FONTE : Filipe Coutinho, Crusoé
Gleisi Homann começou sua carreira no PT com o verniz de gestora. Mulher do ex-deputado e ex-ministro Paulo Bernardo, ela foi alçada ao cargo de diretora de Itaipu em 2003, quando Lula chegou à presidência. Esse posto, a influência do marido no partido e a forte popularidade do governo Lula ajudaram Gleisi a superar derrotas no passado e chegar à sua primeira vitória na eleição de 2010, como senadora. A sorte seguiu ao lado da petista e, em 2011, Antonio Palocci caiu da Casa Civil de Dilma Roussef e, Gleisi, com a fama de gestora, passou de novata no Senado à poderosa posição de número dois do governo, chefiando o ministério. Sua carreira continuou ascendente mesmo com a Lava Jato e, com o declínio de Lula, ela passou a ser presidente do PT e porta-voz do ex-presidente preso. O que a Polícia Federal descobriu é que, enquanto fazia carreira na política, Gleisi Homann recebeu propina, fez caixa dois com dinheiro da TAM e, suspeita-se, até emplacou um funcionário fantasma em seu gabinete.
As conclusões da PF estão no relatório final do inquérito que investiga um esquema no Ministério do Planejamento, no qual uma empresa contratada para gerenciar o serviço de empréstimo consignado dos servidores passou, em troca, a distribuir propinas a diversos políticos. O ministro do Planejamento era Paulo Bernardo, marido de Gleisi. Essa investigação é um dos desdobramentos da Lava Jato em São Paulo e teve até operação, a Custo Brasil, que chegou a prendê-lo em 2016. Mas Gleisi, por ser senadora, valeu-se do foro e foi investigada à parte, no Supremo Tribunal Federal. O relatório da PF foi finalizado em 8 março deste ano.
O centro do caso é o escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que trabalhou nas campanhas de Gleisi ao Senado em 2010 e ao governo do Paraná, em 2014. Ele recebeu dinheiro da empresa Consist, a tal que prestava o serviço ao Ministério do Planejamento, como já era sabido desde a operação de 2016. Mas a investigação traz revelações de como o esquema beneficiou especificamente a senadora, o que permitiu à PF concluir que Gleisi recebeu, entre propinas e caixa dois, 1,3 milhão de reais, entre 2010 a 2015 – justamente aquele período em que Gleisi saltou de novata no Senado a um dos principais nomes do PT.
As investigações da PF partiram de planilhas do escritório que, de um lado, recebia de empresas como a Consist e a TAM, e de outro custeava despesas dela.
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