A tragédia que se abate sobre o Brasil e, geograficamente, localizada no território do Rio Grande do Sul, sem nenhum embargo ou cortina, põe à mostra o verdadeiro caráter da chamada brava gente brasileira.
A obra Raízes do Brasil é de 1936, e com exatidão o sociólogo Buarque de Hollanda faz um descritivo do brasileiro como um homem que raciocina muito mais através do “cuore” do que racionaliza. Nunca alguém teve um conceito abstrato tão comprovado pela realidade do desastre histórico e de efeitos reais ainda não contabilizados como o Autor.
De fato, neste momento há que sentir um grande orgulho da resposta que o Brasil dos gaúchos e dos demais brasileiros dá a esta brava gente que habita fisicamente o território do Rio Grande do Sul – mas, sob o ponto de vista do coração, tem lugar no peito de cada um dos brasileiros.
E aí, o leitor pode me perguntar se eu ignoro a ação dos lombrosianos. É óbvio que o noticiário nos informa de humanos que cometem crimes de toda a natureza nesta etapa. Por isso mesmo, existe o Sistema Penal, e indivíduos dessa catadura devem ser separados da sociedade sadia.
Todavia, até mesmo o sistema penal encontra um hiato em sua atuação temporal. Devo escrever que qualquer investigação – supérflua que seja – sobre os efeitos do Katrina em Nova Orleans prova que eventos dessa magnitude têm efeito por, no mínimo, uma década.
TEMPO DE AMOR
Em episódios da natureza, como esse que assola o Rio Grande do Sul, há que fazer uma escolha e o povo brasileiro, em sua imensa maioria, já a fez: estender as mãos aos gaúchos na forma e com intensidade que cada um pode fazer.
Quero destacar, por exemplo, a maior modelo do mundo, a inigualável Gisele Bündchen, que pediu ajuda ao mundo para o seu estado de nascimento. Nesse exemplo de destaque da mulher brasileira, sintetizo o que cada mãe, mulher brasileira, faz nesta etapa.
Me impressiona o exemplo positivo de figuras como Pedro Scooby, o surfista, e de tantos outros – anônimos ou não – que transformaram os seus dias e as suas noites na real bandeira da paz e do amor ao próximo.
A ILHA DA FANTASIA
Estabelecido o fato de que o Brasil está irmanado em sentimento e atuando firmemente em se tratando da sociedade civil, transparece a diferença no que tange às ações oficiais do Governo centralizador de arrecadação, que habita em Brasília.
Até as 10h40m desta 5ª feira (09/05/2024), momento da produção desta coluna, não tenho notícia de soluções físico-financeiras havidas do Governo Federal em favor do cidadão rio-grandense. Neste tópico, gostaria de poder escrever que reforma tributária representaria um alento no sentido da efetiva redistribuição de renda no país.
Não é esta, todavia, a leitura que tenho do processo de arrecadação cada vez mais voraz e centralizador que se prevê para o futuro bem próximo. A cada fala de Simone “Schtepe” o horror do Estado cartorial se configura com mais evidência e profundidade. É irretorquível a realidade das manifestações da Ministra “planejadora”: o fato é que Brasília não tem nenhum plano político ou visão de estado alternativas ao reconhecível de plano, o que se chama de dia a dia.
A cada vez que a pátria é provocada na exigência de condutas emergenciais, o emaranhado legal impõe e demonstra com seu atraso a incompetência de um Estado extremamente caro, e tanto quanto inútil.
O Presidente Lulle foi duas vezes ao Rio Grande do Sul. Confesso que tive alguma esperança de ouvir falar alguém que, na história, já foi um líder nas emergências sindicais. De fato, nas greves que comandou, Lulle conseguiu exercitar (lá atrás) liderança, e fazer valer a vontade do patronato, automobilístico em especial, fazendo crer à classe operária que ele houvera liderado um grande avanço salarial.
Isso me lembra que o embuste também demonstra e configura competência. O atual presidente, devastado pela ingesta alcoólica e pela passagem do tempo, não mais consegue sequer transmitir um mínimo de confiabilidade, e está aí o mundo das pesquisas a confirmar nossa afirmação: a água clarifica reputações.
