Esquerdas caviar, Lacoste
e radical disputam segundo
lugar na corrida ao Senado
Desde a deflagração da operação Lava Jato, que trouxe à tona uma série de esquemas, desvios e negociatas entre o doleiro Alberto Yousseff e o deputado André Vargas (PT), que naufragou a pré-candidatura do petista ao Senado, Alvaro Dias (PSDB), ex-governador e no terceiro mandato em Brasília não está levando maiores dificuldades na sua campanha à reeleição. No entanto, a disputa está acirrada na segunda colocação pelas esquerdas caviar (Marcelo Almeida, PMDB), Lacoste (Ricardo Gomyde, PCdoB) e radical (Luiz Piva, Psol).
Na última pesquisa da Datafolha trouxe um empate técnico entre os três. Gomyde, da chapa de Gleisi Hoffmann (PT), está 4%, e Almeida, parceiro de Roberto Requião (PMDB) está empatado com 3% com Luiz Piva. Tal disputa não é menos importante já que os três querem ganhar visibilidade para projetos futuros, como foi o caso de Gleisi, que então desconhecida, foi candidata em eleições consideradas perdidas (em 2006 perdeu a vaga do senado para Alvaro Dias, e em 2008 fez 18% dos votos para prefeitura de Curitiba) e com isso teve facilidade para conquistar uma das duas vagas do senado na disputa de 2010.
Senador Lacoste
O mais curioso é os três candidatos se reivindicam como o candidato da esquerda nessas eleições. Começando por Gomyde, de partido aliado mais fiel ao Planalto, começou na política pelo movimento estudantil e foi um dos puxadores dos caras pintadas pelo Fora Collor em 94, o que lhe garantiu um mandato de vereador em Curitiba e de deputado federal. Requião porém, discorda que ele represente o voto de esquerda: “Antigamente o símbolo do PC era foice e martelo, hoje é o jacaré da Lacoste? Gleisi, oh Deus! O senador Lacoste é mais Beto Richa que a própria Fernanda!” afirma o ex-governador pelo twitter.
Requião e Gomyde se tornaram desafetos depois do peemedebista ter defenestrado o comunista da Secretaria de Esportes em seu governo, por uma suposta aproximação com Beto Richa durante as eleições de 2008, onde fez menos de 1% facilitando a recondução de Richa a prefeitura. Gomyde conta dificuldades de conseguir apoio dentro da própria chapa, pois para sair candidato, o PT rifou a candidatura do deputado federal Dr. Rosinha, militante histórico, que atualmente coordena a campanha de Dilma no Paraná. “Essa foi a gota d’água” dizem petistas das alas mais militantes, alas sindicais e de correntes rivais a CNB de Gleisi, todos cada vez mais insatisfeito com a condução da campanha e migrando para o palanque do “Dilmão” (Dilma + Requião).
“Sou rico e não cheiro cocaína”
Outro candidato que ainda patina nas pesquisas é o suplente de deputado Marcelo Almeida, aposta da chapa de Requião, que apesar de ser considerado o candidato mais rico do país, se reivindica de esquerda e das causas populares. Um dos principais acionistas da empresa fundada pelo pai, a CR Almeida, é dona de duas concessionárias de pedágio no Paraná. Durante o governo Requião, as concessionaras ganharam um aditivo no contrato liberando elas da responsabilidade da duplicação das rodovias concedidas, e o candidato afirma que não vê saída para a questão dos pedágios. Marcelo Almeira está apostando na estratégia de copiar o estilo insano de seu mentor, e procura dar entrevistas com declarações polêmicas, como na última declaração em entrevista a Folha de Londrina onde afirmou que “todo o mundo rouba” ao ser questionado sobre a importância da CPI da Petrobrás.
Fim do Senado
Luiz Piva, do nanico PSol, partido que não havia pontuado em pesquisas em eleições estaduais até então, tem como seu principal mote o fim do modelo bicameral do Congresso Nacional. Segundo ele, a existência de duas casas legislativas, “além de desnecessária, só dificulta as mudanças necessárias para a democracia do País avançar”. Candidato ao Senado pela segunda vez, nas eleições de 2008, Piva contou com a inusitada simpatia de Roberto Requião que acabou conquistando uma das duas vagas do pleito. Na época, além de Requião achar Piva e as contribuições do Psol como as “mais coerentes”, Requião andava às turras com a colega de chapa, atual senadora, que fechou um “acordo branco” com o candidato Gustavo Fruet (na época no PSDB), que ficou por muito pouco em terceiro lugar quase aposentando Requião pelas urnas. Segundo correligionários mais próximos, Requião não teve dúvida em votar 50 na segunda vaga ao senado para se vingar de Gleisi, mas ele nega o feito até hoje.