Chegamos a uma triste conclusão.
Nós mesmos, todos os brasileiros, somos culpados pela imagem de impunidade que tomou conta do país, o qual só acordou quando a Operação Lava Jato, seguindo os trâmites de providências que condenaram o Mensalão, explodiram revelando tantos outros escândalos que vieram na sequência. Pelas ultimas edições do Impacto ficamos a observar quantos fatos e situações ainda continuam pendentes, permitindo que criminosos que se aproveitaram do dinheiro público continuem até o presente, livres, leves e soltos.
Basta recordar o escândalo do Banestado que, até hoje, apesar de alguns resultados, certamente deixou penduradas certas coisas com que muitos brasileiros não concordam porque ainda se sentem logrados.
Desde então, contudo, outros escândalos se sucederam e a corrupção foi se aprimorando, permitindo principalmente em relação a classe política, que os instrumentos encontrados para manutenção da impunidade fossem sendo plantados no país. Embora contando com uma poderosa arma que é o voto, brasileiros se deixam levar, até hoje, pela ilusão e falsas promessas que nos empurram goela abaixo e que reelegem verdadeiros bandidos conforme se prova com os resultados da Lava Jato.
Outro escândalo com o qual não conseguimos nos conformar é aquele provocado pelo pai e pelo filho, Isidoro e Rolando Rozemblum, que nas barbas da policia e da justiça federal fugiram a plena luz do dia de um hospital do Batel onde estavam internados. Como dois pombinhos, voaram para o Uruguai, deixando um rastro de processos nos campos financeiro e tributário que lhes permitem, até hoje, viver em Punta Del Este e adjacências, uma tranquila vida de milionários .
Mas, quem colaborou, ou apadrinhou estes debochados milionários para quem o crime compensou?
Mais de dez anos se passaram e o crime de pai e filho caiu no esquecimento para a maioria.
Inclusive para autoridades, pois nunca mais se ouviu falar de que saíram das gavetas as diversas irregularidades transformadas em crimes dos Rozemblum. Há outros, muitos outros crimes praticados e que foram aliviados por penas mínimas, como é aquele caso do Consórcio Garibaldi que deu prejuízo de mais de R$ 40 milhões e foi aliviado com um valor bem menor em devoluções, multas e correção pelos prejuízos e danos morais e material causado a milhares de pessoas.
Poderiamos ficar por aqui recordando e lembrando de um passado de situações e de pessoas para quem, de alguma forma, o crime acabou compensando.
Mas certamente faltaria espaço para tantas lembranças. Por conta disso, fiquemos apenas com esta mensagem de que “a impunidade é a mãe da corrupção”. De fato, no Brasil, é.
LUIZ FERNANDO FEDEGER