COLUNA DE OGIER BUCHI:ENFADONHO 

Nem bem o ano começou, e a sensação que tenho é de profundo cansaço. Toda e qualquer manifestação oficial é muito, muito mais do mesmo. O fato é que Lulle e seu exército de Brancaleone comandam o Brasil, há mais de ano, e nenhuma notícia sobre medidas estruturantes vem a lume. 

Há um ano, a imprensa alinhada e os tribunais – não menos alinhados – tratam da pauta de persecução a quem pensa diferente desses retrógrados que não dão nenhuma importância às regras mais comezinhas da economia. 

Com efeito, a velha estratégia de culpar o governo antecedente já não encontra mais eco e nem mesmo parcela de paciência em uma população que vê o desastre econômico progredindo, e nenhuma perspectiva de reversão dessa conduta suicida. 

Há um sentimento evidenciado de impotência na população que, inobstante não concorde com a evidência de desgoverno e falta de comando por parte do Presidente, não sabe o que fazer. Quando nomino de enfadonho este momento, é porque acho o vocábulo mais agradável do que “enfastiado”. 

A conclusão é que só resta o caminho das urnas em 2024, com a consequência do mesmo caminho em 2026. 

O Brasil está genuflexo e submisso, muito embora as pessoas saibam que o navio não tem rumo ou o piloto do avião sofreu um colapso mental. 

O SIMPLISMO DO PT OU O PODER PELO PODER? 

Em verdade, me surpreende muito que todo o segmento de direita no país ainda não tenha compreendido que interessa sobremodo a Lulle e seus sectários a mitificação da figura de Jair Bolsonaro como representante da direita. Isso porque, enquanto essa narrativa é mantida, há uma determinada inércia em todo o país, como se a eleição de 2024 não fosse fundamental para a mudança em 2026. 

Fica claro para mim que, enquanto o samba for de uma nota só, há uma natural lassidão no sentido de incrementar e trabalhar pelo surgimento de lideranças de direita que estejam aptas a participar do pleito sob o ponto de vista municipal, ocupando espaços de fala e, subsequentemente, legislativos e executivos municipais. 

Observem que Lulle, inobstante absolutamente rejeitado pelas ruas, já começa o seu périplo eleitoral neste mês, sintomaticamente pela Bahia. Onde quero chegar? Valho-me da lógica de Immanuel Kant, de 1800, em que o filósofo lembra quatro grandes questões: o que podemos saber; o que devemos fazer; o que temos o direito de esperar, e o que é o homem. 

Pois bem: saber, já sabemos. O que devemos fazer é que aqui coloco a julgamento. Enquanto não existe uma unificação política na direita, com os líderes prestando o desserviço que Bolsonaro e Valdemar prestaram nesta semana, a esquerda – apesar da sua absurda falta de ética em ações de governo e sabida incapacidade em ações de Estado – mostra sua capacidade política. Não se enganem com os discursos de pseudo-fraqueza de José Pedro Caroço Dirceu. O estrategista maior o faz de caso pensado: quando diz que a direita cresce nas igrejas, é sucedido pela cuidadora Janja que, também estrategicamente, bate no segmento religioso. Os inadvertidos desde logo esquecem de quão enfurecido esquerdista é o cardeal Bergoglio, atualmente Papa, e quanto ele trabalha pela esquerda, em especial no Brasil. 

Faço a reflexão para lembrar que a direita não se resume ao PL, a Jair ou a Valdemar: existem segmentos da sociedade que espero leiam esta coluna, e de alguma maneira nas suas esferas de atuação, dediquem-se ao fortalecimento da oposição à cleptocracia de Estado, implantada pela esquerda brasileira. 

Entendo, por outro viés, que a mulher brasileira sempre foi fundamental nas grandes mudanças havidas na história deste país. Foi assim no Império; foi assim em 1964; e poderá ser em 2024 e em 2026. Também na direita, no PL, enxergo uma figura que tem elegibilidade e que pode liderar esta retomada da busca de um país funcional. Trata-se de Michele Bolsonaro, que suplanta em muito Jair no que tange à capacidade de argumentar e, sobretudo, de aglutinar. Peço que se faça uma profunda reflexão sobre esta liderança. E mais: que essa liderança seja extremamente fortalecida no ano de 2024, em face de que o PL é hoje um partido milionário, e mercê do fundo eleitoral, terá condições de eleger uma grande – senão enorme – representação legislativa e executiva municipal. 

Vale pedir aos dirigentes do PL que se dispam de vaidades, e que unidos façam dessa mulher a grande líder do pleito municipal de 2024, nos mais de cinco mil municípios brasileiros. 

