Diante da possibilidade de desembarque do PMDB da base de apoio à
presidente Dilma Rousseff, o governo entrou em campo para tentar adiar em
pelo menos vinte dias a reunião do diretório da legenda, agendada para a
próxima terça-feira (29). O movimento visa a ganhar tempo para o Planalto
colocar em prática o último esforço de recompor a aliança com o maior
partido no Congresso Nacional e, assim, evitar o avanço do processo de
impeachment contra a presidente da República. As informações são de Marcela
Mattos na Veja.
Na função de articulador do governo, o ex-presidente Lula se reuniu nesta
terça-feira com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pediu
ajuda para conter a debandada do PMDB. Renan atendeu ao apelo do petista e
logo ao sair do encontro declarou: “Quando não há caracterização do crime
de responsabilidade, não é impeachment. O nome deve ser outro”, disse,
aderindo, de forma enviesada, ao discurso petista de que a destituição de
Dilma seria um golpe. À noite, o peemedebista voltou a dar declarações à
imprensa: “O PMDB reduzirá seu papel histórico se assumir a
responsabilidade pelo agravamento da crise”, afirmou.
Ministros peemedebistas também foram acionados. Eduardo Braga, que comanda
o Ministério de Minas e Energia, foi ao Senado na função de bombeiro:
reuniu-se com o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e tentou convencer a
bancada a apoiar o adiamento da reunião. Nos bastidores, parlamentares
enrolados na Operação Lava Jato são apontados entre aqueles que tendem a
buscar a proximidade do Planalto: além de Renan e do próprio líder
peemedebista, o senador Valdir Raupp (RO) é citado entre os articuladores
da operação para conter a debandada.
A estratégia, porém, foi freada pelo presidente Michel Temer e seus
aliados. O argumento é o de que a data da convenção já foi publicada no
Diário Oficial da União e que não haverá mudanças de posição ao longo dos
próximos dias. “Quem quiser atender o governo terá de pagar de pagar o
preço perante a sociedade e as ruas. Quem está com essa posição vai
continuar, não tem diferença”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima (BA). “As
lendas do partido resistem à transformação do país”, criticou o deputado
Darcísio Perondi (RS).
No último dia 12, durante convenção nacional, o PMDB determinou que fosse
convocada uma nova reunião em até trinta dias para decidir sobre o
rompimento com o governo Dilma. Com a relação ainda mais fragilizada após a
nomeação, a contragosto, do peemedebista Mauro Lopes para a Secretaria de
Aviação Civil (SAC), Michel Temer decidiu marcar o encontro para o dia 29
de março.
Na visão de parlamentares independentes, a pressão popular torna cada vez
mais insustentável a aliança do PMDB com o Planalto. Nos bastidores, o
partido já discute com o PSDB a formação de um governo pós-Dilma.
(foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
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http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/governo-nao-consegue-adiar-reuniao-do-pmdb-sobre-desembarque