Em três meses, a prefeitura de Cascavel fica impedida de gastar em propaganda. Começa o período eleitoral, entendido como os noventa dias que antecedem a eleição em primeiro turno para prefeito e para a Câmara de Cascavel, neste 2024 acontecendo em 05 de outubro.
Também fica o prefeito impedido, oito meses antes do final do mandato, portanto a partir do primeiro dia de maio, de conceder aumentos e gratificações, e de contrair despesas novas que tenham pagamentos além do dia último dia do seu mandato. Ou seja: se anunciar que vai começar um Centro de Convenções, ou outra obra qualquer, além de não poder inaugurar, nem anunciar, tem que por a grana total da obra no banco, mesmo que a tal obra não vá terminar até o final de dezembro.
A imprensa local não tem, claramente, tendências suicidas nem cogita rasgar dinheiro. Então, para não perder os meses de abril, maio e junho, últimos da festa promovida pelo prefeito Leonaldo Paranhos, que gastou mais de 50 milhões de reais em promoção pessoal, perdão, propaganda oficial, a nossa imprensa segue fazendo de conta que não sabe que a prefeitura enfrenta sérias dificuldades financeiras. A permissividade absoluta, com favores caros a 18 vereadores da base, a todas as entidades classistas, ao empresariado que aprovava pedidos dentro da lei e outros nem tanto, e a contratação de cabos eleitorais para cargos com salários altos, trouxe conseqüências graves, com reflexos sérios para o próximo prefeito, que vai dedicar um bom período do seu mandato para equilibrar as contas do festival de gastos, descontos e favores.
Quando se chega ao ponto do próprio prefeito denunciar a falta de gestão de membros de sua equipe, que paralisaram nove das 16 ambulâncias do município, por falta de pneus, que dizer mais? Quando o prefeito anuncia que vai vender TODOS os imóveis não construídos do município, para honrar a folha de pagamento do funcionalismo, e só não consegue vender porque promotores e juízes proibiram, o que dizer mais? Quando um prefeito comete a loucura de aumentar a área do perímetro urbano, leia-se aumentar a cidade, em 73%, com conseqüências financeiras bilionárias no futuro, que dizer mais?
A boa notícia é que, a partir de julho, a nossa imprensa poderá deixar de ficar de joelhos (para receber verbas) e voltar a ser aquela imprensa que fiscalizava e denunciava os erros da prefeitura, função número um da imprensa livre.
Paulo Francis: “imprensa é crítica. O resto é armazém de secos e molhados. ”
DILCEU SPERAFICO E AS VERBAS FEDERAIS EM 2023
A população de Toledo, domicílio eleitoral do deputado federal Dilceu Sperafico, está recebendo através das redes sociais e dos jornalistas que cobrem a atuação dos políticos eleitos no Oeste do Paraná, uma prestação de contas do trabalho, em 2023, do deputado Dilceu neste seu primeiro ano do sétimo mandato na Câmara Federal.
Apenas para a cidade de Toledo, onde reside, e é o berço de sua trajetória na política, quase toda ela transcorrida em Brasília, Dilceu mandou neste ano passado R$ 23,8 Milhões, o que dá, arredondando, cerca de R$ 2 milhões a cada mês.
Algumas dessas verbas, já entregues: Hospital Bom Jesus, R$ 12,5 Milhões, Hospital Regional R$ 1 Milhão, R$ 2,5 Milhões para obras na Avenida Cirne Lima, R$ 1 milhão para uso livre da Prefeitura, entre outras. Diversos vereadores Progressistas receberam valores somados de R$ 2,5 Milhões, e vários etecéteras.
O leitor deve estar cansado de ler a repetição: como é que podem alguns pseudojornalistas discursarem contra as emendas parlamentares, única forma do dinheiro do governo federal chegar até os municípios do interior do país?
Agradeço a assessoria do Sperafico pelas informações, que costumeiramente repasso aos nossos leitores como forma de mostrar que existem políticos que cumprem sua obrigação e não se deixaram levar pela mesmice, mesmo com vários mandatos em sequência. Aliás, talvez por isso alguns poucos políticos, como o Dilceu, tenham obtido vitórias eleitorais sucessivas.
A soma de recursos para os 50 outros municípios do Oeste são muito maiores, e futuramente mostro a vocês.
MANTOVANI NO MDB
O MDB tradicional, que deu as cartas na política de Cascavel por muitas décadas, com Mário Pereira, Salazar Barreiros, Joni Varisco, Fidelcino Tolentino, Hermes Parcianello, Romeu Moraes, Paulo Marques e tantos outros nomes de peso e de legado importante, está numa fase de baixa, tendo, nas últimas eleições, ido a reboque de outras siglas, sem candidaturas próprias que animassem o eleitor.
Dá sinais de reação, com a permanência do xodó do eleitorado do Oeste, o Frangão, da Uoppeccam, dos oito ou nove mandatos, dos atalhos subterrâneos de Brasília, onde arrancava verbas e obras sem fazer força, e do Batatinha, que fez apenas em Cascavel 30.000 votos. (Não me chamem de mentiroso, por favor, mas falei com ele por telefone há um mês. Até combinamos um scotch, esse meio escondido, para vocês não aparecerem atrapalhar nosso diálogo.)
