envolveu a celebração do Acordo. O esquema de propina funcionou até 2015 e custou cerca de 70% do faturamento líquido da empresa Consist, que criou software para a gestão dos empréstimos consignados de milhares de servidores do Poder Executivo Federal.

“Com a saída de Paulo Bernardo e, especialmente, com a morte de Duvanier Paiva (em 19 de janeiro de 2012), mostra-se necessário obter auxílio de novas pessoas para a manutenção do esquema, em especial para que o ACT fosse mantido”, aponta a denúncia.

“Valter Correia – secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é cooptado pelo esquema. No próprio velório de Duvanier Paiva, o assunto é tratado pela primeira vez com Valter Correia, com a participação inclusive de Pablo Kipersmit (presidente da Consist no Brasil).”

Segundo a investigação. Pablo Kipersmit cuidava do contato direto com os “parceiros” da Consist e mantinha informado o presidente mundial da empresa. Os parceiros da Consist eram diversos lobistas e intermediários, que possuíam ‘vínculos importantes’ com funcionários do Planejamento.

Na denúncia, a força-tarefa da Custo Brasil sustenta que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto após a morte de Duvanier Paiva, questiona se Valter Correia poderia auxiliar na manutenção do esquema e as renovações do Acordo de Cooperação Técnica.

“Com a aceitação de Valter Correia, este indica a João Vaccari uma empresa o recebimento dos valores ilícitos: a empresa LARC – depois chamada JD2, de Dércio Guedes”, aponta a acusação.

O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou o ex-ministro Paulo Bernardo, João Vaccari Neto, Pablo Kipersmit e mais 17 pessoas. O grupo é acusado de montar uma organização criminosa no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) entre os anos de 2009 e 2015, responsável por lavagem de dinheiro e o pagamento de propinas para o Partido dos Trabalhadores e diversos agentes públicos e privados, que superam os R$ 100 milhões. Valter Correia não foi denunciado pela Custo Brasil.

COM A PALAVRA, A ADVOGADA VERÔNICA A. STERMAN, QUE REPRESENTA O EX-MINISTRO PAULO BERNARDO:

“O ex-ministro Paulo Bernardo reitera que não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e SINAPP). Também reitera que não se beneficiou de qualquer quantia da Consist, quer direta ou indiretamente. Por fim, espera e acredita que a Justiça reconhecerá a improcedência das acusações.”

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ FLÁVIO BORGES D’URSO, QUE DEFENDE JOÃO VACCARI NETO

“Sobre a denúncia do Ministério Público Federal, a defesa reitera que ela é mais uma baseada exclusivamente em informações trazidas por delator sem que haja provas a confirmá-la. Até porque essas informações não correspondem à verdade.”

COM A PALAVRA, O PT:

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o PT declarou. “O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de ilegalidade. As contas da campanha de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.”

(foto: Estadão)

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