O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) chamou neste domingo o vice-presidente da
República, Michel Temer (PMDB), de “capitão do golpe” do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff, deflagrado na semana passada na
Câmara dos Deputados. A acusação foi feita durante entrevista coletiva no
Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, em que Gomes, ao lado do
presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e do governador do Maranhão,
Flávio Dino, saiu em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. As
informações são de Veja.
“Perguntem qual é a opinião do Michel Temer, vice-presidente da República,
sobre o fato de seu companheiro, amigo, parceiro, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
ter contas na Suíça, ser denunciado por crime de formação de quadrilha, de
roubo do dinheiro público. Ele não tem uma opinião. Por quê? Porque é
íntimo parceiro. E não por acaso o beneficiário imediato dessa ruptura da
democracia e dessa imensa e potencial crise para 20 anos. É ele mesmo o
senhor Michel Temer, o capitão do golpe”, afirmou Gomes.
O ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula afirmou que o processo
de impeachment tem sido tocado por um “grupo de mafiosos” que estão se
utilizando de “protocolos formais” para derrubar a democracia brasileira.
Para ele, o “golpe” não tem sido orquestrado apenas pelo PMDB, mas por
grupos internacionais de interesses conservadores e reacionários que
“cobiçam o petróleo brasileiro”. Nesse contexto, Ciro defendeu que é
preciso “engolir” os “abusos” do governo atual, em nome da preservação da
democracia.
“Três anos de um governo que a gente não gosta passam num piscar de olhos”,
afirmou. “Mas isso nos aponta para segunda grande tarefa: exigir, pedir,
suplicar que a presidente Dilma se reconcilie com valores e grupos sociais
que lhe deram a vitória. Porque a sensação grave hoje entre nós é de que
fomos enganados. A sociedade esperava uma coisa, ouviu dela uma proposta, e
temos a sensação de que estamos recebendo exatamente o oposto”, emendou.
Na coletiva, o presidente nacional do PDT lançou a pré-candidatura de Ciro
à Presidência da República em 2018. Lupi afirmou que o ex-ministro é o
político “mais preparado” e “mais habilitado” para a função. O dirigente
fez questão de ressaltar que o lançamento da candidatura não é uma
“oportunidade eleitoral”. Prova disso, ressaltou, foi a defesa que ele,
Ciro e Dino fizeram contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff
durante a entrevista. “Não estamos defendendo a presidente Dilma por
conveniência”, ponderou.
Ciro Gomes não comentou o lançamento da pré-candidatura durante a coletiva
de imprensa. Em entrevistas recentes, contudo, o ex-ministro já tinha dado
sinais de que quer ser candidato à sucessão da presidente Dilma em 2018.
Caso a candidatura se confirme, será a terceira vez que Gomes disputa o
comando do Palácio do Planalto. Ele foi candidato à presidente da República
em 1998 e 2002, terminando em terceiro e quarto lugar na disputa,
respectivamente.
Na entrevista deste domingo, Flávio Dino destacou que a instauração do
processo de impedimento de Dilma é “golpe”, pois não tem base
constitucional. Ele lembrou que as chamadas “pedaladas fiscais” foram
cometidas em 2014, no primeiro mandato da presidente e que sequer ainda
foram julgadas pelo Congresso Nacional. O governador lembrou ainda que, ao
aprovar o Projeto de Lei do Congresso (PLN) que alterou a meta fiscal, os
parlamentares deram “prova” de que não querem o impeachment e mostraram que
há espaço para diálogo sobre o assunto.
(foto: Reuters/Veja)
*link matéria*
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ciro-gomes-acusa-temer-de-ser-capitao-do-golpe-contra-dilma