Em todos os municípios, quando um prefeito se elege, tenta de imediato formar um grupo de apoio na Câmara Municipal, para aprovar seus projetos, para formar parcerias para a próxima eleição e para que não venham lhe encher o saco com fiscalizações incômodas. Então o prefeito conversa, concede pequenos favores, manda algum dinheiro para pequenas obras pedidas pelos vereadores, nomeia dois ou três cabos eleitorais dos vereadores, até telefona para os mais importantes uma vez por ano, e está formada a maioria que lhe garante quatro anos de sossego e calma. É o que costumamos chamar de base.
Depois o prefeito amplia essa rede de apoio. Vai na Associação Comercial, onde sempre tem um ou outro “líder” querendo participar do poder, vai na OAB e conversa com os diretores, arruma uns empreguinhos e extingue o Observatório Social, dá para a imprensa muitos milhões, e daí por diante. Mas isso é outro assunto, voltemos à Câmara.
Em todas as cidades isso funciona desde sempre. Os vereadores aprovam todos os projetos, percorrem seus redutos falando bem do prefeito, e nem pensam em fiscalizar nada. Quer comprar a área do Atacado Liderança por 29 milhões? Sem finalidade definida? Eles aprovam. Quer trocar os pontilhões do Ecopark Morumbi, de Aço Armco-Staco para concreto barato? Eles não vêem. Quer vender TODOS os imóveis não construídos do município, para cobrir o rombo financeiro? Eles aprovam. Quer aumentar em 70% o tamanho do perímetro urbano, sem justificativa qualquer? Eles aprovam.
Tudo isso fazia parte da vida política dos municípios, aqui não é o único lugar onde essa prática existe. O que está “um pouco” fora do esquadro, acho eu, é o exagero do capachismo dos vereadores.
Eu conheço vários, tenho amizade com suas famílias, e me sinto na obrigação de dar um alerta. Vocês receberam uma delegação da população para representá-los, e por mais que queiram ou precisem de alguns dindins da prefeitura, existem limites que não devem, por prudência, ser ultrapassados. A coisa está degringolando, nessa relação. Está desmoralizante, não sei se vocês estão notando. Alguns de vocês estão envergonhando suas famílias, seus filhos lá na frente vão conhecer essas histórias, sempre tem um cara aparentemente inofensivo escrevendo algum livro, ou gravando vídeos, ou arquivando as histórias. Está ficando ruim pro Judiciário, citado com ironia pela população. Tá ruim pro Ministério Público, pra turma do Gaeco, que também está exagerando na parceria.
Muitos vereadores estão confundindo base de apoio com capachismo. Parceria política é uma coisa, jogar o nome na lama é outra. Que tipo de acordo é esse que vocês fecharam com o Paranhos, que faz pessoas decentes esconderem do povo que a prefeitura está quebrada? Que fiscalizar o uso do dinheiro do povo é coisa que nem lhes passa pela cabeça? Que tipo de moral temos por aqui, onde um empresário vem numa televisão ao vivo contar que, se aprovarem determinado projeto, vai pagar as campanhas dos vereadores? Sem que absolutamente nada aconteça?
Ano que vem tem eleição. O eleitorado sabe uma parte, vai saber muito mais na campanha política. Será que vale a pena essa desmoralização toda?
PREVISÃO FÁCIL- PRÓXIMO PREFEITO
Eu não tenho como saber quem será o próximo prefeito. Nem você. Mas todos nós aqui de Cascavel já podemos fazer duas previsões sem medo de errar.
1-Ganhe a eleição o Edgar, o Pacheco, o Renato, o Gugu, o Nestor Dalmina, o Rômulo, ou outro nome, é indiscutível que vai ter que trabalhar muito para recuperar as violentadas finanças municipais. Para revisar todos os contratos vigentes e os encerrados. Para administrar a fúria da imprensa acostumada a ser sustentada pelo dinheiro do nosso imposto. Para negociar uma relação honesta com os vereadores, com respeito ao cofre municipal. E muito mais.
2-Ganhe quem ganhar, dentre os citados, a administração vai ser melhor. Talvez menos política, mas certamente mais competente.
GLEISI HOFFMANN
Eu gosto muito da deputada Gleisi Hoffmann, inclusive já votei nela para senadora, quando o adversário era o Requião.
