A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) é a principal beneficiada nas doações das empresas, fornecedoras da Petrobras, investigadas na Operação Lava-Jato da Polícia Federal. Para sua campanha em 2010, a petista recebeu R$ 2,4 milhões – o maior montante entre 121 parlamentares que receberam doações de 18 empresas sob suspeitas de participarem de esquema de desvio e lavagem de R$ 10 bilhões operados pelo doleiro Alberto Youssef. A revelação é da revista Veja. Gleisi aparece na lista dos 25 senadores e 96 deputados no levantamento feito pela Veja nos registros do Tribunal Superior Eleitoral. As empresas são investigadas por terem comprovadamente depositado recursos na MO Consultoria – empresa de fachada de Youssef – ou são suspeitas de colaborar para o esquema de coleta de recursos tocado pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O grupo de congressistas recebeu, ao todo R$ 29,7 milhões de um conjunto de 18 grupos empresariais sob suspeita. Gleisi é principal beneficiada nas doações – recebeu R$ 2,42 milhões, equivalente a 8,14% das doações levantadas entre os fornecedores da Petrobras. Na sequência, em segundo lugar, vem o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) com R$ 2,3 milhões. Há outros três paranaenses na lista: Nelson Meurer (PP), recebeu R$ 500 mil; Zeca Dirceu (PT), R$ 150 mil em doações; e Fernando Francischini (SDD), recebeu R$ 10 mil. O novo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT), e o ex-presidente da Casa Marco Maia (PT) também integram a lista. Pela oposição, destacam-se nomes como Rodrigo Maia (DEM), Antonio Imbassahy (PSDB) e Roberto Freire (PPS). Suspeita de ter liberado mais de R$ 7,9 milhões em propinas a Costa e Youssef, a Camargo Corrêa financiou 31 deputados federais e oito senadores. No Senado, foram beneficiados o líder do PT, Humberto Costa, Lindbergh e Gleisi. Cada um recebeu R$ 1 milhão. Gleisi e Lindbergh são os que têm mais vínculos financeiros com investigados na operação Lava-Jato. Cada um recebeu de cinco fornecedores envolvidos na operação. Só da OAS, que depositou R$ 1,6 milhão em contas da empresa de fachada comandada por Youssef, Gleisi recebeu R$ 1 milhão e Lindbergh, R$ 200 mil. A OAS financiou, 24 deputados federais e sete senadores. É o segundo grupo em quantidade de parlamentares financiados. O levantamento da Veja mostra que os grupos empresariais ambicionavam estabelecer relações com um espectro amplo de partidos e políticos. Na composição atual do Congresso, um em cada cinco deputados e um em cada três senadores eleitos receberam alguma doação oficialmente das empresas ligadas de alguma forma ao doleiro ou ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. A Veja aponta ainda que os fornecedores da Petrobras agora investigados doaram, oficialmente, R$ 856 milhões a partidos e candidatos entre 2006 e 2012. Entre os parlamentares em atuação no Congresso, o PT desponta com R$ 12,6 milhões recebidos, seguido por PP (R$ 4,4 milhões) e PMDB (R$ 3 milhões). Parlamentares da oposição, como DEM e PSDB, também foram beneficiados com R$ 2,9 milhões e R$ 2,3 milhões, respectivamente.