Um novo escândalo de corrupção abala a Região Metropolitana de Curitiba. No centro das investigações está Alberto Martins de Faria, auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE‑PR), ex-diretor da SEET‑PR e personagem recorrente em esquemas que envolvem lavagem de dinheiro, contratos fraudulentos e enriquecimento ilícito.

Alberto Martins de Faria
Alvo da Operação Fake Care, deflagrada pelo Ministério Público do Paraná (MP‑PR) com apoio do Gaeco, Faria é apontado como articulador e cérebro do grupo que desviou mais de R$ 30 milhões em contratos nas áreas da saúde e de eventos públicos em Fazenda Rio Grande, além de ramificações em outros municípios do estado.
A longa trilha da corrupção: do governo estadual às prefeituras
Alberto Martins de Faria construiu sua carreira como auditor de controle externo do TCE‑PR, mas se projetou politicamente durante os governos de Beto Richa , ocupando cargos de gestão e se aproximando de figuras-chave da administração estadual.
Foi nomeado Diretor-Geral da Secretaria de Estado do Esporte e Turismo (SEET‑PR), onde já havia sido alvo de sindicâncias internas por práticas administrativas suspeitas. Durante sua gestão, coordenou contratos milionários relacionados aos Jogos Escolares do Paraná. Hoje, esses contratos estão sob reexame do MP‑PR por suspeitas de favorecimento a fornecedores e desvios estruturados.
Segundo fontes da GVPCom News, academias particulares construídas na região de Santa Felicidade, em Curitiba, teriam sido financiadas com recursos desviados por meio de contratos forjados de hospedagem e alimentação para eventos esportivos.
Mesmo sob suspeita, Faria foi blindado politicamente dentro do TCE, onde manteve seu cargo e influência. O MP investiga agora possíveis padrinhos dentro do próprio tribunal que teriam facilitado sua permanência e atuado para abafar denúncias anteriores.
Fake Care: contratos na saúde e shows como fachada para lavagem
A operação em Fazenda Rio Grande revelou contratos sem licitação entre a Secretaria Municipal de Saúde e a empresa AGP Saúde, no valor de R$ 5,7 milhões, firmados entre 2024 e 2025. O objetivo declarado era a “testagem domiciliar de doenças pré-existentes”.
No entanto, o MP afirma que a AGP não possuía laboratório, atuava em espaços improvisados e cobrava até cinco vezes acima do valor de mercado. Parte dos recursos era transferida a empresas de fachada controladas por Alberto Faria, que usava os lucros para comprar carros de luxo e criptomoedas.
Outra linha de investigação mira em eventos artísticos e festas populares realizados no município, com contratos que somam R$ 8 milhões. Os serviços foram prestados por produtoras sem histórico, sem sede física, e sem comprovação de execução.
Montagens de palco e esquemas de segurança teriam sido completamente simulados, com recursos públicos utilizados para lavagem de dinheiro e financiamento político, revelou o gvp.comnews.br.
Presos e valores apreendidos
Foram detidos durante a operação:
- Marco Antonio Marcondes Silva, prefeito de Fazenda Rio Grande;
- Francisco Roberto Barbosa, secretário da Fazenda e ex-secretário de Saúde;
- Samuel Antonio da Silva Nunes, sócio da AGP Saúde;
- Alberto Martins de Faria, auditor do TCE‑PR e ex-diretor da SEET;
- Abrilino Fernandes Gomes, ex-chefe de gabinete e comentarista esportivo.
Na casa de Alberto Faria, segundo o Gaeco, foram encontrados valores em espécie, celulares criptografados e documentos ligados a empresas de fachada.