O episódio de punição gravíssima ao povo brasileiro que habita o Rio Grande do Sul tem o condão de provar o quanto precisa ser feito em prol desse país no que se refere à legislação. Tenho ouvido falar em construção legislativa para episódios similares. Todavia, a Câmara Federal só ontem tratou do assunto no sentido de dar prioridade a ações governamentais, o que sem dúvida corrobora o anteriormente escrito.
QUANDO QUER, BRASÍLIA É RÁPIDA!
No auge da desgraça histórica que se abate sobre o Brasil na base geográfica do Rio Grande do Sul, o Senado da República comete mais um ato desprezível em relação ao povo brasileiro: dessa feita, reedita o odioso e jamais explicado DPVAT, que tão somente serviu para enriquecimento jamais explicado do orçamento público e de um grupo de pessoas ligadas ao ex-Presidente do Partido União. O pior é que no bojo da aplicação apareceu um jabuti, que é uma excrecência legislativa inserida em um projeto de lei. Serviu o golpe legislativo para aprovar a liberação de 15 bilhões ainda no orçamento de 2024.
A pergunta que não posso deixar de fazer, nesse momento, é pessoal e tem destinatário: Dr. Flávio Arns, o senhor não se envergonha de ser um dos 41 brasileiros que deu vida a esse golpe contra a cidadania de nosso país?
FAZENDO CONTA
Como a maioria dos brasileiros, eu também tenho dificuldades em ter exata dimensão de quanto dinheiro significa a quantia de R$ 20 bilhões de reais. Creio que seria de inestimável ajuda para o soerguimento do estado gaúcho. Todavia, eu sei onde achar essa grana: “cinco bi é pouco”, no malfadado e sempre mal-usado fundo eleitoral; os outros R$ 15 bi já estão à disposição no orçamento, mercê o jabuti signatado pelos 41 senadores. Neste momento, cabe lembrar que forte mesmo é o povo, e que se o povo decidir, é fácil de varrer os corruptos que estão sentados em suas faustuosas cadeiras em Brasília. Os impeachments de Collor e Dilma dão inequívoco suporte ao supra descrito.
AS PESQUISAS
Foi visível o esforço do Ministro Pimentão da Comunicação para construir barragem que visasse barrar a enchente de manifestações contra a inépcia, grosseria, dissonância cognitiva e tudo o mais que caracterizou Lulle da Janja nos últimos 60 dias.
Ocorre que a paciência do brasileiro, como se fora a enxurrada – e até por causa dela – gaúcha, suplantou as barreiras, e a opinião negativa em relação ao desgoverno federal tornou-se realidade.
As tentativas tíbias, se não ridículas do Ministro da Justiça, o Lewa, que quer transformar-se em Catão, o Velho, o mais famoso censor romano, guarda sem embargo características do romano: primeiro, é tão velho quanto; segundo, insiste (como o exemplo histórico) em desconhecer a verdade. Não raras vezes, penso que essas pessoas que de alguma forma têm vinculação umbilical com Lulle podem não ter o mesmo gosto pela uca, mas sofrem da mesma e incurável dissonância cognitiva.
REGIONAIS
ELOGIO: Vale falar do orgulho em relação ao comportamento do povo paranaense nesta última semana. A ajuda aos brasileiros irmãos do Rio Grande do Sul foi tão eficaz no setor público, quanto na sociedade civil. Exemplos tocantes como a disponibilização de equipamentos e outros bens por parte do Tribunal de Contas do Estado; o empenho da Primeira Dama, dona Luciana, dos deputados da Assembleia, de inúmeros prefeitos municipais, enfim, de toda a representação pública e, da sociedade civil, nos garantem nesta etapa de solidariedade, um sentimento não de orgulho, mas sim de cumprimento de um dever de cidadania.
Até mesmo os clubes esportivos colocaram suas estruturas à disposição dos irmãos do Sul. Devo enfatizar que, em minhas manifestações públicas ao longo da história, sempre disse que sentia uma ponta de ciúme do sentimento patriótico dos irmãos gaúchos. Pois nesta exigência catastrófica, ouso escrever que os paranaenses estiveram e estão à altura do chamamento que o patriotismo e a cidadania nos fazem. Orgulho de ser paranaense, orgulho de ser gaúcho, tudo por amor ao Brasil.
ORAÇÃO DE OGIER BUCHI:
Senhor, em favor dos brasileiros nesta oração representados pelos irmãos gaúchos. Amém.