COLUNA MANO PREISNER : O LEGADO DE PARANHOS

PARA

Quando o prefeito de Cascavel Leonaldo Paranhos foi eleito deputado estadual pela primeira vez, em 2010, havia trabalhado durante aquele ano na TV Araçá, canal a cabo local. Foi um tempo de duríssima dificuldade financeira. Leonaldo fazia um noticiário no horário do meio-dia, que demorou a ter audiência, mas com um inventivo discurso contra as drogas atingiu um índice bem razoável de audiência. É possível que esse programa tenha dado um pequeno impulso na sua candidatura, e em outubro Paranhos conseguiu uma cadeira na Assembleia Legislativa, onde trabalhou muito, e bem. Reelegeu-se quatro anos depois com o triplo da votação, e dois anos depois assumiu a prefeitura de Cascavel (2017) onde permanecerá até dezembro deste ano. 

Como a experiência da passagem dele na nossa televisão foi negativa para este modesto microempresário, quando Paranhos assumiu a prefeitura fiz uma aposta com um jornalista amigo: sem nenhuma noção de administração, e apertado como estava, em dois anos vai para cadeia. Foi mais na base da brincadeira com um adversário, mas se realmente fosse preso eu não ficaria nem um pouco surpreso. Fundinho de verdade, entendem? Além da minha experiência ruim, havia também no seu currículo uma condenação por improbidade administrativa, tendo sido penalizado por uma juíza federal com a perda dos direitos políticos por oito anos, além da devolução de valores milionários. A punição veio em função de um contrato firmado pelo IPEM (onde trabalhou por alguns anos nomeado pelo Requião) com uma Associação de Deficientes físicos de Canoas, Rio Grande do Sul. (Este processo está milagrosamente retido no TRF-4, aquele, há mais de uma década, e segue firme a caminho da prescrição.)

Obviamente, perdi a aposta. Para surpresa minha, e de muitos outros que manjavam a peça, Paranhos não apenas permaneceu solto, como atingiu índices surpreendentes de aceitação popular.

GRANA ALTA II: Ao assumir, Paranhos surpreendeu a todos com uma ação imprevisível: já no primeiro mês, entupiu a mídia de dinheiro. Todo o rigor que o antecessor Edgar Bueno usava com a imprensa, distribuindo valores apenas razoáveis para a galera, foi para o espaço. A imprensa não acreditava no que acontecia: era pedir e levar. Primeiro político no Hemisfério Sul a prometer entupir a mídia de grana E CUMPRIR!! Sem limites. Já na estreia, no primeiro mês, janeiro, promoveu campanhas publicitárias caríssimas. Como não tinha, obviamente, nada para anunciar, as primeiras campanhas eram do tipo “neste Carnaval, use camisinha”. Em uma cidade que não tinha Carnaval!!

Também foi anunciando como obra de sua administração, NO PRIMEIRO MÊS!!, a inauguração de 2.050 casas que o antecessor Edgar tinha deixado prontas, no Residencial Riviera.

A festa da mídia já dura sete anos e meio. Mais de R$ 60 Milhões de reais gastos em promoção pessoal nesses anos. Aprovação muito alta, a cidade gostou de saber que Cascavel era a segunda melhor cidade do Brasil, que o aeroporto de Cascavel era o melhor do país, que o prefeito foi escolhido como o Melhor prefeito do Brasil, premiações essas cuja origem ninguém questiona. Foi criada uma salutar sensação de felicidade entre a população. Prefeitos de cidades brasileiras que realmente fizeram grandes administrações não chegaram nem perto da aprovação do Paranhos. É um caso sociológico interessante: um prefeito salva sua imagem política através do ato irresponsável: entupir a mídia de dinheiro. E o legado?

GRANA ALTA III: A classe política acompanha com atenção o fenômeno cascavelense. O legado que Paranhos vai deixar é o ensinamento aos colegas de outros municípios que vão assumir as prefeituras a partir de janeiro: já que o dinheiro não é seu mesmo, gaste com a mídia que eles te retribuem com elogios, formam a opinião favorável que alimenta a longevidade de todo político. Só mande o dinheiro que pedirem, sem muita pechincha, e alguns releases, e deixe o resto com a tigrada, que eles convencem os eleitores não muito inteligentes.

