Depoimento de Dirceu na Lava Jato preocupa PT

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O depoimento do ex-ministro José Dirceu à Justiça Federal do Paraná,
marcado para sexta-feira, 29, em Curitiba, se transformou em mais um motivo
de preocupação para a cúpula do PT. O temor é de que, para se defender das
acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dirceu
aponte o partido como responsável por indicações na Petrobrás, o que
abriria um novo flanco de investigação contra dirigentes e ex-dirigentes
petistas. As informações são de Alberto Bombig no Estadão.

Até quarta-feira, 27, era consenso no PT que Dirceu não incriminaria
diretamente outros nomes. Ao apontar o partido como responsável pelas
indicações, ele apenas colocaria em prática uma nova estratégia de defesa,
avaliavam os petistas. No entanto, o depoimento do ex-ministro poderá,
nesse caso, abrir um novo caminho para a investigação relativa ao partido.

Outro temor é de que Dirceu utilize um de seus ex-assessores e amigos que
também são alvos da operação para apontar novos nomes. Esse receio cresceu
nos últimos dias após o depoimento do empresário Fernando Moura, conhecido
no partido pela sólida amizade com José Dirceu.

Na sexta-feira, 22, Moura, réu da Operação Lava Jato, disse que pagou
propina para o PT e que seus contatos sobre valores ilícitos foram feitos
com o ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira e com o ex-diretor de
Serviços da Petrobrás Renato Duque – preso desde abril do ano passado.

“Qualquer coisa que fiz a nível de partido, de conversa, foi feito através
do Sílvio Pereira”, afirmou Moura em depoimento prestado no âmbito da mesma
investigação na qual Dirceu será ouvido.

Interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, como réu no processo do
ex-ministro da Casa Civil da gestão Lula, o lobista apontou contratos da
Petrobrás – obras de gasodutos, plataformas – em que ele diz ter feito
acertos envolvendo Sílvio Pereira e Duque e que tinham o PT como
beneficiário. Ele ainda citou os diretórios como receptores. “Porcentagens
de valores de comissão (iam) para o diretório nacional e diretório estadual
de São Paulo”, afirmou Moura.

“Isso, tanto com o senhor, quanto o Sílvio?”, questionou um dos
procuradores na audiência. “Tenho certeza de que o Sílvio conversou comigo
e com o Renato (Duque) também (sobre porcentuais)”, disse Moura. O
procurador insistiu: “O senhor conversou com os empresários sobre isso
também?”

“Não. Os empresários eu não tive nenhum contato. O contato era direto com o
Sílvio”, respondeu afirmativamente Moura, que fechou acordo de delação com
a Lava Jato.

Em outro ponto, Moura foi questionado diretamente sobre o ex-ministro. “Com
relação aos recebimentos de José Dirceu, o senhor tinha participação,
alguma vez coletou valores em espécie em favor dele?” “Nada. E nunca
negociei com o Zé, direto, de dinheiro de nada.” Moura também afirmou que
Pereira “nunca” lhe “falou que estava dando para o Zé”. “Nunca paguei nada
para ele e ele nunca pagou nada para mim.”

Moura foi questionado se Silvio Pereira sempre foi o contato entre ele e
Dirceu: “Silvo Pereira era quem eu tinha contato com ele, a minha relação
com Zé era muito mais de amizade”, responde Moura.

*Mensalão.* Silvio Pereira está oficialmente afastado do PT desde o
mensalão, deflagrado em 2005. No fim de 2002, logo após a vitória de Lula
na disputa pela Presidência, ele foi o responsável pelo preenchimento de
cargos de primeiro escalão no governo que começava a ser montado. No
entanto, os petistas afirmam reservadamente que Silvinho, como ele é
conhecido no partido, não tinha autonomia para as nomeações e trabalhava
sob as orientações de Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares.

(foto: Geraldo Bubniak/Agência O Globo)

*link matéria*
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,depoimento-de-dirceu-na-lava-jato-preocupa-pt,1000001376

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