por Enilson Simões de Moura – Alemão
A primeira providência de Ricardo Lewandowski quando assumiu o posto de Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil em janeiro de 2024 foi convidar o procurador Mário Sarrubo, com histórico de combate às organizações criminosas, para assumir o cargo de Secretário de Segurança Pública e o incumbiu de produzir uma lei que desse conta dessas facções em suas modernas formas e que atuam por todo o território nacional. Foi aí que nasceu a PEC da Segurança que está tramitando no Congresso a passos de tartaruga quando não absolutamente parada. A lógica é clara objetiva: se essas organizações não estão apenas em seus Estados de origem o combate a elas precisa ser federalizado e o poder do governo federal se torna mais forte. De cara, os governadores bolsonaristas se posicionaram fortemente contra essa PEC.
Por quê?
Ora, esses governadores não possuem plano de governo, desgostam da educação pública, pouco se importam com a saúde e só fazem da segurança a sua bandeira política. Não por menos existe toda uma gama de delegados, cabos, coronéis e outros tipos com discursos violentos, que possuem mandato e compõem a “Bancada da Bala”. Esses governadores precisam da insegurança pública para alvoroçar a população, criar medos – que são legítimos -, inimigos em cada esquina. É disso que vivem. Não oferecem solução, apenas conteúdo midiático. O governador Castro sabe que “matar bandido” rende votos. Já fez pesquisa sobre isso. Se o governo Lula resolver essa questão eles ficam sem plataforma alguma.
Neste ano mesmo, o próprio governador Castro afirmou: “Eu não preciso que ninguém entre com polícia nova no Rio”. Apostou no caos pensando que resolveria sozinho, não conseguiu e agora quer jogar a culpa no governo federal.
Ao invés de por a PEC da Segurança para seguir seu curso, para debater, os bolsonaristas optaram por “paralisar o Congresso” exigindo a todo custo apenas uma coisa: “Anistia” para os bandidos que tentaram Golpe de Estado. Lembrando que o Rio de Janeiro é o grande laboratório da extrema-direita no Brasil. Governador é bolsonarista, os três senadores são bolsonaristas e há uma penca gigante de deputados bolsonaristas. O que fizeram durante o ano para contribuir com a questão da segurança? Absolutamente nada. Só fizeram atrapalhar.
Depois do flagrante fracasso de suas ações, o governador, em ato de desespero, foi para a imprensa apregoar que havia pedido ajuda e que ela tinha sido negada. Os documentos revelados falam por si. O que ele pediu foram “carros blindados” emprestados, que só podem ser cedidos em caso de GLO. O caso é que ele não queria uma GLO, para tal, teria que admitir a falência de sua política de Segurança Pública. A jornalista Daniela Lima do UOL fez detalhado texto sobre a cronologia desse engodo que o governador Castro tentou aplicar na população. O fato concreto é que o governador Castro nunca pediu uma GLO.
O bolsonarismo está no poder no Rio de Janeiro há quase oito anos, possuem senadores, deputados, vereadores em quantidade gigante e só fazem lutar por seus próprios e mesquinhos interesses. Não estão nem aí com a população do Rio de Janeiro. Eles são contra a PEC da Segurança e querem fazer acreditar que tudo é culpa do Lula. Com certeza, bastaria um desses canalhas chegarem à presidência que eles passariam a ser a favor.
Lembrando: a maior ação contra o crime organizado no Brasil foi praticada pelo governo Lula que foi o primeiro a criar os presídios federais, verdadeiro terror dos chefes do crime organizado. É para lá que esses presos de ontem estão indo. Deveriam ir em segredo, mas o governador fez questão de apregoar esse deslocamento colocando em risco desnecessário essa operação.
É preciso que seja investigada as ligações desse governador com as milícias. Todos sabem que o Comando Vermelho disputa o mesmo território e não é novidade para ninguém o quanto o bolsonarismo é ligado a elas.
A Castro o que é de Castro. A responsabilidade é dele. Que não seja covarde e assuma seus atos. Mas isso é pedir demais para um bolsonarista.
Enilson Simões de Moura – Alemão
Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
Vice-Presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores – UGT