Mais de 5.000 mães de Cascavel esperam numa fila interminável, que aumenta a cada ano, por uma vaga numa creche do município para seus filhos. Sem essa vaga, essas milhares de mães ficam impedidas de conseguir um emprego, obviamente.
Não se entende como um prefeito pode ser insensível a essa realidade. São seis anos e meio, a completar no dia 30 deste mês de junho, com a construção de novas unidades praticamente estagnada na cidade.
O assunto é tabu na imprensa de Cascavel. Não se ouve um pio contra esse atentado às mulheres humildes que não têm onde deixar suas crianças para ir à luta num subemprego qualquer.
Eu recebi uma denúncia que ainda não pude checar. Se algum leitor souber alguma coisa sobre a veracidade, ou não, peço que me informe.
Trata-se da divisão dos horários para atender mais pessoas. Ao invés de aceitar a criança em horário integral, manhã e tarde, a prefeitura teria passado a aceitá-la em apenas um turno: ou de manhã ou à tarde.
Um golpinho para aumentar o número de crianças “atendidas”.
Na próxima coluna prometo informar melhor sobre esse fato. É difícil de acreditar numa história dessas, mas pra quem manja o Paranhos…
OS “MOROS DE CASCAVEL”
Quando Sérgio Moro surpreendeu o mundo por conseguir por na cadeia poderosos que nunca haviam sequer cogitado essa possibilidade, no Brasil do Judiciário inteiramente dominado pelo sistema vigente, imaginou que teria arrumado alguns inimigos, é claro.
Mas nem o Moro, nem qualquer outro brasileiro, poderia prever a quantidade de oponentes que se uniriam para dar o troco. Aliás, houve um momento em que não se poderia encontrar alguém questionando alguma decisão do juiz mais poderoso do planeta.
Moro começou seu plantio de inimigos com os presos, claro, suas famílias e seus amigos. Nenhuma novidade, estava dentro da previsão mais obvia. Os partidos políticos dos quais esses presos faziam parte, que enlouqueceram quando se viram nus. Também estava no script.
Os empresários presos, entre os quais alguns dos mais ricos do país. O caldo começou a engrossar, pois os outros empresários, cuja maioria havia enriquecido sob a sombra do poder público, e que ainda não estavam expostos, viram que a coisa poderia vir pro lado deles. Esse conjunto de empresários, os presos e os que ficaram com medo do futuro, mantinham seus negócios de forma discreta porque eram (ainda são) os maiores clientes da mídia. Bancos, federações da indústria, do comércio, empreiteiros, associações de todos os tipos de empregados e patrões, ONGs., ambientalistas mordedores, todo mundo se sentiu ameaçado. E de fato estavam.
Moro não poderia se salvar, mas não sabia disso, e nem do pior.
OS “MOROS” DE CASCAVEL II
Ao prender presidentes, ministros e bilionários, Moro mostrou que isso era possível. Bastava o juiz cumprir a Constituição, chacoalhar a preguiça que impera nos fóruns e nos tribunais superiores, que mesmo o nosso elástico sistema jurídico possibilitava um Brasil menos corrupto. Depois de 500 anos, o Brasil, por alguns meses, acreditou na justiça. Todos viram, então, que os juízes de todas as cidades do país poderiam ter melhorado o país, mas entraram no esquema, por um motivo ou outro, e não combateram os roubos que todos conheciam e conhecem. Ficou ruim pro Judiciário, e todos, numa autodefesa, passaram a odiar o Moro atrevido.
Mas a junção de forças citadas não representava a soma total. Vieram os jovens sem muito discernimento que acreditavam nos discursos ultrapassados de professores tão tapados quanto eles. Com o massacre crescente da máfia da mídia, que começou timidamente a dizer que o Moro não poderia ter conversado com um promotor, depois achou algumas tecnicalidades bobas para dizer que os roubos não eram roubos, que o dinheiro devolvido era fictício, e agora, em seu momento mais agressivo, passa a exigir a cassação dos mandatos do juiz e dos promotores ousados. Influenciados pela mídia, brasileiros que fingiam não gostar da corrupção estão mostrando sua realidade: é da corrupção alheia que eles não gostam. Era ciúme disfarçado de repúdio.
A ação de devolver o Brasil ao sistema corrupto antigo é instrumentalizada pelo Supremo Tribunal Federal, onde dez ministros inteligentes deixam um outro, o Alexandre, como boi de piranha, receptor e responsável único por toda a desmoralização da cúpula judiciária.
Vão cassar o Moro, em breve. E também os que agirem como o Moro. É a nova ordem brasileira, a corrupção onipresente desde sempre, mas agora referendada pelo sistema sem sombra de dúvida. Ninguém mais vai questionar nada.
E Cascavel, o que tem a ver com isso tudo? Conto agora.
