Interferências de Alexandre de Moraes em investigações contra Bolsonaristas são vazadas

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Conversas obtidas pela Folha de S. Paulo entre o gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) e a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam um esquema detalhado de como alvos de investigação foram escolhidos e como relatórios foram ajustados para justificar ações específicas.

De acordo com os diálogos, que abrangem o período de 2022, Moraes e seus assessores não apenas selecionaram alvos de investigações, mas também orientaram diretamente sobre como os relatórios deveriam ser elaborados. Esses documentos, por sua vez, foram moldados para embasar decisões já pré-determinadas, como multas e bloqueios de contas e redes sociais.

Os diálogos mostram que o ministro Alexandre de Moraes e seus assessores tinham um papel ativo na escolha dos alvos das investigações. Entre os casos destacados está a revista Oeste, uma publicação com perfil de direita. Em uma mensagem datada de 6 de dezembro de 2022, o juiz Airton Vieira solicitou que o conteúdo da revista fosse “desmonetizado” nas redes sociais. Quando o chefe da AEED, Eduardo Tagliaferro, informou que o material não apresentava informações relevantes, Vieira instruiu-o a usar “criatividade” para ajustar o relatório, sugerindo a inclusão de opiniões mais “ácidas”.

Outro alvo significativo foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Conversas entre o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas e Tagliaferro revelam esforços para vincular Bolsonaro a Fernando Cerimedo, um argentino que promovia teorias conspiratórias sobre fraude eleitoral. Relatórios foram elaborados para demonstrar uma conexão entre Bolsonaro e Cerimedo, apesar de que essas alegações não foram claramente confirmadas nas mensagens obtidas.

Em resposta às revelações, o gabinete de Moraes afirmou que todos os procedimentos relacionados às investigações foram conduzidos de forma oficial e regular, com a devida documentação e participação da Procuradoria-Geral da República. Eduardo Tagliaferro, por sua vez, declarou que não se manifestará sobre o conteúdo das conversas, mas afirmou que sempre cumpriu as ordens recebidas e não identificou ilegalidades.

As conversas obtidas levantam sérias questões sobre a imparcialidade e transparência das ações judiciais e administrativas no combate à desinformação. As práticas reveladas sugerem uma potencial falta de objetividade na condução das investigações e no tratamento dos alvos selecionados.

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