A jornalista Cristina Graeml oficializou sua filiação ao União Brasil na última sexta-feira (26) setembro e escancarou um movimento que beira o oportunismo político. Em menos de oito meses, Graeml trocou de partido três vezes: em dezembro de 2024 estava no PMB, em fevereiro de 2025 migrou para o Podemos e, em setembro, já bateu ponto no União Brasil. Uma rotatividade que, para qualquer observador, demonstra muito mais cálculo pessoal do que convicção ideológica.
O contraste é gritante. Até pouco tempo atrás, Cristina fazia pose de crítica implacável ao chamado “centrão”, termo que repetia em debates e entrevistas para marcar posição contra o sistema político. Agora, abraça justamente o partido que simboliza o pragmatismo das alianças fisiológicas em Brasília. E, em sua primeira fala como integrante da nova legenda, tratou de relativizar o passado: disse que foi a imprensa quem a rotulou como “antissistema”, como se não tivesse usado exatamente esse discurso em 2024 para atrair votos e criar uma imagem de outsider contra Eduardo Pimentel nos debates da televisão.

A incoerência, no entanto, não é novidade.
Durante a campanha municipal, Graeml ficou marcada por tentar censurar seis veículos de imprensa locais — Impacto Paraná, Plural, HojePR, Jornal do Ônibus, XV de Curitiba e Jornale. Ela pediu que reportagens sobre ilegalidades envolvendo seu vice, Jairo Filho, fossem retiradas do ar. A Justiça, porém, reconheceu que as matérias estavam corretas, deixando a tentativa de censura ainda mais evidente.
A escolha do União Brasil também traz contradições embaraçosas. Cristina fechou com a legenda justamente no momento em que Sergio Moro assumiu o comando estadual e abriu as portas para sua pré-candidatura ao Senado em 2026. Mais do que isso: o encontro em Brasília contou com Antonio Rueda, homem forte do partido, que recentemente estampou manchetes nacionais por aparecer vinculado a investigações sobre aviões ligados ao PCC.
Assim, a trajetória recente de Cristina Graeml revela uma guinada que dificilmente pode ser explicada como amadurecimento político. Trata-se, acima de tudo, de oportunismo: trocar de discurso e de partido conforme a conveniência, enquanto se associa a figuras e estruturas que ela mesma costumava atacar. O desafio, daqui em diante, será convencer o eleitorado de que não está apenas em busca de um atalho para chegar ao Senado em 2026, vinculado a um partido de muito mais tempo de TV e principalmente de um fundo eleitoral abarrotado.

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