Senadora do PT do Paraná admite que usou doações de empresas investigadas por desvios na Petrobras.É a notícia desta segunda-feira, 27, nos grandes jornais de circulação nacional, Folha de S. Paulo, O Globo e o Estadão. Em depoimento à Polícia Federal, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) admitiu ter negociado doações para sua campanha em 2010 com cinco grandes empreiteiras investigadas no esquema de corrupção da Petrobras.
A petista disse que tratou de contribuições com Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez. No caso da UTC, ela disse que “fez [o pedido] diretamente ao diretor-presidente Ricardo Pessoa”, apontado por outros delatores do esquema como líder do cartel.
Na prestação de contas ao TSE, Gleisi apontou as doações da Camargo Correa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC Engenharia (R$ 250 mil), CR Almeida (R$ 250 mil), Coesa Engenharia (R$ 220 mil), entre outras empreiteiras e seus diretores.
Em 2010, Gleisi teve ainda a maior parte de sua campanha irrigada em R$ 3,7 milhões doados por empreiteiras. Outros R$ 2,7 milhões foram doados pelos diretórios estadual (R$ 881,3 mil) e nacional (R$ 1,9 milhão) do PT que obtiveram 75% dos seus recursos através de doações de empreiteiras.
Apesar dos indícios, Gleisi sustentou que todas as contribuições foram legais e registradas na Justiça Eleitoral. A petista afirmou que a tarefa de arrecadação era encabeçada por ela própria com ajuda de assessores e negou que o ex-ministro Paulo Bernardo (Comunicações), seu marido, tivesse participação.
Segundo a petista, após os contatos, Ronaldo Baltazar, tesoureiro de campanha, “se ocupava de operacionalizar o envio do dinheiro e apresentação do correspondente recibo”.
As doações ao PT estão sob suspeita porque, segundo o Ministério Público Federal, foram uma forma de pagamento da propina que empresas deviam ao PT para manter contratos com a Petrobras.
INVESTIGAÇÕES
Alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), a senadora é investigada por, supostamente, ter recebido R$ 1 milhão numa negociação envolvendo o ex-ministro Paulo Bernardo. A transação teria tido participação do doleiro Alberto Yousseff e do empresário Ernesto Klugler.
Paulo Bernardo também prestou esclarecimentos à PF e negou que tenha tratado de recursos para campanha. O casal confirmou ser próximo do empresário Klugler, mas negam que tenham recebido recursos de Youssef ou do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Confrontados com uma anotação encontrada numa agenda de Paulo Roberto (“1,0 PB”), que o ex-diretor da Petrobras associou a uma contribuição feita à campanha de Gleisi, a senadora e seu marido disseram desconhecer sua motivação.
A senadora disse que não tinha conhecimento do contexto do registro e que tinha a dizer que “há diversas contradições nos relatos apresentados tanto por Alberto Yousseff e Paulo Roberto Costa. O ex-ministro afirmou que não pediu “nenhum valor a ele e que na campanha não ingressaram esses valores”.