Mais um episódio que escancara os bastidores da política local, a Câmara Municipal aprovou, nesta segunda-feira (30), as contas da ex-prefeita Nelise Dalprá, contrariando o parecer técnico do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), que recomendava a reprovação por irregularidades na gestão de recursos públicos.
Com a decisão, Nelise escapa de uma possível inelegibilidade de 8 anos, prevista na Lei da Ficha Limpa, o que poderia tirá-la de futuras disputas eleitorais. A manobra, no entanto, foi articulada com precisão política: o vereador Cleverson Dalprá, irmão da ex-prefeita, pediu licença dias antes da votação, abrindo espaço para que o suplente Amarildo assumisse o cargo e votasse a favor da aprovação das contas.
Votaram contra o povo e a favor do interesse político
O parecer do TCE era claro: irregularidades que comprometem a transparência e o bom uso do dinheiro público. Mesmo assim, vereadores ignoraram a análise técnica e optaram por uma decisão política, acusada de ter sido negociada diretamente com o Executivo.
Nos bastidores, comenta-se que a votação teria sido parte de um acordo político para manter o grupo Dalprá vivo eleitoralmente, mirando as eleições de 2028. Com a absolvição política, a ex-prefeita se livra da inelegibilidade e pode voltar ao jogo.
Moralidade violada
Especialistas apontam que decisões como essa comprometem a credibilidade do Legislativo Municipal e desrespeitam a função do Tribunal de Contas como órgão técnico e independente. Mais do que isso: votar contra parecer do TCE sem justificativa técnica pode configurar desvio de finalidade, passível de denúncia ao Ministério Público de Contas e ao Ministério Público Eleitoral.
O povo paga a conta
Enquanto isso, a população segue enfrentando falta de médicos, transporte precário, máquinas paradas e remédios em falta nos postos de saúde. Mas para proteger os seus, os vereadores se articulam, fazem manobras e viram as costas para o parecer técnico que representava os interesses do povo.
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Denúncias podem ser feitas anonimamente ao TCE, MPC-PR ou MPPR. A população tem o direito de exigir a anulação dessa votação viciada.(Rodrigo Muller//Jornalista /))
