Dona de agência de comunicação ligada ao PT fecha delação

fernando-pimentel-carolina-oliveira

Uma nova delação vai deixar o Palácio do Planalto em alerta. A publicitária
Danielle Fonteles, dona da agência de comunicação Pepper Interativa, fechou
colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República na Operação
Acrônimo, que apura suspeita de um esquema de desvio de dinheiro público
para campanhas políticas do PT. A empresa, que produz conteúdo para a
internet, começou a trabalhar para o partido em 2010 e cresceu na esteira
da campanha que elegeu Dilma Rousseff. A informação foi revelada pela
revista “Veja”. As informações são de Márcio Falcão na Folha de S. Paulo.

Segundo pessoas próximas à investigação, Danielle acertou com os
investigadores implicar o governador Fernando Pimentel (PT-MG) e Benedito
Rodrigues Oliveira Neto, o Bené, empresário e amigo do petista. Os dois já
estão sendo investigados.

Há ainda a expectativa de que as revelações devem alcançar a campanha da
presidente. A suspeita é de que a Pepper tenha sido utilizada para repassar
dinheiro dos cofres públicos e de campanhas eleitorais para políticos e
agentes públicos.

De acordo com investigadores, a Pepper poderia explicar o uso de dinheiro
em campanhas do PT que teria sido desembolsado por empreiteiras que estão
na Operação Lava Jato, acusadas de participação no cartel que atuou no
esquema de corrupção da Petrobras, como a Andrade Gutierrez e a OAS.

A Folha de S. Paulo revelou no início do mês que a Andrade Gutierrez contou
aos investigadores da Lava Jato ter pago R$ 6 milhões para a Pepper em
2010, por meio de contrato fictício.

A OAS também indicou que estaria disposta a falar sobre o pagamento de
dívidas da campanha de Dilma de 2010 para a Pepper, quando foram pagos R$
717 mil. A agência cuidava da imagem de Dilma no Facebook, entre outros
serviços.

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)
apontou que a empresa movimentou recursos considerados suspeitos do PT.

A dona da Pepper vinha resistindo a fechar delação, mas com o avanço das
investigações Danielle acabou cedendo. A colaboração terá que ser
confirmada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Herman
Benjamin, relator da Acrônimo.

*INVESTIGAÇÃO*

A Operação Acrônimo foi deflagrada em 2015 e apura irregularidades no
financiamento e na prestação de contas da campanha de Pimentel ao ao
Palácio da Liberdade, em 2014, e eventual favorecimento a empresas com
empréstimos do BNDES, subordinado ao Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, pasta que foi comandada pelo governador.

Segundo a Folha apurou, foram encontrados indícios de que Danielle recebeu
comissões para intermediar demandas de empresas africanas junto a Pimentel.

Foi encontrado um contrato de US$ 1,3 milhão da Pepper com uma empresa do
Congo, a Asperbras, que era representada por um brasileiro, também alvo da
operação.

A Pepper entrou na mira da Acrônimo porque há suspeitas de que a mulher de
Pimentel, Carolina de Oliveira, seria sócia oculta da empresa e receberia
comissões por meio dela. A Pepper teria repassado para a empresa dela pelo
menos R$ 230 mil.

Em fevereiro, o STJ autorizou a Polícia Federal a interrogar Pimentel e a
indiciá-lo caso ache pertinente.

A Folha de S. Paulo apurou que, na avaliação da PF, o governador pode ser
indiciado sob suspeita dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.

(foto: Omar Freire/Imprensa MG)

*link matéria*
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1754620-dona-de-agencia-de-comunicacao-ligada-ao-pt-fecha-delacao.shtml

Compartilhe