Este ano, as eleições estão sob o olhar atento dos eleitores. Não apenas pelo pleito em si, já que as demandas municipais são mais próximas dos cidadãos, que podem observar in loco os resultados das escolhas de seus representantes para ocupar cargos no Executivo e no Legislativo, mas principalmente pelo aumento da polarização política que dominou as rodas de conversas, redes sociais e debates de 2018 para cá.
Como já escrevi ao longo deste ano, 2024 será um marco para a avaliação do rumo político da nação – e, por consequência, dos políticos que ocupam atualmente as cadeiras nos Estados e em Brasília, e daqueles que ocuparão os cargos a partir de então.
PADRINHOS MÁGICOS?
As trajetórias de Bolsonaro e Lulle da Sillva são únicas: possuem carisma, sabem se comunicar com o povo, e seu capital político é invejável – por isso mesmo, dentro de seus respectivos espectros, são apoiadores desejados por vários candidatos. Entretanto, o pleito de 2024 está se mostrando sui generis, encabeçado pela disputa eleitoral de São Paulo – que ganhou visibilidade e ares de disputa nacional – e com uma modesta participação dos citados líderes.
Vale observar que Lulle foi escondido por Boules, e Bolsonaro – como tem sido uma constante – aparece com o pé em duas canoas, pois até agora não se sabe se seu coração é habitado por Nunes ou Marçal.
Como eu conheço razoavelmente bem o Messias, creio que seria muito mais lógico ele, nesta etapa, pelo menos em São Paulo, seguir o seu ex-ministro Ricardo Salles, que se abraçou definitivamente com Marçal 28.
O fato inquestionável é que apesar de suas irrefutáveis lideranças, tanto um como outro foram deixados em banho-maria. Em Curitiba, inobstante Eduardo Pimentel sempre tenha demonstrado simpatia por Bolsonaro e mais, seu vice ter sido o primeiro divulgador de Bolsonaro, com quem mantém vínculo desde 2016, a “lua preta” entenderam que era melhor deixar o Capitão em banho-maria.
Pois é. Em assim agindo, alimentaram o foguete 35, que está em órbita crescente, e que tem a possibilidade real de trazer para as ruas de Curitiba Bolsonaro em sede de segundo turno.
MÁGICOS, MESMO?
Ora, estabelecido que o apoio de Lulle é bastante discutível, pelo menos para quem comandou a campanha de Ducci e Goura, o apoio de Bolsonaro, que também foi refutado pelo grupo “oficial”, agora certamente vai ser disputado a pé de ouvido.
CRESCIMENTO DA DIREITA
Como informou o site do Brasil Paralelo, Bolsonaro tem influenciado muito mais os eleitores: a mais recente pesquisa da Quaest mostra um cenário em que Bolsonaro parece causar maior impacto do que Lula em 9 das 21 capitais brasileiras pesquisadas – entre elas, Curitiba.
A indignação popular que gerou o sentimento anti-petista em 2016 foi um impulsionador do crescimento da direita no Brasil: em 2018, a eleição de Jair Bolsonaro mostrou-se importante para “tirar da toca” os eleitores da direita, que por muitos anos foram hostilizados pela esquerda e por quem dizia que não queria saber de política – os chamados isentões.
O cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec de Belo Horizonte, avalia que a direita brasileira tem se tornado mais institucionalizada após a “era lavajatista”: “A direita, que antes tinha uma postura mais radical, hoje está preocupada em garantir os espaços conquistados e expandir de forma mais segura”.
Mas o crescimento da direita na Capital não está restrito apenas à influência direta exercida sobre os bolsonaristas, com o apoio de Jair Messias à candidatura de Eduardo Pimentel.
EFEITO PABLO MARÇAL EM CURITIBA
Esta semana Cristina postou em suas redes alguns vídeos feitos na companhia de Pablo Marçal, que demonstrou apoio à candidata. De acordo com Esmael Morais (https://www.esmaelmorais.com.br), “essa aliança entre Graeml e Marçal sinaliza uma tentativa de unificar forças contra o sistema político estabelecido, buscando atrair eleitores descontentes com as opções tradicionais”.
Esse “efeito Marçal” vem se intensificando na última semana antes das eleições, principalmente devido à utilização das redes sociais e divulgação de apoiadores – entre os mais famosos, além de Pablo Marçal, figuram os jornalistas Alexandre Garcia e Rodrigo Constantino; o youtuber Luiz Galeazzo, do canal “Oi Luiz TV”; o desembargador Sebastião Coelho, de Brasília; a youtuber Antonia Fontenelle; e até mesmo Bolsonaro, que autorizou a utilização de fotos em que aparece ao lado de Graeml “como prova de que nós nos conhecemos e que temos um afeto um pelo outro, que transcende aí a questão político-partidária”, conforme noticiado pela jornalista Desirée Peñalba na coluna Entrelinhas da Gazeta do Povo.
O crescimento de Cristina Graeml nas intenções de voto tem chamado a atenção de muita gente – e, principalmente, de seus adversários. Graeml postou um vídeo no início desta semana, noticiando a apreensão de todo o seu material de campanha pela Justiça Eleitoral, requerido por Eduardo Pimentel, em razão da irregularidade no tamanho da fonte usada para destacar o nome de Jairo Ferreira Filho (PMB-PR), candidato a vice-prefeito de Graeml.