Senadores brasileiros da base governista disseram às mulheres dos
opositores que “não era o caso” visitar o presídio em que eles se encontram*
Após cumprir a agenda política na Venezuela sem enfrentar bloqueios ou a
hostilidade do governo chavista, a comitiva de senadores brasileiros da
base governista retorna ao Brasil na madrugada desta sexta-feira. A
comissão chapa-branca capitaneada pelo PT e formada pelos senadores
Lindbergh Farias (PT-RJ), Roberto Requião (PMDB-PR), Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM) e Telmário Mota (PDT-RR) se reuniu com representantes da
oposição venezuelana, mas negou um convite para visitar os presos políticos
mantidos pelo governo bolivariano de Nicolás Maduro. As mulheres dos
detidos convidaram os parlamentares pessoalmente, mas ouviram dos
brasileiros que eles não tinham ido ao país para interferir na “política
interna” de Caracas. As informações são de Veja.
A senadora Vanessa Grazziotin declarou que “não era o caso” fazer uma
visita aos opositores presos. “Você não chega a um país e vai a um presídio
falar com um preso sem pedir autorização previamente. Nós dissemos para
elas que a ajuda que podemos dar é ouvir todos os lados”, afirmou. Além das
mulheres dos presos políticos, os senadores tiveram encontros com famílias
de pessoas que morreram nas manifestações populares do ano passado, com o
ex-candidato presidencial Henrique Caprilles, com membros da Mesa da União
Democrática (MUD), que reúne os principais partidos de oposição, e com o
presidente da Assembleia Nacional do país, Diosdado Cabello – considerado a
segunda pessoa mais poderosa do país e investigado nos Estados Unidos por
envolvimento com o narcotráfico.
Depois do encontro, a MUD declarou por meio de um comunicado que informou
os brasileiros sobre a “grave situação” que assola o país e “que se vê
refletida no mal-estar da sociedade”. De acordo com a nota, o
secretário-executivo da plataforma, Jesús Torrealba, “deixou claro” aos
parlamentares que a MUD “quer uma mudança pacífica e eleitoral na
Venezuela”. A coalizão opositora diz que “tem plena consciência da
importância de estabelecer um diálogo com o governo do Brasil” e ressaltou
que seus membros querem que o país possa “apoiar a Venezuela”.
A MUD também reiterou o pedido para que representantes da Organização dos
Estados Americanos (OEA) e da União Europeia sejam convidados pelo governo
bolivariano para atuar como observadores das próximas eleições
parlamentares. O pleito foi agendado para o dia 6 de dezembro e, por
enquanto, será supervisionado somente pela União de Nações Sul-americanas
(Unasul).
*Tratamento distinto -* Na semana passada, o micro-ônibus que transportava
senadores brasileiros de oposição foi atacado por manifestantes
bolivarianos e bloqueado por obras que o governo resolveu fazer em um túnel
e na rodovia que leva ao presídio onde estão os presos políticos. O túnel
estava em “manutenção emergencial” e a pista estava sendo “lavada”,
disseram as autoridades locais. A polícia venezuelana nada fez para impedir
que o veículo fosse atacado por chavistas e, ao jornal Folha de S. Paulo,
um oficial admitiu que a orientação era sabotar a viagem dos senadores. Os
políticos também ficaram entregues à própria sorte após o embaixador
brasileiro em Caracas, Ruy Pereira, sumir depois de recepcioná-los no
aeroporto.
Desta vez, Pereira acompanhou a viagem dos senadores governistas
normalmente. A polícia também escoltou os senadores sem que houvesse
bloqueios ou manifestações que pudessem atrapalhar a agenda dos políticos
brasileiros. A senadora Vanessa Grazziotin disse que o fato de a comitiva
‘amiga’ ter chegado na quarta-feira à noite colaborou para que não houvesse
trânsito no caminho entre o aeroporto e o centro da cidade. O senador
Roberto Requião afirmou que a comitiva que foi ao país pedir a libertação
dos opositores venezuelanos chegou “em má hora”. Requião acrescentou que
sempre terá “uma visão fantástica” da Venezuela. *(Com Agência Brasil,
France-Presse e EFE)*