Nos tempos de nossos avós as figuras públicas, os líderes, nossos representantes eram amados, respeitados e valorizados. De uns tempos para cá fomos perdendo o respeito por essas pessoas. Antigamente um político era conhecido até pelo seu perfil impecável, com terno, gravata e calçados asseados. Seus discursos eram polidos, repletos de esperança, de confiança e de momentos de rara sabedoria.
Todos sabiam que tinham uma grande responsabilidade de honrar os votos conquistados nas urnas. Falar em público era dar satisfação dos seus atos e mostrar os caminhos do desenvolvimento e do bem público. Um discurso, uma aparição pública, eram atos solenes, dignos dos cargos e da importância social.
De uns tempos pra cá os políticos, os homens públicos, perderam a dignidade, a compostura e o humanismo. O que mais se ouve é discurso agressivo, mal elaborado, recheado de palavrões e de um ódio atroz. A intolerância foi apelidada de sinceridade e em nome de uma postura chula transformou-se a convivência diária entre autoridades e povo.
Já não nos escandalizamos mais com a verborragia que exala do pensar dessa gente, afiada nos desaforos, nas frases indigestas e na descompostura ao tratar diferentes.
Não causa estranheza que homens públicos destilem o preconceito e o menosprezo pelas camadas menos abastadas, num regurgitar constante de espíritos difusores da miséria intelectual camuflada de neoliberalismo.
Se não nos acostumarmos com esse discurso odioso, teremos medo das inconsequentes ações, muitas vezes aplaudidas por parte de uma população já habituada ao trato ardiloso, que apenas se defende e não apresenta nenhuma solução para os anseios populares.
Com as lanças insistentemente apontadas e acionadas, pouco se importam se arrotam menosprezo ou se humilham ou escandalizam seus próprios adoradores. Estes, por suas vezes, deliram e vibram ao sadismo da grosseria e da ignorância.
Os apelos pelas posturas de estadistas e verdadeiros líderes, não passam de “mimimis”, aos ataques de “bundões”, que vão do pobre trabalhador, atingindo também o filho do porteiro, que no esforço hercúleo, numa sociedade capitalista, conquistou seu diploma universitário.
O país chega a 400 mil mortes de um vírus perigoso e invisível à solta, uma população que insiste em promover aglomerações, encontros e a contribuir, cada vez mais, para que as baixas avancem.
Perdemos o respeito, perdemos a compostura, perdemos o mais ínfimo senso de responsabilidade e de amor à vida. É o fim dos tempos!