Se alguém que se considera de centro ou de direita não consegue identificar o que supra descrevi, me valho da visão da petista que advertiu os seus “cumpanhêro” que Michele é a real adversária, e que ela sim, deve ser eliminada, seja de que forma for. 

O protagonismo de Michele é extremamente evidente, como foi aqui em Curitiba no final do ano, porquanto a sua aparição foi a que reuniu mais adeptos. Contra fatos, os argumentos se perdem. 

A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA 

Em 1548, Étienne de La Boétie criticou a legitimidade dos governantes em seu “Discurso da Servidão Voluntária”. Ainda que se trate de um texto de viés progressista – portanto, de esquerda – sua leitura e análise são válidos para o atual cenário brasileiro. 

La Boétie explica de que maneira os povos podem se submeter voluntariamente ao governo de um só homem: em primeiro lugar, pelo hábito, uma vez que quem está acostumado à servidão tende a não a questionar; em seguida, pela religião e pela superstição que se cria em torno da figura do líder. 

Mas o pulo do gato para estabelecer a dominação – e, assim, obter a servidão voluntária – consiste em envolver o dominado na própria estrutura da dominação, a saber, uma pirâmide de poder: o tirano domina meia dúzia, essa meia dúzia domina seiscentos, esses seiscentos dominam seis mil, e abaixo desses seis mil vêm todos os outros. Para dominar a meia dúzia o tirano atira-lhes migalhas, e estes, gratos, aceitam a submissão. Essa estrutura de domínio é repetida, então, nos demais níveis. 

Para La Boétie, os que estão em volta do tirano são os menos livres de todos, pois, se as outras pessoas estão obrigadas a obedecer, esses, além disso, querem antecipar os desejos do tirano, escolhendo, com essa atitude, livremente a própria servidão. 

Não lhes parece familiar com o sistema de poder que vemos hoje, leitor, seja no Executivo, no Legislativo e – por que não? – até mesmo no Judiciário? Não estaríamos vendo uma servidão voluntária, tanto dentro dos partidos políticos (em especial, nos de esquerda) quanto entre os próprios poderes? Afinal, por menos que nos agrade admitir, os cortesãos em volta dos tiranos buscam antecipar os desejos destes, visando o próprio bem-estar, com o sacrifício do interesse coletivo – a despeito do contínuo incensamento da expressão em discursos populistas e inflamados contra quem os questiona. 

Vemos o STF buscando atender e antecipar desejos de Lulle, como o apoio à censura das redes sociais e da internet, disfarçada de regulamentação das mesmas. Vemos o Legislativo buscando atender e antecipar os interesses do STF, ao publicar um “short” em no canal do Youtube da TV Senado, em que o Ministro Alexandre de Morais declara ser favorável à “regulamentação da internet”. Vemos o Executivo buscando atender e antecipar os interesses do Legislativo, ao articular cargos em Secretarias, Ministérios e órgãos públicos (inclusive indo contra a militância identitária que o elegeu), para atender aos anseios do Centrão e, assim, obter apoio. 

Quanto a nós, da base da pirâmide, nos resta identificar dentre esses tiranos, qual será o que manda mais entre eles, para mantermos nossa liberdade. 

REGIONAIS 

VISITA A DARCI PIANA 

Na quarta-feira (17), tive o prazer de conversar por mais de uma hora com o Sr. Vice-Governador do Estado do Paraná. Como se sabe, são muitas as qualidades de Darci, mas dentre tantas, uma delas me impressiona profundamente: é o amor que demonstra pelo estado do Paraná, e sobretudo pelas ações de Estado, as efetivas ações estruturantes que vislumbra para o futuro mediato e imediato do Paraná. Vida longa, amigo Darci! Porque seu amor pelo estado, é compartilhado por mim e por milhões de paranaenses. 

GUAÍRA E REGIÃO 

A questão de Guaíra não é tão simples como o Ministro Edson Fachin quer fazer crer, na sua decisão em que pretende que os atores conversem entre si. Claro, ninguém é contra uma construção de solução, o que só é possível sempre através do diálogo. 

Ocorre que em Guaíra, Terra Roxa e Altônia existe – e isso é fato – uma ação criminosa de invasão de terras produtivas, e isto não se suplanta (como deseja o Ministro) com conversa. Isso se suplanta com repressão policial, amparada por decisão judicial. Povos originários têm direito, legítimos proprietários, idem. Quem não tem direito e não pode ser protegido é invasor. 

ORAÇÃO DE OGIER BUCHI: Em homenagem à família do meu amigo Fabiano Braga Cortes.  

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