Dilma Bolada recebe R$ 20 mil por mês do PT

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No PT, existem duas Dilmas. Aquela que preside o país, a Rousseff, de que
quase nenhum brasileiro gosta nestes idos de 2015. E a outra, a Bolada, que
dois milhões de brasileiros curtem nas redes sociais. Como Bolada diz: “Sou
a Rainha da Nação, a Diva do Povo, a Soberana das Américas… Sou linda, sou
diva, sou Presidenta. SOU DILMA!”. Dilma Bolada, a caricatura que tem toda
a simpatia e toda a verve que tanto faltam à presidente, é criação do
publicitário Jeferson Monteiro. Ele sempre jurou – J-U-R-O-U – que fazia a
personagem por amor. Mas a revista Época descobriu que o publicitário
recebe um pixuleco de R$ 20 mil mensais do PT para fazer Dilma divar nas
redes e zoar sem dó os adversários políticos da presidente e do partido.

As provas estão em documentos enviados por advogados da agência Pepper
Interativa ao Superior Tribunal de Justiça. A Pepper é uma espécie de
agência parapartidária do PT. É usada para tudo que o partido não pode
fazer diretamente em campanhas ou nas redes sociais – como guerrilha
digital a favor do governo e contra os assim declarados inimigos da causa.
A Pepper trabalhou nas duas campanhas presidenciais de Dilma – Rousseff,
não a Bolada – e tem contrato com o PT.

Está sendo investigada no STJ na Operação Acrônimo, em que a PF descobriu
evidências dum esquema de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo o
governador de Minas, Fernando Pimentel, e operadores do PT. ÉPOCA já
mostrou que a dona da Pepper, Danielle Fonteles, é investigada por
intermediar pagamentos do BNDES para a mulher do governador Fernando
Pimentel, Carolina Oliveira, no período que ele era ministro de Dilma e
chefiava o banco. Dani, como é chamada, usou até contas secretas na Suíça
para receber dinheiro, enquanto pagava faturas de cartão de crédito da
mulher de Pimentel.

No ano passado, ÉPOCA revelou que o criador de Dilma Bolada exigia receber
meio milhão de reais da campanha à reeleição da petista. Num ato pouco
amoroso, chegou até a tirar a personagem do ar, de modo a pressionar a
campanha. Depois mudou de ideia. Quando ÉPOCA revelou o caso, Bolada, ou
Jeferson Monteiro, desceu do salto, fez um barraco, reafirmou que a
personagem “não estava à venda” – e não recebeu um real do tesoureiro João
Vaccari, amigo de Dani. A mesada de R$ 20 mil, intermediada pela Pepper,
surgiu logo depois, como “agrado”, nas palavras de um alto dirigente
petista. Começou a ser paga neste ano. O dinheiro sai das contas do PT,
entra na Pepper e segue para a empresa do publicitário. Nesse caso, não
parece haver ilegalidade. Há apenas hipocrisia. É uma relação comercial.
Mas a Pepper não quis explicá-la à ÉPOCA.

Jeferson, tampouco. Apesar das evidências, insistiu à reportagem que não
recebe do PT para manter o personagem Dilma Bolada. Disse que apenas presta
serviços a Pepper. “A Dilma Bolada não está vinculada a nenhuma empresa ou
partido. Não está e nem nunca esteve. Como já foi dito exaustivamente, as
páginas na internet são independentes e não há nenhuma relação com ninguém
para que elas existam ali. O serviço por mim, Jeferson Monteiro, executado
está relacionado à comunicação digital e nas redes sociais, análise,
produção e estratégia de conteúdo para os clientes da agência”. ÉPOCA pediu
um exemplo desses “serviços”. Jeferson não quis dar um só exemplo de
cliente ou serviço prestado a Pepper. Dois dirigentes do PT e um
marqueteiro do partido confirmaram à ÉPOCA que cabe a Pepper, com dinheiro
do contrato com a sigla, pagar pelos serviços de Dilma Bolada.

Entre os sites governistas bem pagos, Dilma Bolada tenta ser pelo menos
engraçada e popular. Hoje, Jeferson conta com 1.603.243 seguidores no
Facebook e 456 mil no Twitter, que se deliciam com as tiradas pagas com
dinheiro do PT. “A única preocupação do PSDB e do Aécio hoje é me derrubar
da Presidência. Vão trabalhar e aceitem, em 2018 vocês tentam de novo,
c…”. Além, claro, de elogios. Quando Dilma brindou com a chanceler alemã
Angela Merkel, nesta semana, Jeferson bolou: “Miga, aqui no Brasil a gente
brinda com cerveja num copo de boteco mesmo, liga não. Detesto frescura!”
ÊTA PRESIDENTA SIMPLES!!!“

Novos documentos obtidos pela reportagem mostram que Danielle, ao se
aproximar de petistas, fez fortuna com o dinheiro do PT. Atualmente, a
Pepper Interativa tem oito clientes, numa receita mensal na casa de R$ 1,2
milhão. O PT é, de longe, o principal cliente de Danielle. Todo mês o
partido paga R$ 530 mil à Pepper, algo como 45% das receitas (declaradas)
da empresa. A lista de funcionários da agência, por outro lado, mostra como
a operação é lucrativa. Os 61 funcionários da empresa custam por mês R$ 362
mil, uma média de R$ 6 mil por cabeça. O diretor de criação do escritório
de Brasília, por exemplo, tem um salário de R$ 11.400. Não é à toa que
Dilma Bolada e seus R$ 20 mil mensais são o maior salário da agência do PT.
Êta governismo bem pago!

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