A retaliação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Palácio
do Planalto por causa da acusação feita pelo lobista Júlio Camargo de que
ele teria cobrado US$ 5 milhões terá seu primeiro capítulo nesta
sexta-feira (17). Desafeto da presidente Dilma Rousseff, o peemedebista
oficializará o rompimento com o governo. As informações são da Agência
Estado.
Na quinta-feira (16), após a divulgação da delação de Camargo, Cunha
encontrou-se com o vice-presidente da República, Michel Temer, comandante
do PMDB, para tratar do assunto. O rompimento foi revelado pelo site da
revista Época na noite de quinta. Cunha confirma a informação.
O movimento já era esperado por aliados e opositores do presidente da
Câmara. Um deputado do DEM avalia que o governo terá neste segundo semestre
o seu pior momento, pois Dilma será o principal alvo de Cunha. Para o
parlamentar, o peemedebista não mais evitará a abertura de processo de
impeachment contra a petista. Para um peemedebista, Cunha teria mesmo que
deixar de ser “camaleão”, ora governista, ora oposicionista, para assumir
de fato seu papel de adversário da presidente Dilma Rousseff.
Dentro do PMDB, Eduardo Cunha é a principal voz favorável ao rompimento com
o PT. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 14 de junho, ele já
defendia o desembarque de seu partido do governo e o fim da aliança entre
as duas legendas já a partir das eleições municipais do ano que vem. Na
quarta-feira, 15, ao lado de Temer, do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP),
Cunha voltou a defender de maneira enfática que o PMDB tenha candidato
próprio em 2018. Foi seguido pelos correligionários.
Na quinta-feira (16), em café da manhã com jornalistas, o presidente da
Câmara fez novos ataques ao PT: “Não aguentamos mais não disputarmos a
eleição e ficarmos perto do PT. Ninguém aguenta mais aliança com o PT”;
“Estamos doidos para pular fora (do governo)”; “Um partido que não quero na
aliança com o PMDB é o PT”.