“Pátria educadora?” Cortes de orçamentos ameaçam a UFPR

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Pagamento de bolsas de iniciação científica e de permanência em atraso,
corte de viagens de docentes e alunos (para participação em congressos) e
redução com gastos em materiais, ao ponto de se economizar com papel e até
água e luz. A crise econômica que atinge o País também invadiu as
universidades federais, que estão encontrando dificuldades por conta dos
cortes orçamentários. As informações são de Rodolfo Luís Kowalski.

Os problemas no orçamento estão longe de serem novidade. Mas desde o ano
passado, quando teve início o famigerado “ajuste fiscal” que fez o
Ministério da Educação perder R$ 10,5 bilhões, a situação se agravou. Para
a UFPR, tais medidas resultaram numa queda de 10,7% no orçamento da
instituição na comparação de 2014 com 2016, com o montante caindo de 1,4
bilhão (valor corrigido pelo IPCA) para menos de R$ 1,3 bilhão, e de acordo
com o previsto pela Lei Orçamentária Anual (LOA) – em 2015, o valor foi de
R$ 1,2 bilhão. Para o ensino superior, a redução nos gastos foi de 14,7%,
com o orçamento caindo de R$ 837 milhões para R$ 714 milhões neste ano.

De acordo com Maria Suely Soares, presidente da Associação dos Professores
da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), a situação chegou ao
cúmulo de os professores terem de trabalhar sem giz em sala de aula.

“O recurso é mínimo, mas setores de material de consumo, aulas práticas,
tudo isso precisa de dinheiro. Sempre que precisamos de alguma coisa temos
de fazer projeto. Mas o que acontece é que de 50 projetos que são
protocolados, só três conseguem recursos. Chega ao nível de não ter giz e
álcool para as aulas. Computador até tem, mas boa parte deles sequer
funciona. Eu mesma costumava utilizar meu próprio notebook para dar aulas”,
afirma a professora do curso de Farmácia.

“É muito curto o dinheiro. Isso não é de agora, mas desde o ano passado vem
se agravando. Para se ter noção, a última carta que recebi do meu
coordenador dizia simplesmente ‘não me peçam nada. Não tem dinheiro’”,
complementa.

Para os alunos, os efeitos da “austeridade” também já são sentidos. O
pagamento dos benefícios de janeiro do Programa de Benefícios Econômicos
para Manutenção aos Estudantes de Graduação e Ensino Profissionalizante da
UFPR (Probem), por exemplo, atrasaram, afetando 3.765 alunos que recebem
7.347 benefícios, como auxílio moradia estudantil (no valor de R$ 275,00) e
bolsa permanência (R$ 400,00). O motivo do não pagamento em dia, segundo a
Pro-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), teria sido um atraso no repasse
de verba referente às bolsas pelo Ministério da Educação (MEC).

(foto: Valquir Aureliano)

*link matéria *
http://www.bemparana.com.br/noticia/430121/patria-educadora-cortes-de-orcamentos-ameacam-a-ufpr

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