Indústria registra aumento de produção, crédito e emprego

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Pesquisa mensal da Fiep e dados divulgados pelo Caged confirmam tendência de melhora no setor, com aumento de investimentos em tecnologia e produtos

Crédito da foto: Gelson Bampi

O ano ainda não terminou, mas os dados de dezembro divulgados nesta quinta-feira (19/12) pela Confederação Nacional da Indústria e pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados da Secretaria de Trabalho, do Ministério da Economia, já apontam que 2020 será um ano determinante para a recuperação do setor.

Segundo a pesquisa mensal, houve crescimento de 1,6 pontos no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em dezembro, em relação ao mês anterior, chegando a 68,9 pontos, bem acima dos 50, na área de otimismo. Decompondo o resultado, o indicador de condições, relacionado aos últimos seis meses, ficou em 63,7 pontos. Enquanto o de expectativas, projeção para próximos seis meses, subiu para 71,5 pontos.

Mercado de trabalho

Em relação aos empregos na indústria de transformação o saldo também é positivo, segundo o Caged. Mais de 8.100 vagas foram criadas em 2019 no Paraná. Porém, o valor é 26% menor do que o saldo de janeiro a novembro do ano passado, que foi de 10.943 novas contratações. Em novembro, 685 vagas foram fechadas na indústria. No comparativo com novembro de 2018, quando o saldo ficou negativo em -1.645 postos de trabalho extintos, o resultado é bem melhor.

“Esta é uma situação pontual que não preocupa, um movimento normal do mercado. É quando os trabalhadores contratados no final do primeiro semestre e início do segundo, para atender à demanda de produção para o período de maior consumo, no fim do ano, são dispensados. É um comportamento sazonal que sempre impacta a empregabilidade no setor”, esclarece Evânio Felippe, economista da Fiep. No comparativo com novembro de 2018, o resultado é bem melhor.

De acordo com os dados do IBGE, os setores da indústria de transformação que mais geraram empregos este ano foram o mecânico (1.982 novas vagas); alimentos e bebidas (1.930); metalúrgica (1.411); produtos químicos, farmacêuticos, veterinários e de perfumaria (1.358). Já os que registraram maior índice de desligamentos foram o da madeira e mobiliário (-1.401); e de material elétrico e de comunicações (-91).

No geral, somando todos os setores (indústria, comércio e serviços), foram gerados 74 mil empregos no Paraná em 2019. Só em novembro, o saldo ficou em 6.712 novas vagas. Os municípios que mais contrataram este ano foram Curitiba (25.444), Maringá (5.553), São José dos Pinhais (4.062), Cascavel (3.325), Pato Branco (2.453), Londrina (1.748) e Ponta Grossa (1.718).

Construção Civil

No ano, a indústria da construção civil gerou 10 mil vagas, sendo que em novembro houve demissões e o saldo no mês fechou em -586 vagas. No ano passado, o saldo de janeiro a novembro era de 5.440 empregos gerados, sendo que novembro encerrou com saldo positivo de 286 contratações.No geral, tanto na construção civil como da indústria de transformação, o resultado no Paraná é favorável no ano.

Mas a recuperação do emprego ainda esbarra numa perda de fôlego em relação ao ritmo que vinha registrando no ano passado. “O que se vê é que o crescimento da produção industrial este ano tem gerado empregos na indústria, porém, não no mesmo ritmo do ano anterior. A tendência é que vá se recuperando se o cenário de agora se mantiver em 2020. Mas esta recuperação será gradual, condicionada ao ritmo da atividade econômica, com grande expectativa da aprovação da Reforma Tributária”, conclui Felippe.

Sondagem industrial

Na pesquisa mensal, realizada com industriais do estado, a CNI revela que 65% dos empresários informaram estar operando com 70% da capacidade instalada. Quarenta e três por cento deles tem expectativa de aumento de demanda por seus produtos nos próximos meses e 57% tem previsão de fazer investimentos no mesmo período. Com relação à geração de empregos, 67% informaram que pretendem manter seu quadro de funcionários. “Estes dados reforçam os resultados da Sondagem Industrial divulgada este mês pela Fiep, em que quase 80% dos empresários estava otimista para 2020, em função de previsão de aumento de vendas e melhorias na conjuntura econômica”, destaca o economista da Fiep.

Acesso ao crédito

Dados divulgados esta semana pelo Banco Central endossam o otimismo do industrial paranaense. Além da previsão de crescimento do PIB este ano, em torno de 1,2%, e de 2,25% para 2020, a articulação do governo para uma possível aprovação da Reforma Tributária ainda no primeiro semestre do ano que vem, sinaliza que o empresário deve realmente aumentar os investimentos. Mais de 80% deles disseram que pretendem aumentar e a prioridade será ampliar a capacidade produtiva, adquirir novos maquinários e desenvolver produtos. Apesar de 75% dos industriais afirmarem que utilizarão para isso recursos próprios, um relatório do Banco Central mostrou que houve crescimento de 7,7% na concessão de crédito no Paraná, de janeiro a outubro deste ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, a alta mais acentuada foi para pessoa física, 10%, e de 4% para pessoa jurídica.

“Em razão do número de operações e pela facilidade na concessão de recursos pelos bancos para pessoas físicas, é natural um crescimento maior do crédito para esse público inicialmente. Já para as empresas os valores solicitados individualmente são maiores, todavia a análise é mais exigente e burocrática, tornando o processo mais lento. Além disso, as empresas ainda contam com capacidade ociosa nas suas estruturas, o que deve adiar a busca por recursos para investimento para o próximo ano”, resume o especialista em crédito da Fiep, João Baptista Guimarães.

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