Com a divulgação de novas pesquisas sobre o segundo turno das eleições de Curitiba, a disputa entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) segue acirrada. Diversos institutos de pesquisa lançaram seus levantamentos, cada um utilizando metodologias diferentes para captar as intenções de voto. Esses estudos não só apontam tendências, mas também podem influenciar o comportamento dos eleitores nas semanas finais de campanha. Neste artigo, vamos analisar os resultados mais recentes, levando em consideração as nuances técnicas das pesquisas.
1. O Panorama dos Números
As quatro pesquisas mais recentes realizadas por Quaest, Veritá, IRG e AtlasIntel mostram variações nos números de Eduardo Pimentel e Cristina Graeml, o que evidencia a complexidade da eleição. No geral, os números indicam um cenário de equilíbrio, com uma pequena margem de diferença entre os dois candidatos. Aqui estão os dados de cada instituto:
- Quaest: Eduardo Pimentel com 42% e Cristina Graeml com 39%.
- Veritá: Cristina Graeml à frente com 46,9%, contra 45,1% de Eduardo Pimentel.
- IRG: Eduardo Pimentel lidera com 49%, enquanto Cristina Graeml tem 40%.
- AtlasIntel: Eduardo Pimentel aparece com 49% e Cristina Graeml com 44,9%.
Esses resultados indicam uma disputa acirrada, e a interpretação correta dos dados se torna fundamental para as campanhas ajustarem suas estratégias.
2. A Interpretação dos Votos Válidos
Considerando apenas os votos válidos, o cálculo usado pelo TSE, que exclui os votos brancos e nulos, revela uma disputa ainda mais equilibrada. Após os cálculos baseados nos dados das pesquisas, chegamos às seguintes médias:
- Eduardo Pimentel: média de 52,03% dos votos válidos.
- Cristina Graeml: média de 47,97% dos votos válidos.
Essa diferença, embora aparente ser significativa, está dentro das margens de erro das pesquisas e pode mudar nas próximas semanas, especialmente com os indecisos e votos nulos ainda em jogo.
3. Fortalezas e Fragilidades das Pesquisas
Conforme discutido no artigo anterior sobre a metodologia das pesquisas eleitorais, cada instituto apresenta vantagens e limitações específicas. O Instituto Veritá utiliza uma amostra robusta com entrevistas presenciais, o que pode garantir maior precisão em áreas de difícil acesso, mas seu custo elevado pode limitar a recorrência de levantamentos. Por outro lado, a IRG, que realiza entrevistas telefônicas, é mais ágil e barata, porém, pode excluir parte da população que não tem acesso a linhas telefônicas regulares.
O método online do AtlasIntel, embora inovador, enfrenta dificuldades de representatividade em áreas com menor inclusão digital. Esse desafio é comum em cidades como Curitiba, onde há desigualdade no acesso à internet, o que pode gerar vieses nas respostas, favorecendo eleitores de classes mais altas ou mais conectados digitalmente.
4. Impacto nas Decisões dos Eleitores
As pesquisas têm o poder de moldar a percepção dos eleitores, especialmente entre aqueles que estão indecisos. Em uma disputa apertada como a de Curitiba, os resultados das pesquisas, mesmo que dentro da margem de erro, podem influenciar o voto útil, onde eleitores tendem a escolher o candidato que está à frente nas intenções de voto para evitar a vitória de um adversário. É nesse ponto que a interpretação crítica dos números se torna crucial para evitar percepções distorcidas.
Por exemplo, uma diferença de apenas 3 pontos percentuais, como a vista nas pesquisas da Quaest, pode parecer pequena, mas é suficiente para mudar o comportamento dos eleitores, especialmente quando combinado com campanhas focadas na consolidação de votos.
5. Brechas e Desafios na Análise das Pesquisas
Ao analisar os questionários das pesquisas, notamos variações que podem impactar os resultados. Questões mal formuladas ou com poucas opções, como visto em alguns questionários, podem induzir respostas desejadas ou enviesadas. A pesquisa da AtlasIntel, por exemplo, ao ser realizada inteiramente online, enfrenta desafios no que diz respeito à inclusão de eleitores menos conectados, o que pode distorcer a representatividade.
Já a IRG, com sua metodologia telefônica, pode não captar com precisão as nuances de bairros periféricos, onde a conexão com telefones fixos ou celulares é limitada. Esses pontos são críticos para entender as variações nos resultados e evitar conclusões precipitadas.
Conclusão: O Risco de Erro e o Papel das Pesquisas na Eleição
À medida que a eleição se aproxima, é importante que tanto eleitores quanto campanhas interpretem os resultados das pesquisas com cautela, levando em conta as margens de erro e as metodologias utilizadas. Embora algumas pesquisas apontem para uma liderança de Eduardo Pimentel, a disputa permanece aberta e suscetível a mudanças.
A análise crítica dos dados é essencial para evitar a ilusão de uma vantagem confortável de qualquer candidato. As próximas semanas serão decisivas, e as campanhas devem ajustar suas estratégias com base em uma compreensão profunda não apenas dos números, mas também das limitações e fortalezas de cada pesquisa.
Referências:
- Veritá: Pesquisa realizada entre 13 e 17 de outubro de 2024. Registro no TSE: PR-06395/2024.
- Quaest: Pesquisa realizada entre 16 e 18 de outubro de 2024. Registro no TSE: PR-08766/2024.
- IRG: Pesquisa realizada entre 16 e 18 de outubro de 2024. Registro no TSE: PR-07252/2024.
- AtlasIntel: Pesquisa realizada entre 8 e 13 de outubro de 2024. Registro no TSE: PR-03464/2024.