Dirceu chegou à carceragem da PF em Curitiba sob grito de ‘ladrão’ e foguetes

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Preso na nova fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro José Dirceu chegou
por volta das 17h30 desta terça-feira (4) na sede da Polícia Federal em
Curitiba, sede das investigações, sob gritos e foguetes. As informações são
da Folha de S. Paulo.

Cerca de 50 pessoas, abraçadas a bandeiras do Brasil e com buzinas, apitos
e faixas elogiando a Justiça e a Polícia Federal, aguardavam o ex-ministro
em frente à sede da PF. Gritavam “ladrão” e “vagabundo”.

Uma delas soltou fogos quando Dirceu chegou ao local, escoltado por
policiais e dentro de uma viatura. “José Dirceu ladrão, o seu lugar é na
prisão”, gritou outro. “Polícia Federal, orgulho nacional”, afirmava outro
grupo.

O ex-ministro entrou direto no prédio na PF, sem aparecer para o batalhão
de jornalistas que o aguardava. Ele aterrissou na cidade em um avião da PF,
vindo de Brasília, pouco depois das 16h40. O voo durou cerca de 2 horas e
20 minutos.

Entre os manifestantes, havia integrantes de movimentos organizados, como o
Acorda Brasil, o Movimento Brasil Livre e o Direita Curitiba. Outros diziam
ter ido sozinhos. “É o primeiro dos grandes. Se o povo não vier apoiar,
pode acabar em pizza”, disse a psicóloga Liliana Padilha, 53, que estava
desde as 15h na PF com o marido, o engenheiro aposentado Carlos Padilha, 58.

“É o cabeça do esquema. Que maravilha ele estar preso”, elogiava a dona de
casa Rosane Sachet, 61, abraçada a uma bandeira do Brasil.

Até mesmo os servidores da PF saíram do prédio ou se posicionaram nas
janelas para acompanhar a chegada do ex-ministro.

Dirceu cumpria prisão domiciliar desde novembro em Brasília pela condenação
no escândalo do mensalão. Sua transferência a Curitiba foi autorizada pelo
ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele irá permanecer detido na carceragem da PF, no bairro Santa Cândida, a
oito quilômetros do centro da cidade.

No local, já estão outros 14 presos da Lava Jato, como o doleiro Alberto
Youssef e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, além dos outros sete
detidos na última fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda (3).

Na carceragem da PF, a comida é servida três vezes por dia, com talheres de
plástico. Os presos têm direito a uma hora de sol diariamente, e precisam
limpar a própria cela. Às quartas-feiras, eles recebem visitas de
familiares e amigos. Conversam por cerca de meia hora em um parlatório, por
meio de um telefone, separados por um vidro.

*’PIXULECO’*

O petista foi preso nesta segunda (3), na casa onde mora, em Brasília,
durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco.

Ele foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis
pela criação do esquema de corrupção na Petrobras.

“Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema, permitiu
que ele existisse e se beneficiou dele”, disse o procurador da República
Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos responsáveis pelas investigações.

Os procuradores da Lava Jato apontam Dirceu como responsável pela indicação
do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que foi responsável
pela negociação de contratos de obras da Petrobras de 2003 a 2012 e é
acusado de cobrar propina dos fornecedores da estatal.

O procurador Lima afirmou que o esquema de corrupção na Petrobras
reproduziu características do mensalão, porque parte do dinheiro abasteceu
políticos do PT e de outros partidos governistas. “O DNA é o mesmo: compra
de apoio partidário”, disse.

Para ele, o esquema foi “sistematizado” no governo Lula. Questionado se o
ex-presidente também seria investigado, Lima disse que “nenhuma pessoa no
regime republicano está isenta de ser investigada”.

*MAL ESTAR*

Nesta segunda, Dirceu chegou ao prédio da PF queixando-se de mal estar e
solicitou a presença de um médico de sua confiança. Segundo o delegado da
Polícia Federal, Luciano Lima, foi constatado que o ex-ministro –que já
esperava que fosse preso estava com pressão alta. Ele foi medicado e passa
bem.

O delegado relatou ainda que Dirceu comeu a mesma marmita que os demais
presos, porém, sem sal, em virtude de sua condição de saúde.

No final da tarde desta segunda, o petista recebeu a visita de sua
companheira, Simone Patrícia Tristão Pereira. Ela levou roupas e roupas de
cama para Dirceu.

Como foi examinado na superintendência, o ex-ministro não precisou fazer
exame corpo de delito.

*’PRISÃO POLÍTICA’*
O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, afirmou nesta
segunda que os pagamentos recebidos pela empresa de seu cliente referem-se
todos a serviços prestados. A prisão de Dirceu não tinha “justificativa
jurídica”, segundo o defensor, que a classificou como “política”.

Disse ainda que Dirceu se tornou um “bode expiatório” da Operação Lava Jato.

“A justificativa colocada me parece mais uma justificativa política”,
declarou Podval. Questionado, explicou que o juiz federal Sergio Moro
reagiu “a uma pressão popular” ao decretar a prisão.

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