O jornal Folha de S. Paulo, na edição desta quinta-feira, 6, revelou que o empresário Michel Gelhorn, dono do shopping Total de Curitiba, foi o intermediário na entrega de R$ 1 milhão para Gleisi Hoffmann (PT) utilizar na sua campanha ao Senado em 2010. O uso do dinheiro não está na prestação de contas da campanha da petista. Segundo o jornal, o doleiro Alberto Youssef disse em depoimento ao Ministério Público Federal que deu R$ 1 milhão à campanha que elegeu Gleisi ao Senado.
Segundo o doleiro, o montante foi entregue em quatro parcelas, em espécie, a Michel Gelhorn. Três das parcelas foram entregues no próprio shopping, de acordo com Youssef. O depoimento do doleiro foi prestado aos procuradores que atuam na Operação Lava Jato, no acordo de delação premiada que ele fez.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já havia citado em sua delação que a campanha de Gleisi recebera R$ 1 milhão. Costa confirmou que uma anotação que havia num de seus cadernos apreendidos pela Polícia Federal (“P.B., 0.1”) era uma referência cifrada a essa doação.
Ainda de acordo com Costa, P.B era Paulo Bernardo, marido de Gleisi. Em 2010, quando foi feita a anotação pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Bernardo era o ministro do Planejamento do governo Lula. Em 2011, com a posse de Dilma Rousseff, assumiu a pasta das Comunicações.
Para ter uma pena menor, Youssef assinou um acordo de delação no qual se compromete a revelar o que sabe sobre o esquema de suborno da Petrobras.
O doleiro corria o risco de ser condenado a mais de cem anos de prisão. Ele é acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões, com desvios na estatal e ramificações em partidos como PP, PT e PMDB.
A senadora Gleisi Hoffmann diz em nota que as contas de sua campanha foram aprovadas pela Justiça eleitoral sem qualquer ressalva. Ela disse que não conhece o doleiro nem o ex-diretor da Petrobras. Segundo a senadora, seus advogados estão estudando o que fazer no caso já que ela não teve acesso aos depoimentos prestados após o acordo de delação.
Paulo Bernardo negou ter pedido qualquer contribuição ilícita a Costa. Ele disse conhecer o dono do shopping, mas negou que a campanha de sua mulher tenha recebido recursos ilegais.
A Folha de S. Paulo não conseguiu localizar o empresário.