A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) tem evitado a imprensa, por razões
óbvias, e notícias que a petista reproduz é de assessoria ou repercussão de
ações de governo federal. Na sexta-feira, 6, em Curitiba, ao participar do
lançamento da campanha “Mais Mulheres na Política”, Gleisi teve que falar
com a Folha de Londrina. “Continuo desabafando porque, está muito difícil.
Mas desconheço o conteúdo do processo, não sei o que aconteceu. Agora tenho
que esperar. Os advogados estão tentando ter acesso a todo o processo e
vamos esclarecer tudo isso até porque não tenho nada a ver com o assunto”,
se referiu a mais um escândalo que lhe atingiu: o desvio de R$ 50 milhões
do Ministério do Planejamento na época em que o titular era seu marido,
Paulo Bernardo (PT).
Rubens Chueire Jr, repórter da Folha de Londrina, detalhou o esquema e
relatou que Gleisi diz se sentir perseguida. Gleisi e manifestou sobre a
decisão do STF que, em setembro, decidiu desmembrar da Operação Lava Jato
as investigações sobre suposto repasse de dinheiro da Consist Software para
pagamento de despesas da senadora e do marido dela, entre outros. A
Polícia Federal também suspeita que a empresa teria pagado, entre 2010 e
2015, R$ 50 milhões em propina em troca de um contrato de gerenciamento de
crédito consignado em folha de servidores públicos firmado no âmbito do
Ministério do Planejamento.
A questão foi analisada pelo STF após o juiz federal Sérgio Moro ter
enviado documentos apreendidos no escritório do advogado Guilherme
Gonçalves, em Curitiba, durante a 18ª fase da Lava Jato, que apontariam
indícios de ligação com a senadora. O advogado já trabalhou nas campanhas
eleitorais de Gleisi. Ouvido no inquérito, Gonçalves alegou que usava
honorários advocatícios da Consist para pagar despesas de clientes do
escritório, como da senadora ou de pessoas a ela ligadas.
Segundo Gleisi, mesmo depois da decisão ter sido proferida pelo ministro
Teori Zavascki, ainda se sente perseguida. A petista voltou a criticar o
que ela chamou de “tentativas de golpe” para tirar a presidente Dilma
Rousseff do poder. Gleisi ressaltou que não há argumentos sólidos para tal
decisão. “Se tentarem criar um fato para levar ao impeachment porque tem
baixa popularidade ou está em uma crise política, metade dos dirigentes do
País vão cair porque esta é a realidade que nós temos”, ressaltou.
A ex-ministra da Casa Civil cutucou a oposição e destacou que as chamadas
“pedaladas fiscais”, condenadas pelo Tribunal das Contas da União (TCU),
também foram praticadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Na
circunstância em que se está se colocando é uma tentativa de golpe porque
não há um fato objetivo. Qual é o crime que a presidenta cometeu? É
diferente de situações que já tivemos”, disse.
A petista ainda reforçou que, mesmo após mais de um ano após as eleições de
2014, a oposição insiste em tentar promover um “terceiro turno”. “Fazer
oposição, criticar, isso tudo é da democracia, agora o que não pode é
querer fazer um golpe à Constituição para assegurar um posicionamento na
República.”
(foto: facebook/Gleisi)
*link matéria*
http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1–710-20151108