O drama que iniciou em julho de 2017 está longe de terminar. Desde então, dor, sofrimento e ameaças têm feito parte da vida da dona Josefa Maria Botelho, que hoje tem 72 anos e problemas de saúde causados pela compra ilegal do jazigo da sua família em Apucarana.
“Eu fui lá e de uma hora pra outra vi que tinham mexido, não sabia quem era, mas foi provado que foi vendido e já tinham enterrado outra pessoa, a avó do Rodolfo”, revela Josefa. De acordo com a diarista, no local estavam enterrados seu pai, mãe e irmã, falecidos em 2006 e 2010. Ela conta que comprou o espaço muito tempo antes e mostra a certidão de compra perpétua junto à Autarquia Municipal de Serviços Funerários de Apucarana – ASERFA.
Josefa relata que registrou boletim de ocorrência e concedeu entrevistas na época do caso contando sobre o ocorrido. Ela ainda ingressou com uma ação judicial para reaver sua propriedade e obter danos morais causados pela situação. “Eles disseram que o jazigo estava abandonado, mas é mentira. Eu sempre cuidei porque meus pais eram tudo pra mim. Não tinha piso, mas a laje estava feita, inclusive pelo meu marido e o nome da minha família estava lá.”
Testemunha no caso, o pedreiro que fez a obra conta que recebeu ordens para retirar os restos mortais e construir uma germinada de duas gavetas no local. Ele teria avisado aos diretores da ASERFA e a Rodolfo Mota que “ia dar problema” porque o jazigo tinha dono, mas que foi orientado a fazer a obra mesmo assim: “não tem problema não, está abandonado, pode fazer!” Pelo trabalho realizado, o pedreiro ainda recebeu R$ 1,2 mil de Mota para construir as sepulturas.
Conforme a diarista, Rodolfo Mota ofereceu um outro espaço a ela, do qual Josefa declinou, pois seu pai ainda estava enterrado no local. Já a ossada da mãe e da irmã nunca foram localizadas, o que causa imensa dor à idosa até hoje. A devolução do local foi realizada, mas o jazigo está danificado porque Josefa não tem condições de arcar com os custos do reparo.
Além disso, ameaças tem sido frequentes na vida de Josefa. Ela conta que as pessoas param ela na rua e nos locais que frequenta chamando-a de mentirosa, além de encaminharem vídeos a sua família tentando denegrir sua imagem.
“Eu nunca falei mal de ninguém, sempre só falei a verdade do que aconteceu comigo. Ninguém imagina o tamanho do meu sofrimento. Fiquei doente por causa disso, com problemas no coração e tomando remédios por causa do tanto que estou sofrendo.”
Josefa Maria Botelho
Rodolfo Mota, de Apucarana, comprou o espaço que já tinha proprietário e que ainda continha a ossada do pai de Josefa.