Há duas semanas, o Gaeco encaminhou a Procuradoria Geral de Justiça trecho de depoimento do auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, delator da Operação Publicano, atribuindo ao ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB) envolvimento em esquemas na Receita Estadual. Com informações de Diego Ribeiro, Euclides Lucas Garcia e Fábio Silveira na Gazeta do Povo.
O depoimento foi prestado entre maio e junho do ano passado, mas, segundo o Gaeco de Londrina, só o “subiu” agora por conta da grande quantidade de informações apuradas nas investigações. O Gaeco informou ainda que o depoimento foi mantido em separado por envolver um senador da República, que tem foro privilegiado – por isso não poderia ser investigado em Londrina.
No depoimento, Souza afirma que quem “quisesse resolver problema na Receita tinha que falar com o Heron Arzua”, que foi secretário da Fazenda no governo Requião, entre 2003 e 2010. “O escritório (de advocacia) dele que resolvia sobre qualquer coisa. Ele tinha um escritório, filho, filha ou parente dele”, declarou o auditor. Segundo ele, Arzua e Requião seriam sócios nesse escritório.
“Você está com uma notificação grande no Conselho (de Contribuintes e Recursos Fiscais)? Você ia no escritório dele, negociava, o cara pegava a defesa. Os advogados pegavam e repassavam pro pessoal do Heron (no conselho)”, afirmou Souza ao Gaeco. Durante parte do governo Requião, Claudia Arzua, filha de Heron, teve assento no conselho, o foro onde os empresários recorrem ao serem penalizados pelos auditores − uma espécie de segunda instância fiscal.
Conforme o delator, “na gestão Requião (o conselho) era o local do acerto”, o que teria inibido a corrupção entre os auditores fiscais, pelo menos entre os que atuavam diretamente na fiscalização das empresas. “Fiscal não pode fazer (acerto), o acerto é com o pessoal lá (no conselho)”, disse Souza ao Gaeco, ao explicar as supostas irregularidades durante o governo do peemedebista.
Mais citações
Além dessa, há outras duas citações ao governo Requião nos depoimentos prestados mediante o acordo de delação premiada. Em depoimento de 4 de maio do ano passado, Souza afirmou que acordos para facilitar a sonegação mediante o pagamento de propina feitos por empresários do setor de vestuário “ficaram suspeitos”.
Em 13 de maio, Rosângela Semprebom, irmã de Souza e também auditora, afirmou que o esquema de cobrança de propina por auditores ocorreu inclusive durante o governo de Requião, mas que, na gestão do peemedebista, os fiscais “foram redistribuídos” e que “essa redistribuição ocorreu para desestruturar qualquer esquema que estivesse estruturado”. Segundo ela, essa redistribuição “não alterava em nada os esquemas de propina”.
(foto: divulgação)
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