Aécio Neves: denúncias reforçam necessidade de investigações na Petrobras

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O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta segunda-feira (22/12) que as denúncias feitas pela ex-diretora da Petrobras, Venina Velosa da Fonseca, são extremamente graves e mostram que a corrupção na estatal alcançou um estágio “inédito na nossa história contemporânea”.

Aécio disse que a situação da presidente da Petrobras, Graça Foster, é insustentável, e que os desvios foram favoráveis à presidente Dilma Rousseff: “ela [Dilma] não se beneficiou do ponto de vista pessoal, mas do ponto de vista político, aconteceu”. A ex-diretora Venina afirmou, ao programa Fantástico da TV Globo, que relatou a Graça Foster, por email e pessoalmente, sobre os desvios dos quais tinha conhecimento.

O senador fez as declarações em entrevista que concedeu à imprensa antes de realizar palestra no Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, no Rio de Janeiro, onde abordou a conjuntura econômica e política do país.

Aécio falou também sobre a ação movida pelo PSDB na semana passada, em que o partido pediu a investigação de possíveis crimes eleitorais cometidos pelo PT durante as eleições.

“O primeiro brasileiro a reconhecer a derrota fui eu. Não podemos permitir que esse discurso de ‘terceiro turno’ do PT prevaleça. Dilma venceu as eleições, mas não ganhou salvo-conduto para continuar fazendo o que fez ao longo desses anos”, reiterou.

Investigações

Aécio voltou a destacar a necessidade do aprimoramento das investigações na Petrobras. Ele reforçou que liderará a busca pela instalação de uma nova CPI no Congresso para investigar as irregularidades na estatal, e disse que os depoimentos colhidos nas delações premiadas serão o ponto de partida dos trabalhos da nova comissão. Para Aécio, o resultado da CPMI encerrada recentemente, que teve como relator o deputado federal Marco Maia (PT-RS), não foi satisfatório.

“A base do governo blindou a CPI. Desconheceu todas as novas informações, até quanto pôde”, declarou.

Aécio ressaltou que considera “obrigatório” o apoio da base do governo à instalação de uma nova CPI – “até para fazer coro com o discurso da presidente da República, que diz que quer apurar tudo, independentemente dos partidos políticos e das pessoas envolvidas”.

O senador disse que espera a instalação da nova CPI logo no início da próxima sessão legislativa, que ocorre nos primeiros dias de fevereiro de 2015.

Aécio lembrou que os depoimentos de Venina Fonseca evidenciam que a presidente Graça Foster mentiu à CPI, já que afirmou aos parlamentares que não conhecia as irregularidades na estatal, o que foi desmentido pela ex-diretora.

Para Aécio, a crise na Petrobras compõe o que ele definiu como “o pior dos legados que o governo do PT nos deixa”. “Uma enorme desconfiança em relação às empresas e aos investimentos privados, que deveriam ter continuidade. Quem paga a conta é o cidadão brasileiro”, destacou.

Na avaliação do senador, a gestão do PT na estatal criou uma crise de governança na empresa. “Vamos demorar tempo para superar [a crise]. A Petrobras não teve controles mínimos que uma empresa do seu porte deveria ter”, apontou.

Credibilidade

O senador fez ainda críticas à política econômica do governo do PT e às contradições entre o discurso petista e as ações de Dilma Rousseff e sua equipe. Para Aécio, o PT será obrigado a recorrer a “pacotes” na busca de criar um cenário de normalidade à economia nacional – algo que, na avaliação do tucano, não aconteceria se o PSDB tivesse vencido as eleições presidenciais.

“A indicação atual da equipe econômica é a negação do que a presidente dizia durante a campanha e a confirmação do cenário ruim que acontecia no Brasil. Para um país sem credibilidade, o custo do ajuste será mais alto. Já até falam em aumento de impostos e corte de direitos trabalhistas, algo que não era a receita do PSDB”, afirmou.

Outra contradição do PT destacada por Aécio diz respeito ao porto de Mariel, em Cuba. Nos últimos dias, membros do PT disseram que a retomada das relações diplomáticas entre o país caribenho e os EUA mostrava que o governo brasileiro teve uma boa ideia ao financiar o empreendimento.

“Isso é uma piada. O porto foi construído com recursos financeiros, será benéfico a Cuba e administrado por uma empresa de Singapura, sem benefícios ao Brasil. Saúdo a retomada das relações, acredito que foi um passo diplomático importante, mas dado sem nenhuma participação do Brasil”, disse.

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