Após a Câmara enterrar a MP da Taxação na última quarta-feira (08), o presidente Lula da Silva (PT), voltou a subir o tom, dizendo que o país vive uma disputa entre “ricos e pobres”. Mas, na prática, o embate parece outro: governo e Congresso brigando para ver quem arrecada mais e gasta pior.
A medida que prometia arrecadar cerca de R$ 10,5 bilhões neste ano e R$ 21,8 bilhões no ano virou pó antes mesmo de chegar ao caixa — desidratada, adiada e, por fim, rejeitada por 251 votos a favor e 193 contrários. No meio do caos fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, soltou um aviso que soou mais como ameaça: “sem a MP, pode haver corte de emendas parlamentares”, em torno de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões .
Em bom português: se não entra dinheiro novo, alguém vai sentir o baque — e de preferência, os deputados que votaram contra.
Lula mais uma vez com o discurso de “ricos contra pobres” tenta, assim, encobrir o verdadeiro jogo de poder: um duelo por emendas, cargos e narrativas, enquanto o contribuinte observa, de longe, mais uma rodada desse teatro tributário em que o pobre paga a conta e o rico paga o jantar.