EBC virou ‘cabide de emprego’ e símbolo de aparelhamento político, diz ministro

geddel

O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que sua
proposta de extinção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), revelada pelo
colunista Jorge Bastos Moreno, está ganhando adeptos dentro do governo e
que discutiu a proposta com o presidente interino, Michel Temer. Geddel
disse ao GLOBO que a EBC se transformou num “cabide de emprego” e “foco de
militância”. As informações são de Cristiane Jungblut n’O Globo.

O GLOBO já revelou que o projeto dos governos petistas de Lula e Dilma de
transformar a EBC em uma instituição pública de comunicação consumiu mais
de R$ 3,6 bilhões de recursos diretos do Orçamento do governo federal nos
últimos oito anos, conforme levantamento feito pela assessoria técnica do
DEM, a pedido do GLOBO.

Presidente do Conselho Curador da EBC, a jornalista Rita Freire reagiu às
declarações do ministro, afirmando ser uma “temeridade” querer acabar com
uma estrutura voltada para a sociedade, de informação pública. Ela disse
que a EBC está sob “forte ataque” na gestão de Michel Temer e que o
Conselho deverá se pronunciar mais uma vez em defesa da empresa.

Geddel disse que o governo não precisa de uma empresa para “autopromoção” e
que basta o presidente ter uma estrutura para os registros históricos, por
exemplo. Para ele, só deve existir uma estrutura para dar informação e não
fazer autopromoção. Desde que assumiu, Temer identificou na EBC foco de
resistência, tanto que nomeou o jornalista Laerte Rímoli para comandar a
empresa e teve que recuar, depois que a nomeação foi contestada no Supremo
Tribunal Federal. Uma liminar do ministro Dias Toffoli restituiu a direção
da EBC ao jornalista Ricardo Melo, que havia sido nomeado na gestão da
presidente Dilma, antes do afastamento do cargo no processo de impeachment.

— Essa é uma visão pessoal e não de governo. Mas fico feliz que outros
estejam concordando. A EBC é um símbolo de um governo ineficiente, do
aparelhamento da gestão, de autopromoção. Não pode ser canal de
autopromoção. O que for informativo e não autopromocional, se mantém. Para
fazer propaganda, temos contratos com agências para fazer publicidade, que
é outra coisa. Acabar com isso é um imperativo para que o novo governo se
diferencie. Falei minha opinião ao presidente, que ouviu — disse Geddel.

O ministro disse que pode se discutir alternativas, talvez uma estrutura
enxuta com equipes para registrarem os atos do presidente, acompanhá-los
nas viagens. Hoje, a estrutura de comunicação tem a NBr, que é a TV do
governo, que transmite todas as cerimônias do governo, por exemplo. A TV
está dentro da EBC, que funciona como uma agência de notícias oficial.

Para o ministro, poderiam ser feitos vínculos com as TVs Educativas,
repassar inclusive os equipamentos modernos e aproveitar todos os
concursados.

— E demitir os cargos de confiança — disse ele.

*PADILHA DIZ QUE HÁ GASTOS SUPÉRFLUOS NA EBC*

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ao GLOBO que Temer
determinou a realização de um levantamento sobre o custo real do aparato da
Empresa Brasil de Comunicação e defendeu mudanças na EBC. Na prática, Temer
já decidiu que haverá mudanças, mas a radicalidade disso é que está em
questão: se uma reformulação principalmente da linha, com nova direção, ou
a simples extinção da EBC e a criação de uma nova estrutura. Padilha disse
que há, sim, gastos “supérfluos”.

A EBC está sob o guarda-chuva da Casa Civil. Uma das propostas seria a
extinção da TV Brasil, na qual os programas seriam mais caros e
“ideologizados” e retomar um modelo mais formal de comunicação, nos moldes
da antiga Radiobras.

— Já falei com o presidente Michel sobre isso e ele determinou que se faça
um estudo real dos gastos. O governo não tem interesse em concorrer com a
mídia privada. Alí, é um gasto absolutamente supérfluo. E, num momento em
que estamos numa fase de fazer mais com menos, as coisas supérfluas. Isso
servia muito bem a quem queria ideologizar as ações do governo, queria a
construção de uma franquia ideológica a partir dessa comunicação. Não é o
nosso caso. Poderemos redimensioná-la. Não vamos extinguir a área de
comunicação de governo. É inadmissível a ideologização da comunicação de
governo. Mas a comunicação de governo é indispensável — disse Padilha.

A gestão petista ficou marcada por ter contratado profissionais, em cargos
de confiança, por altos salários. Em 2015, os gastos chegaram a R$ 547,6
milhões em 2015. O número de funcionários da empresa saltou de 1.629 em
2007 para 2.615 em abril deste ano — um aumento de 60,5%.

Temer já assumiu querendo, pelo menos, reduzir os gastos da empresa. A TV é
apontada como sem audiência tanto pelo novo governo como por petistas.

(foto: Jorge Willian/Agência O Globo)

*link matéria*
http://oglobo.globo.com/brasil/ebc-virou-cabide-de-emprego-simbolo-de-aparelhamento-politico-diz-ministro-19487534#ixzz4BMmy6RRM

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