A decisão do vice-presidente Michel Temer de se afastar da articulação
política do governo no Congresso Nacional e do PMDB chamar um encontro
nacional, marcado para o dia 15 de novembro, para se afastar do PT, minaram
as pretensões do grupo do senador Roberto Requião por mais cargos no
governo federal, a maioria deles no Paraná.
A decisão de Temer tira o ministério de Articulação Política de Rodrigo
Rocha Loures, aliado de Requião, que já ocupava a sala destinada a pasta.
Rocha Loures é assessor especial de Temer e a sua função já é ocupada por
Gilles Azevedo, ex-chefe de Gabinete da presidente Dilma Rousseff (PT).
Requião também pretendia se assanhar sobre a Diretoria Jurídica da Itaipu
Binacional e até indicou seu assessor de gabinete, o advogado Luiz Fernando
Delazari para o cargo. O grupo de Requião mirava também os cargos das
delegacias e superintendências regionais dos ministérios do Trabalho, Pesca
e Agricultura e de órgãos como o Ibama, IBGE, Incra, Dnit, entre outros.
O provável rompimento com PT atrapalha as pretensões de Requião e seu grupo
para ganhar musculatura para as eleições municipais.
Com o afastamento do PT também está prejudicada a aliança de Requião com a
senadora Gleisi Hoffmann para as eleições de 2018. Requião deve sair na
cabeça de chapa e Gleisi vai disputar a reeleição. Não por menos, Requião
já avisou que quer a indicação do partido para a disputa das eleições
presidenciais em 2018.
Temer decide deixar articulação política*
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) decidiu deixar a articulação política
do governo com o Congresso, afastando-se da negociação de cargos e verbas
com os partidos políticos que dão sustentação ao Palácio do Planalto.”Eu
não posso ficar o tempo todo cuidando do cotidiano da política e de
articulações específicas”, afirmou Temer a um aliado nesta sexta-feira
(21). Ele disse que pretende continuar “na articulação macropolítica, das
grandes políticas de Estado”. As informações são da Folha de S. Paulo.
O vice deverá colocar o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff na
semana que vem. Será a segunda vez que faz isso neste mês. A primeira foi
há duas semanas, quando a presidente pediu que continuasse na função.Temer
tem sido pressionado pelo PMDB a deixar a articulação política e tem
revelado cansaço com as disputas com ministros do PT que também têm atuado
como articuladores políticos do governo.
Prevendo que encontrará resistência de Dilma novamente, Temer deverá propor
sair da linha de frente aos poucos: deixar primeiro a responsabilidade pela
distribuição de cargos e verbas para emendas parlamentares, principal foco
de tensão com o Congresso e, depois, se afastar por completo das
negociações com o Legislativo.
O problema é que a relação do PMDB com o núcleo palaciano se deteriorou e o
partido quer desembarcar da articulação de uma vez e entregá-la de volta ao
PT. Uma ala também pressiona para que o PMDB vá além e rompa de vez com o
governo.
Procurada, a assessoria de Temer disse que o “vice presidente é o único
senhor do momento de permanecer ou sair da articulação politica”.
Diante da deterioração no relacionamento de Temer com o Planalto,
assessores do vice repetiram considerar a missão do chefe “cumprida” na
articulação política e que é hora de deixar a função.
A saída do vice acentuará o pessimismo sobre as condições do Planalto de
superar a crise política. Temendo interpretações assim, o governo jogará
pesado para mantê-lo no posto. “Temos de reverter esta situação para evitar
a piora da crise política”, disse um assessor de Dilma.
*BOMBEIRO*
Temer foi alçado à condição de bombeiro do governo em abril, quando a
presidente deu a ele a função de articulador político do Planalto. Mas logo
o vice começou a ser pressionado pelos aliados a se afastar da tarefa.
Há duas semanas, Michel Temer assustou o governo ao declarar que “alguém”
precisava reunificar o país. A fala foi interpretada como uma tentativa do
vice de se colocar como alternativa a Dilma.
Depois desse episódio, o núcleo palaciano e a presidente apostaram em Renan
Calheiros (PMDB-AL) como interlocutor no Congresso. Combinado ao movimento,
Dilma e seus auxiliares passaram a se reunir com parlamentares sem
comunicação prévia a Temer e seus aliados.
A operação irritou a cúpula peemedebista e fez crescer a pressão para Temer
deixar a articulação. Os principais defensores do desembarque são os
ex-ministros Moreira Franco e Geddel Vieira Lima e o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em conversa com Temer nesta sexta, Cunha fez um apelo para que o próximo
congresso do PMDB, marcado para novembro, seja antecipado para que seja
discutido o rompimento com o governo.