A presidente Dilma Rousseff foi alvo de protestos nesta quarta-feira (15)
em Laguna durante a inauguração da ponte Anita Garibaldi, a maior obra do
governo federal em Santa Catarina. As informações são da Folha de S. Paulo.
A petista foi vaiada por servidores dos Correios, do Judiciário Federal, da
Polícia Rodoviária Federal e por alguns integrantes do MBL (Movimento
Brasil Livre).
A maioria dos manifestantes ficou do lado de fora da tenda montada sobre a
ponte para a cerimônia de inauguração. Eles ficaram em uma via sob a ponte
para protestar contra a presidente.
Servidores do Judiciário Federal pediram para Dilma sancionar a PLC 28, que
trata dos salários da categoria. O grupo afirma que nos últimos seis anos
teve 54% de perdas salariais.
“A presidente tem até o dia 21 deste mês para sancionar a PLC. O impacto no
orçamento não vai ser grande porque o pagamento das perdas será parcelado”,
disse Paulo Koinski, coordenador do sindicato da categoria.
Havia servidores do Judiciário de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande
do Sul. A coordenação do grupo estimou em mil o número de manifestantes. A
Polícia Militar não fez estimativas.
Os servidores dos Correios pediram a realização de concurso público. “O
atendimento à população está precário. É insuportável o ritmo de trabalho
nos Correios atualmente”, disse o carteiro Samuel de Matos, integrante do
sindicato da categoria em SC.
Os policiais rodoviários federais pediram “valorização profissional”. Em um
balão inflável montado ao lado da ponte a categoria escreveu “valorizar a
categoria é preciso”.
*DISCURSO INTERROMPIDO*
Dentro da lona, o pequeno grupo de manifestantes tentou interromper mais de
uma vez o discurso da presidente Dilma gritando “o povo, na rua, Dilma a
culpa é tua”. O grupo foi vaiado pelas pessoas que acompanhavam o evento.
No discurso, a presidente disse que “o Brasil voltará a crescer e gerar
empregos”.
Dilma reconheceu que o país “enfrenta dificuldades econômicas”, mas
prometeu lutar para retomar o crescimento.
“Tem gente que diante de alguma dificuldade desiste. Nós não somos esse
tipo de gente”, disse.
A presidente disse que Brasil é um país mais forte do que já foi e que tem
condições de retomar o crescimento. “Nós temos a mania no Brasil de não
perceber a nossa força. Mas nós construímos um país mais forte, com
condições de reagir.”
Responsável pelos protestos contra o governo Dilma em março e abril, o MBL
pediu o impeachment da presidente.
“Nós estamos aqui para manter nossa linha de luta. Queremos o impeachment
da presidente”, disse Alexandre Paiva, coordenador do grupo no Estado.
Às 10h30, só dois integrantes do grupo tentavam entrar na tenda sobre a
ponte. Questionados sobre o número reduzido, dissera que “o frio e a chuva
espantaram o pessoal”.
*FILAS*
A ponte Anita Garibaldi tem quatro pistas, 2,8 quilômetros de extensão e
vão central estaiado (sustentado por barras de aço).
A construção, iniciada em 2012, busca acabar com o pior ponto de
congestionamento da BR-101 em Santa Catarina.
De acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), 30 mil veículos passam
pelo trecho de Laguna a cada dia.
No verão esse número triplica, as filas chegam a 15 quilômetros em cada
sentido da rodovia e prendem os motoristas por até quatro horas. “Os
motoristas não têm para onde desviar”, diz o inspetor Luiz Graziano, da PRF.
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) informou
que a obra custou R$ 760 milhões e que foi feita com recursos do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento).
O prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos (PMDB), e empresários do setor de
transporte de cargas acreditam que a ponte impulsionará o desenvolvimento
econômico da região porque agilizará o escoamento de mercadorias e o
recebimento de matérias-primas.
O nome é uma homenagem à Anita Garibaldi (1821-1849). A líder
revolucionária, esposa do italiano Giuseppe Garibaldi (1807-1882), nasceu
em Laguna.
Além da ponte, o Dnit anunciou a liberação do túnel do Formigão, em Tubarão
(131 km de Florianópolis), que também integra as obras de duplicação do
trecho sul da BR-101 em Santa Catarina.
O túnel tem 900 metros de comprimento. De acordo com o Dnit, a obra custou
R$ 62 milhões.