Esta semana, com a evolução das negociações eleitorais que visam a eleger o próximo prefeito da cidade, o partido recebeu a filiação do jovem empresário Fernando Mantovani, filho do conhecidíssimo Alexandre, que desde muitos anos negocia com imóveis em Cascavel e é uma figura respeitada por todos.
O Fernando, também um empresário bem-sucedido da área de loteamentos, decidiu que não iria mais ficar esperando melhorias na vida pública local, e ao invés de reclamar foi à luta: é candidatíssimo à prefeitura pelo MDB, e está concluindo a formação de uma chapa de vereadores competitiva para dar apoio à sua candidatura.
Começou bem, cuidando da divulgação de seus atos através de um profissional competente e conhecido, o Luiz Nardelli, que me repassou as informações iniciais que você está lendo aqui. Já temos, então, candidaturas praticamente oficializadas, no aguardo apenas dos prazos legais, da Professora Lilian, pelo PT, do Márcio Pacheco, pelo PP, do Edgar Bueno, pelo PSDB, do Mantovani, pelo MDB e do Renato Silva, pelo PL.
Também cogitam por aí que podem ser candidatos o Gugu Bueno, que a turma do Paranhos está dizendo que vem apoiar o Renato, o Batatinha, que não fica triste quando lhe perguntam se vem para a disputa, o jovem Henrique Mecabô, do NOVO, que estreou na política tentando a Câmara Federal e saiu de Cascavel com 15.000 votos, e mais um ou outro arraia-miúda que só quer contar para os netos que “quase fui prefeito de Cascavel…”.
CURTAS
JOGO BRUTO: Não convidem para a mesma sessão de registro de candidatura o candidato a prefeito de Cascavel Renato Silva e o presidente estadual do partido Marcelo Almeida, filho do empresário tão polêmico quanto competente, Cecílio Rego Almeida, que foi um dos maiores empresários do país na sua época. Marcelo assumiu o Republicanos no estado, e na disputa ferrenha que seria travada no diretório de Cascavel, entre o Renato e o Márcio Pacheco, definiu-se pelo Renato, restando ao Márcio a única saída possível para manter sua sólida candidatura: mudar de partido. Foi para o PP, do Ricardo Barros e do Sperafico. O Republicanos, com a saída repentina do Renato, migrando para o PL do meu estimado Fernando Giacobo, ficou sem candidato na última hora. Foi desprezado pelo grupo de Paranhos e havia sacaneado o Pacheco covardemente. Menos mal que o Almeida, experiente e com bala na agulha, está garantindo aos candidatos a vereador pela chapa republicana uma estrutura nunca vista por aqui. Quase igual à dos vereadores que votaram pelo aumento do perímetro urbano, por ordem do Paranhos e do Chico Simeão.
SANGUE NOVO: O Fernando Mantovani, filho do Alexandre e da Da. Sueli, tradicionais em Cascavel, deu sua primeira entrevista no programa da CATV que tem ótima audiência às 18 horas em Cascavel, o EPC- Esporte, Política e Cidadania. Sem papas na língua, o que é muito bom, porque ninguém agüenta discursos pensados, plastificados (precisamos de uma reforma administrativa…) Fernando disse que asfaltou 14 quadras em um loteamento seu, em dois meses. “Paranhos em seis meses não conseguiu terminar duas quadras na Carlos Gomes…”. Discursos assim são muito bem-vindos nas campanhas.
SANGUE NOVO II: Quem estreou na política há dois anos foi o jovem Henrique Mecabo,28, que com apoio da juventude local brilhou conseguindo mais de 15.000 votos na sua primeira disputa. Henrique fala em ser candidato, mas as raposas antigas, detentoras de mandatos poderosos, apostam que ele será cooptado para apoiar um dos candidatos do prefeito e do governador, assim como o Gugu. Henrique tem pedigree: é filho de pai e mãe sérios, o Ivo e a Da. Sandra, e não tem a menor necessidade de ir a reboque de outras candidaturas em troca de cargos e benesses. Pode ser que espere mais dois anos antes de tentar um cargo no Legislativo, para ganhar experiência.
NA MORAL: Quem decidiu fazer campanha na base da sola de sapato é o Edgar Bueno, cujos antigos companheiros políticos estão de amores novos. Duas reuniões de manhã, três à tarde e quantas forem possíveis à noite. Edgar tem uma vantagem sobre os demais: como foi prefeito três vezes, conhece cada morador de cada rua. Recebe convites todo dia, e aceita, claro. Dedica-se aos bairros mais humildes, janta mais de uma vez por dia, posta fotos com os amigos, e tem na ponta da língua a resposta quando lhe perguntam sobre o Paranhos: “não é meu adversário. Tudo que fez de bom para a cidade vou manter, tudo que eu considerar que não é bom para a cidade vou tentar melhorar…”. Parece que está dando certo sua tática: as pesquisas têm sido boazinhas com ele.