fonte:Cícero Cattani:
A última pesquisa disponível sobre a corrida eleitoral no Paraná é do Ibope/RPC TV. Ela mostra Beto Richa (PSDB) com 47% das intenções de voto, seguido por Roberto Requião (PMDB), 28%, Gleisi Hoffmann (PT), 9% e Ogier Bucchi (PRP), 1%. O tucano bate a soma dos adversários por 9 pontos percentuais de vantagem. A tendência de vitória no primeiro turno é forte e, por esse motivo, os adversários foram para o debate promovido pela RPC na noite de ontem (30) tudo ou nada e dispostos a fazer qualquer coisa numa última tentativa de virar o jogo.
Para alguns observadores, Roberto Requião parecia ter abusado dos calmantes. Falava com voz arrastada, língua presa e demonstrava dificuldades para entender as regras do confronto. Ora estourava o tempo, ora esquecia que tinha mais meio minuto para responder uma pergunta. Isso não impediu que demonstrasse agressividade bem dele e patrocinasse alguns dos momentos mais constrangedores do encontro, como quando envolveu a mãe de Beto Richa no debate. Meter a mãe no meio é um recurso que não se admite nem em briga de boteco ou de campo de futebol. Só mesmo o tradicional time de abduzidos pelo senador pode ter aprovado ou, quem sabe, até aplaudido essa estratégia que nivelou, em termos de retórica, o candidato do PMDB aos militantes do Estado Islâmico. Quando não estava se superando em grossura, Requião entoava cânticos de louvor a seu “magnífico governo”. Curiosamente ninguém lembra que o Paraná tenha vivido nessa espécie de jardim do Éden que frequenta as fantasias reminiscentes do senador.
A senadora Gleisi Hoffmann exibiu um cabelo com um curioso tom esverdeado, que fez a festa nas redes sociais, mostrou ainda que começou a usar aparelho nos dentes e seu nervosismo, no início do encontro era visível por tremores incontroláveis nas mãos. Ao longo do encontro recitou números cuidadosamente decorados repetiu, palavra por palavra, vírgula por vírgula, argumentos já usados em outras ocasiões, o que passou a imagem de uma espécie de robô enfezado e agressivo. Gleisi recitou maravilhas que estariam sendo realizadas pela “presidenta” e descreveu um caos indizível que estaria ocorrendo no Paraná por conta da administração tucana. Como tem apenas 9% das intenções de voto e não ameaça ninguém, pode desfiar suas decorebas quase sem contradição. Tentou negar que usou o ministério para perseguir o Paraná, apesar do estado ter sido obrigado a recorrer várias vezes a Justiça para receber empréstimos que todos os outros estados receberam sem qualquer problema.
Beto Richa sabia que seria o alvo preferencial da noite e foi preparado para receber uma saraivada de ataques. Articulado, se deu ao luxo de mostrar condescendência com o destempero dos rivais. Entre uma defesa e um contra-ataque, conseguiu encaixar relatos sobre realizações de governo. O principal objetivo de Richa era passar ileso pelo corredor polonês formado por adversários desesperados para virar o jogo, como Requião, ou inconformados pelo rancor de terem sido colocados fora da disputa, como o caso de Gleisi Hoffmann, que termina a disputa convertida em candidata nanica. O tucano conseguiu atingir o objetivo.
Os candidatos nanicos, Ogier Bucchi, Bernardo Pilotto (PSol) e Geonísio Marinho (PRTB) e Túlio Bandeira (PTC), tornaram o encontro uma babel cansativa. Pilotto é um nanico que não se conforma com o nanismo e procura compensá-lo com agressividade e falta de civilidade. Geonísio Marinho parece disputar o comando de alguma entidade dos farmacêuticos. Túlio Bandeira estava apagado e Ogier Bucchi encaixou alguns jabs certeiros. Entre eles um acertou o queixo de Requião a quem questionou a aposentadoria de ex-governador (R$ 26,7 mil). Como o senador alega que recebe tal pensão para não ter de vender seu patrimônio pessoal para pagar as ações de indenização a que é condenado regularmente, por ofender, injuriar e caluniar seus adversários, seu esporte favorito, Bucchi tascou: “Quer dizer que o senhor criou a bolsa-insulto?”
Momentos divertidos como esse não compensaram a vigília até quase uma hora da manhã para assistir um confronto, marcado a maior parte do tempo pela mediocridade raivosa.