Em campanha eleitoral nem tudo que se escuta ou se fala deve ser levado a sério, pois, existem muitas janelas cheias de frestas e portas que não se fecham bem, melhor será usar-se a filosofia do mudinho: “vejo, mas fico quieto”; não repito nada porque em cumbuca raposa não põe a garra nem abana a cauda para espantar caçador.
Pois bem, o Presidente Jair Bolsonaro, um homem inteligente, tanto assim, que de Capitão do Exército”depois de enfrentar o diabo”, como se diz na gíria popular,chegou à Presidência da República e, consequentemente, à Chefia Suprema das Forças Armadas, mas não sem antes não passar uma brincadeira que agora está sendo explorada por seus adversários.
E inacreditável a forma como a mente humana constrói ídolos e depois cuida de destruí-los e às vezes um adjetivo mal colocado pode levar à derrota eletiva ou social de quem o use. Havia um candidato em São Paulo, Hugo Borghi, que no auge da sua popularidade chamou os operários que comiam à beiradas calçadas de marmiteiros, pois, estes comiam em marmitas. Depois surgiram outros, como Tancredo Neves, que alcunhou de “ingrato” um cidadão humilde a quem perguntou, em tom de ironia: como vai seu pai que era, aliás, amigo meu? A resposta foi rápida: “papai morreu e o senhor sabe”… Mal se contendo justificou-se Tancredo: “morreu para você filho ingrato porque para mim ele está vivíssimo na minha saudade“…
Agora o que estão fazendo com o Bolsonaro é desrespeitoso. Concedeu ele entrevista a um repórter estrangeiro e, sem a menor intenção de ferir a alguém contou que estava para entrar em parte da Selva Amazônica quando advertiram-no de que era perigoso, pois, quando morre um índio os outros guardam o seu corpo e depois cozinham-no e comem as suas partes. Dentro de um quadro literário poder-se-ia indagar se a degustação assemelhava-se ao modo como se saboreia um risoto ou um franguinho em Santa Felicidade, iniciando-se pelo peito e cortando-se asinha.
A notícia foi maliciosa e insultuosa tendo, já, agora o eminente Ministro PAULO DE TARSO do Superior Tribunal Eleitoral ordenando a imediata retirada dessa matéria de todas as inserções publicitárias dos Partidos porque a divulgação era descontextualizada, isto é, não respondia a uma realidade ou a uma brincadeira.
Eis porque se disse e se reitera que no embate eleitoral, o chiste ou palavreados menos nobre não há que ser dito. Fantasias e de duplo sentido como essa de “comer pessoa” sugere não a alimentação, mas o sentido de posse.
O verbo “comer”, nesses casos, corresponde à psicologia do sexo. conforme escreveu em 1859-1939 HALVLOCK ELIAS , em obra analisada em profundidade científica por SGMUNDO FREUD.
Sob outro aspecto o douto Despacho Judicial não só preservou a dignidade do Chefe da Nação como, também, resguardou a memória do Índio, pois, este ou estes são seres humanos e nada justificaria a agressão a um morto, FÔRA uma selvagem ou não.
O Superior Tribunal Eleitoral não vem sendo aplaudido por muitos sob pretexto de que não lhe cabe fazer censura ou determinar riscos em palavras políticas. Cada coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.