Segundo o site MUNDO IGUASSU na reportagem de Bruno Soares a verba pública federal foi repassada para pai de candidato anticorrupção que promete devolver salário caso eleito vereador em Foz do Iguaçu.
Aberta três meses antes de receber seu primeiro pagamento, empresa registrada em nome de João Linto Mota Martins faturou R$303.500 por serviços de marketing digital prestados ao gabinete do deputado federal Vermelho (PL).
Vendedor de salgados por profissão, João Linto é pai de Darlon Dutra (MOBILIZA), atual candidato a vereador em Foz do Iguaçu que, com forte discurso anticorrupção, promete doar integralmente seu salário caso seja eleito à Câmara Municipal no próximo domingo (06).
Até antes de formalizar sua candidatura rumo ao Legislativo local, Darlon coordenava as redes sociais do deputado federal Vermelho e do estadual Matheus Vermelho (PP). A análise das 42 notas fiscais emitidas pelo gabinete federal em favor de João Linto, entre setembro de 2019 e outubro de 2023, indicam que Darlon utilizou seu pai como laranja para não ter seu vínculo profissional legalmente formalizado junto ao político.
A prática pode configurar crime de peculato (por parte do deputado), de falsidade ideológica (por parte de Darlon), entre outros. Procurada pela reportagem para comentar a situação, a assessoria de comunicação do deputado federal Vermelho limitou-se a dizer que Darlon “já realizou ações que envolvem produções de divulgação das atividades parlamentares em representação a pessoas jurídicas”.
Já o social media respondeu: “Eu não tenho nada com isso. Agora, se você escrever, terá que provar. Apenas isso. Mete marcha, simples”.
DO PAI LARANJA
Conforme dados oficiais obtidos junto ao Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral da empresa de João Linto, o número telefônico informado como sendo da empresa do vendedor de salgados leva diretamente à conta comercial da Agência Pop, cujo perfil no WhatsApp traz o nome e a foto com o número de campanha utilizado por Darlon Dutra nesta eleição municipal.
Durante os quatro anos e um mês em que recebeu dinheiro da Câmara dos Deputados, o CNPJ do vendedor de salgados faturou 42 notas fiscais, sendo 31 delas no valor de R$6.750, e as demais entre R$7.000 e R$13.500. A verificação das notas revela ainda que parte dos “serviços técnicos de fotografia, criação e publicação de vídeos” foram pagos em duplicidade ou com indícios de superfaturamento.
Diante do desafio proposto por Darlon, a reportagem foi ao endereço da empresa de João Linto. No local, foi observado que o vendedor de salgados havia se mudado em paralelo ao início dos pagamentos via gabinete federal. “Comprei essa casa do João em meados de 2019. Soube que após a venda ele se mudou para Santa Catarina. Nunca mais tive notícia dele. É o que eu sei dizer”, contou o proprietário do imóvel que pediu para não ter seu nome divulgado.
Com perfil no Facebook bloqueado para desconhecidos, João Linto se apresenta como morador de Foz do Iguaçu. Entretanto, há mais de seis meses tem seu parardeiro desconhecido por antigos vizinhos e não responde aos pedidos de contato feitos pela reportagem.
Embora se apresentasse publicamente como assessor de marketing digital responsável pelas redes sociais do deputado Vermelho durante e após as eleições majoritárias de 2018 e 2022, o social media Darlon Dutra jamais figurou oficialmente em qualquer prestação de contas do político.
Contrário ao uso de recursos do fundo eleitoral, Darlon Dutra não informou até o momento de que forma tem financiado sua candidatura. Por outro lado, se apresenta como alguém que acredita “em uma política transparente, ética e voltada para o bem comum”.
Confira aqui a íntegra das notas emitidas pelo gabinete do deputado federal Vermelho em favor do pai de Darlon Dutra NO SITE