Eu tinha três motivos principais para admirá-la. UM: o Luiz Fernando Pereira me disse, e confio muito nele, que ela é uma pessoa correta. DOIS: quando precisei de uma documentação emperrada em Brasília, ela me atendeu com muita educação e rapidez. TRÊS: acho a lealdade muito importante. Quando as chances de o Lula estar morto politicamente eram dadas como absolutas, com Lula na prisão e a Lava Jato no auge do seu prestígio, mandando e desmandando, Gleisi fincou o pé na defesa do seu parceiro político e não esmoreceu um minuto. Muitos dos que hoje usufruem do poder que Lula ressuscitou não abriram a boca nos tempos negros, ao menos em público. Agora, apareceu UM QUARTO motivo para respeitá-la: neste momento de ditadura da toga, com a Constituição rasgada diariamente, com ministros do STF discursando sem nenhum pudor em encontros político-partidários, esbravejando nas ruas do mundo todo coisas como “perdeu, Mané! ”, a deputada enxergou que pau que bate em Chico bate em Francisco. Que muito em breve o fogo dos ministros, embriagados pelo poder que acreditam ilimitado, vai se virar contra outras pessoas além do Bolsonaro. Ao pedir a extinção da Justiça Eleitoral, Gleisi deu um recado aos ministros bêbados de arrogância e soberba: “VOCÊS NÃO PODEM TUDO”!
CURTAS
INSATISFAÇÃO DO MST COM LULA: Lideranças do MST do Paraná não fazem nenhuma questão de esconder a insatisfação do Movimento com o governo Lula. Segundo um dos líderes, João Paulo Rodrigues, as bases estão indignadas com o abandono das promessas, como a aquisição de produtos da Agricultura Familiar. Do orçamento prometido de Um Bilhão e Cem Milhões de reais, foi liberado apenas 250 milhões no início do ano, mas esse dinheiro se perdeu no caminho de Brasília até aqui.
INSATISFAÇÃO II: Aumenta a temperatura na Câmara Federal contra o Supremo Tribunal. A claríssima usurpação do poder de legislar, manifestado em temas recentes como o julgamento de pessoas comuns, sem foro privilegiado; a tentativa de legalizar as drogas e o aborto, as prisões de parlamentares por usar seu direito constitucional de opinião quando no exercício do mandato, são apenas alguns dos fatores que motivam a idéia de reação dos deputados. O marco temporal e o aborto são os casos mais graves, segundo deputados amigos que consultei. Que tenham sucesso na reação, iniciada neste terça-feira, com bloqueio da pauta da Câmara.
ROSA WEBER, AQUELA DO ABORTO
Como não tem mal que nunca acabe, esta quinta-feira (28), marcou o primeiro dia do STF sem a presença da Rosa Weber, que desde dezembro de 2011 vinha ocupando uma das onze cadeiras da Corte com rara mediocridade.
Nomeada pela Dilma, como pagamento por sua lealdade, com aval do lula, que cinco anos antes a conduzira ao Tribunal Superior do Trabalho, Rosa defendeu com unhas e dentes as posições dos seus benfeitores.
Deixa um legado apagado, inexpressivo. Passava meio que esquecida na Corte que conseguiu ser a mais odiada em toda a história da Instituição, até que decidiu competir com Alexandre de Moraes e Edson Fachin na rejeição pelas pessoas de bem do país. Ao votar, de forma extemporânea, pela aprovação do aborto, e tentar forçar uma votação online do tema, para atropelar o processo normal, Rosa Weber conseguiu a proeza de aumentar sua abominação pessoal e o desprezo pelo STF.
No entorno de autoridades que ocupam cargos públicos importantes, gravita uma horda de oportunistas. Faz parte do sistema, não se perde tempo discutindo essa obviedade. Quando se trata de um Ministro do STF, multiplica-se por mil o número de oportunistas. É um tal de “se espirrar, saúde!!” que não tem fim. Além do carinho sincero e puro de todo o meio jurídico, político, empresarial, e de todas as pessoas que têm ou poderão vir a ter um problema judicial, os Ministros, até por sua vitaliciedade, recebem bajulações, ouro, incenso e mirra, além de todas as mordomias que uma pessoa pode receber. Dizem que o cargo compra até amor verdadeiro.
Isso é geral. Vale para jurista reconhecido como o Sepúlveda, vale para o Barata Ribeiro, extirpado da Corte pelo Congresso após dez meses no cargo. Vale para o Celso de Mello e vale também para esses Alexandres e Toffolis.
Na sua última sessão, de despedida, nesta quarta,27, Rosa Weber recebeu, como todos os antecessores, loas e afagos. Para surpresa geral, emocionou-se. Acreditou no que ouvia. Nem lembrou que era só um rito, norma não escrita, usada há 133 anos. Nem desconfiou dos aplausos.
HUMOR:
ENQUANTO ISSO, LÁ NO GABINETE….
…o prefeito chama seus principais apoiadores:
-Refleti muito nos últimos dias. Minha consciência está me incomodando. Como vocês assinaram muita coisa, quero avisá-los em primeira mão que decidi confessar tudo que fiz de errado. Contratem advogados, preparem-se. Deus falou comigo, Aleluia, irmãos!! Vou abrir tudo, passado e presente, não vai ficar uma única irregularidade sem confissão.
–QUE CARÁTER!!! Diz o Pastor Alcione.
-QUE HOMBRIDADE!! Diz a Simone.
-QUE CORAGEM!!, diz o vereador Lauri.
-QUE MEMÓRIA!!, diz o Coordenador do Gaeco.