Dissidentes do PMDB devolvem dólares de irmão de Requião
A campanha pra valer começou neste sábado (26) na Boca Maldita de Curitiba. Dissidentes do PMDB, contrários à candidatura de Roberto Requião (PMDB), distribuíram panfletos com fac-símile de matéria do jornal da Gazeta do Povo, edição de 23 de setembro de 2012, em que a Polícia Federal, através da Operação Dallas, liga fraudes e desvio de dólares do Porto de Paranaguá a Eduardo Requião, irmão do senador candidato do PMDB ao governo do Paraná. Também foram devolvidos os dólares – uma montagem da nota de US$ 1 dólar com a foto de Eduardo Requião – aos populares que circularam pela manhã na Boca Maldita. O ato foi animado ainda pela banda Vovó Dallas – uma alusão a operação desencadeada pela PF e ao apelido do irmão de Requião – Vovó Nana – em Paranaguá.
Os dissidentes do PMDB formaram o Comitê Paraná Total – estrutura suprapartidária composta de ativistas políticos e dos movimentos sociais. “É o início da campanha eleitoral. Um ato irreverente como irreverente é a Boca Maldita. Estamos trazendo aquele que é um dos grandes assuntos desta eleição: as denúncias do envolvimento da família Requião no caso da corrupção do Porto de Paranaguá. É uma questão que não pode passar desapercebida da população do Paraná durante este processo de debate”, disse Doático Santos, secretário-geral do PMDB de Curitiba e coordenador do comitê. O ex-governador Orlando Pessuti e outros peemedebistas e comunistas também participaram do ato.
As denúncias envolvendo Eduardo Requião ganharam destaque na imprensa. Conforme a Gazeta do Povo, as ligações
interceptadas pela Polícia Federal indicam Requião receberia US$ 2,5 milhões na compra de uma draga. “Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante a investigação que culminou na Operação Dallas, deflagrada na última quarta-feira, revelam que o ex-superintendente do Porto de Paranaguá Eduardo Requião de Mello e Silva, irmão do senador eleito e ex-governador do estado Roberto Requião, seria o principal beneficiário de um suposto esquema que renderia propina de U$S 5 milhões (quase R$ 9 milhões) na licitação para a compra de uma draga vinda da China. As interceptações ainda apontam indícios de que Eduardo Requião mantinha em casa grande volume de dólares sem comprovação de origem, além de fazer remessas para o exterior”, diz a matéria da Gazeta do Povo de 23 de setembro de 2012. Leia a seguir trechos da matéria.
Nas conversas narradas nos relatórios da PF, obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e que fazem parte da investigação da Operação Dallas, o ex-superintendente Daniel Lúcio de Oliveira de Souza fala que Eduardo Requião, citado nas conversas como “Crocodilo”, receberia US$ 2,5 milhões (R$ 4,2 milhões) em propina caso a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) comprasse a draga da empresa Global Connection.
A investigação da PF mostra que a negociação da propina que seria obtida na compra da draga teria chegado à ante-sala do então governador Roberto Requião. Não há indícios, porém, de que o ex-governador sabia da fraude no processo licitatório. Mesmo assim, a certeza de que o esquema daria certo era tanta que, segundo a PF, o contrato de compra da draga chegou a ser assinado com o vendedor chinês antes da licitação – o processo de compra, no entanto, foi cancelado pela Justiça Federal em agosto de 2010.
Em uma troca de e-mails, datados de 4 de abril de 2010, dois dos investigados falam sobre o fato de Eduardo Requião guardar dólares em apartamentos em Curitiba e Rio de Janeiro. Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão, os agentes da PF encontraram R$ 140 mil na casa de Eduardo no Rio. O relatório da PF mostra ainda que um dos investigados relatou que Eduardo Requião tem uma conta nos Estados Unidos.