Eduardo Cunha (PMDB-RJ) venceu neste domingo, em primeiro turno, a eleição para a presidência da Câmara – uma derrota significativa para a presidente Dilma Rousseff, que mobilizou vários ministros na campanha do petista Arlindo Chinaglia (SP). Ele conquistou 267 votos, contra 130 de Chinaglia, 100 de Júlio Delgado (PSB-MG) e 8 de Chico Alencar, do PSOL. Assim que proclamado o resultado, Cunha criticou o que classificou como “interferência” do Planalto da disputa e se comprometeu a não fazer qualquer tipo de retaliação ao governo. As informações da Veja.
Ainda assim, reforçando a fama de inimigo do governo Dilma, prometeu pautar já na primeira sessão deliberativa a votação final do Orçamento Impositivo, sistema que obrigaria o pagamento de emendas parlamentares sem a possibilidade de o Executivo barrar a liberação dos recursos.
Aos 56 anos, no terceiro mandato na Casa, Eduardo Cunha é um político meticuloso, que conhece como poucos as entranhas do poder em Brasília. Seus aliados projetam que, no futuro, será facilmente equiparado ao senador Renan Calheiros, também do PMDB. Com pelo menos três celulares criptografados, Cunha lidera com desenvoltura as negociações nos bastidores no Congresso, define cargos para seus afilhados políticos, traça estratégias para dificultar os interesses do Palácio do Planalto.
Alvejado por denúncias de corrupção, sempre saiu praticamente ileso das acusações atribuídas a ele. No ano passado, foi absolvido, por falta de provas, da imputação de usar documentos falsos para suspender um processo no qual o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) apurava irregularidades em sua gestão na companhia estadual de habitação (Cehab) – responsável pelas verbas destinadas à construção de casas populares.
Deputado com pavio curto, reúne desafetos históricos – o ex-aliado Anthony Garotinho e o inimigo figadal Ciro Gomes são os melhores exemplos. Tem personalidade vingativa e um apetite voraz pelo poder. Mais do que vencer as eleições para a Presidência da Câmara neste domingo, projeta uma mudança de rumos no PMDB: articula desde já a manutenção do partido na chefia das duas Casas legislativas em 2017 e defende abertamente que a sigla lance candidato próprio à Presidência da República em 2018.