OS “MORO” DE CASCAVEL III
Faz anos que a prefeitura e a Câmara aumentam o perímetro urbano, multiplicando o preço de propriedades de alguns afortunados. É uma festa, um pequeno crime quase perfeito. Todos ganham: proprietários, políticos, jornalistas que defendem o aumento e suas conseqüências, etc… O povo perde, porque tem que pagar as melhorias nestas áreas distantes, mas o prejuízo é, quase sempre, diluído em alguns meses ou anos. “O que são Quarenta ou Cinquenta Milhões divididos por 350.000 pessoas?”, riem os cínicos.
Todos aplaudem, o aumento deste ano está aprovado, com seus anexos espetaculares. Mas como os exemplos no Brasil não são seguidos, e existem sempre alguns teimosos querendo defender princípios de honestidade que nada têm a ver com a nova ordem brasileira, eis que dois vereadores decidem votar contra o projeto e a favor do povo que vai pagar a conta salgada. Não entraram no esquema. São eles o Serginho Ribeiro e a Professora Lilian.
Correm riscos, obviamente. Se chegar ao Judiciário que eles estão com essa conversa de honestidade, ultrapassada e retrógrada, e com atitudes decentes, poderão ser cassados.
Enfrentar o novo sistema, que tal essa? Deixa o Xandão saber…
OS SECRETÁRIOS DO RATINHO
O Governador Ratinho é acusado, no interior, de concentrar os recursos do estado na capital Curitiba. Correta ou infundada, a acusação é pouco difundida, porque a mídia é muito bem tratada pelo eficiente Secretário de Comunicação Cleber Mata, profissional experiente importado de São Paulo, onde prestou serviços de assessoria direta a seis ex-governadores. Cleber distribui de forma competente os fartos recursos da área. Em especial nas áreas de rádio e televisão. A estruturação da cadeia de rádios da Rede Massa vai deixar um legado político permanente para o governador. Custa caro, mas coisa boa nunca é barata.
Outras secretarias são muito bem avaliadas pelos analistas que conhecem as coisas do nosso estado. A Educação pode ser apontada, sem qualquer favor, como uma das melhores, senão a melhor, do Brasil. Os índices de avaliação comprovam isso. Vai bem o Roni Miranda. O Secretário de Indústria e Comércio Ricardo Barros dispensa comentários. A Segurança Pública vai muito bem nas mãos confiáveis do Coronel Hudson.
Algumas secretarias burocráticas cumprem sua função. Como não tem função política destacada, nem executiva, sem obras ou planejamento, o que se espera é que continuem discretas, não gerando notícia ruim já ta bom. São as secretarias de Administração, Turismo, Esporte, Inovação, que não fedem nem cheiram. Existem porque fica meio chato eliminá-las, mas não tem influencia, a curto prazo, na vida de nenhum paranaense, apesar de gastarem como gente grande. Na mesma faixa estão aquelas bobagens como Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Social, Secretaria da Igualdade Racial, etc…
Os piores setores da administração vêm das áreas que deveriam apresentar resultados sociais mais elevados, pela facilidade de administrá-las, como a Copel e a Sanepar, monopolistas que têm a prerrogativa de cobrar o que bem entenderem, e cobram muito bem, sem dó nem piedade dos paranaenses mais humildes. Os lucros estratosféricos das empresas de água e luz do Paraná não encontram reciprocidade nos serviços prestados ao povo, que não vê hoje na Copel e na Sanepar nem uma pálida sobra do que eram no passado. A área mais fraca, que sofre críticas gerais, porém, não é nem Copel nem Sanepar: é a Cohapar, de atuação pífia, lastimável. Parece desativada.
Quem recebe aprovação unânime da população e de toda a área cultural é a Secretaria da Cultura, onde o Governador teve a felicidade de nomear uma pessoa que conhece todos os meandros da cultura verdadeira do nosso estado. Luciana Casagrande Pereira ressuscitou a Secretaria, e principalmente levou o governo a todos os municípios do estado, sem abrir mão dos cuidados com a capital. Show a cultura do estado.
CURTAS
PINTOU GRANA : Esta semana, pra quem conhece a intimidade da relação dinheiro/imprensa, deve ter acontecido uma farta distribuição de dinheiro público à grande mídia. Foi assunto em quase todos os veículos de comunicação a “promoção” do Brasil na escala de rating da Standard & Poor’s, que desde 1840 divulga aos investidores mundiais o risco de cada país. Esse risco tem uma dezena de estágios e vai do inadimplente até o mais confiável, chamado de grau de investimento. O Brasil há alguns anos é avaliado como BB- (BE BE MENOS). E porque digo que pintou grana? É que a divulgação do rating da Standard, desta semana, deixa o Brasil exatamente na mesma avaliação: BB-.
PT QUER RÁDIO E UMA TELEVISÃO:
Já foi protocolado oficialmente o pedido do Partido dos Trabalhadores, no Ministério das Comunicações, de concessão de canais de rádio e televisão ao partido, visando à educação política dos cidadãos “além do voto”. O pedido dividiu o partido: muitos acham exagero. “Pra que essa despesa, se já temos a Rede Globo?”.
COLUNA DE MANO PREISNER DE CASCAVEL