Os gastos com propaganda, no Paraná, vão ser multiplicados em todas as prefeituras que elegerem prefeitos sem muita responsabilidade com o dinheiro dos impostos. Doravante, diante do exemplo cascavelense, quem vai ser burro de tentar economizar dinheiro alheio?

Que presente! Que legado, amigos! Não é exagero dizer que Paranhos fez mais pela imprensa que o Johannes Gutemberg, em 1430.   

 SERÁ MESMO?

Nos dez primeiros dias de julho, mais de 20 voos foram cancelados no Aeroporto Regional de Cascavel. Problemas climáticos atrapalharam viagens de milhares de passageiros, em férias ou a trabalho. Esse tipo de ocorrência é rotineira no nosso aeroporto. O que não é normal é a explicação da Diretora Jocemara Lopes, da Administração Aeroportuária do município, que disse que “contra o clima não tem o que fazer”. Tem sim, Diretora. Existe um aparelho chamado ILS, e não é verdade que custa muito caro para um município como Cascavel. Somos um município rico, podemos pagar facilmente um instrumento imprescindível para a segurança dos passageiros. Com o ILS, são possíveis pousos com visibilidade zero. E se é verdade que até aeroportos com ILS fecham, também é verdade que isso só ocorre em condições climáticas que acontecem raríssimas vezes em um ano. Troca a Jocemara, Simoni.

SUGESTÃO PARA O PRÓXIMO PREFEITO:                                                 

    A instalação de um aparelho ILS é fundamental para qualquer bom aeroporto. Existem diversas categorias. Por exemplo: o ILS-2 permite pousos com teto de 30 metros, e o ILS-3 possibilita pousos com teto de 15 metros. Guarulhos tem o ILS III-A, o mais perfeito, há muitos anos. Maringá já opera o modelo 2, e Londrina, em função da privatização do aeroporto, está com a liberação de uso atrasada. O melhor da história: o Departamento de Controle do Espaço Aéreo- DECEA, da FAB, paga o custo da instalação, claro que após negociação política. Os deputados federais Elton Welter e Gleisi Hoffmann, se procurados, podem ajudar a trazer o instrumento. Os custos da instalação variam de 04 a 20 milhões de reais, e Cascavel pode pagar sem qualquer dificuldade. O modelo mais barato custaria dois meses da arrecadação das multas da Transitar.

EM CRISE? MONTE UMA ONG                                                                                                             

 Todo brasileiro tem o direito de montar uma Organização Não Governamental, roubar o que puder e dar risada dos contribuintes financiadores. O Judiciário e o Ministério público estão aí para ir atrás dessas trombadas, embora notícias nesse sentido estejam escassas. O erro, o crime, é uma autoridade que detém o poder de gerenciar o nosso dinheiro, dar a verba governamental para essas trombadas que abundam no país. Exceto a APAE, pela nobreza da sua missão, e pela competência que comprova desde sempre, as demais deveriam ser proibidas de receber verba pública. Enquanto existirem políticos inescrupulosos, essas ONGs. Que não apresentam qualquer resultado prático continuarão se multiplicando e desviando bilhões de reais a cada ano.

DILCEU SPERAFICO: MILHÕES PARA O OESTE

O eficiente assessor Wanderlei Queiroz, que é um dos responsáveis pelo escritório político do Deputado Dilceu Sperafico em Toledo, que atende lideranças de 50 municípios onde o deputado foi votado nas últimas eleições, está sendo cogitado para enfrentar as urnas disputando uma cadeira de deputado estadual. Estimado por todos, Wanderlei conhece praticamente toda a extensa base política do Dilceu esparramada no Oeste, e com um empurrãozinho da família Sperafico teria grandes chances de vitória.

Ele representa rotineiramente o Dilceu na entrega de verbas das emendas parlamentares nos municípios, enquanto o deputado permanece em Brasília incluindo novos pedidos, num círculo virtuoso que trouxe milhões para o Oeste nestes seis meses de 2024. Algumas dessas verbas:

Sperafico entregou mais R$ 10 milhões para o seu município, Toledo, sendo R$ 5 milhões para o melhorias e equipamentos no Hospital Bom Jesus, e R$ 5 milhões para o prefeito Beto Lunitti empregar em diversas obras no perímetro urbano. Também chegaram R$ 1,95 milhões em emendas para investimentos na saúde e na agricultura de Santo Antônio do Sudoeste, a valores menores (R$ 500 mil) para a saúde de Braganey.   

Compartilhe