A quebra do sigilo bancário da Editora Gráfica Atitude, mantida pelos
sindicatos dos bancários de São Paulo e dos metalúrgicos do ABC paulista
(ambos ligados ao PT), revelou pagamentos a uma rádio da família Rothschild
de Abreu, dona de um hotel em Brasília (DF) que ofereceu emprego ao
ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), condenado no julgamento do mensalão.
A família também controla o partido nanico PTN. As informações são de Veja.
O relatório da Polícia Federal sobre as contas da Atitude mostra repasses
de 40.000 reais mensais, durante 2010 e 2011, para a Rádio Terra FM, uma
das frequências da família em São Paulo. A PF listou 22 pagamentos de
870.000 reais ao todo – os dois primeiros foram de 35.000 reais cada. A
Atitude alugava horário na grade da rádio, sediada na Avenida Paulista,
para veicular um programa radiofônico com viés governista, o jornal Brasil
Atual, que leva o mesmo nome de outras publicações da editora.
Em 2013, depois de começar a cumprir pena na Papuda, Dirceu entrou com
pedido de trabalho externo na Justiça e apresentou uma proposta de emprego
como gerente do antigo hotel Saint Peter, com salário de 20.000 reais. O
ex-ministro desistiu oficialmente do emprego quando o Jornal Nacional, da
TV Globo, revelou que o hotel era administrado pela Truston International
Inc., com sede no Panamá, um paraíso fiscal, e que tinha a empresa tinha um
laranja como presidente. O hotel Saint Peter fechou as portas neste ano.
André Vargas – O relatório de inteligência financeira analisado pela PF
mostra uma série de despesas e receitas da Atitude. Segundo a PF, a editora
e gráfica movimentou 67,7 milhões de reais nos últimos cinco anos.
Parte dos recursos saiu das contas de agências de publicidade que mantêm
contratos com o governo federal e empresas públicas. Juntas, as agências
Heads, Artplan, Nova SB e Borghi Lowe pagaram 868.377,73 reais à Atitude.
As quatro dividem uma conta da Caixa Econômica Federal, cujo valor total
chega a 1 bilhão de reais – metade em 2014 e metade em 2015. A PF investiga
um esquema de pagamento de propina ao ex-deputado petista André Vargas em
contratos de publicidade da Caixa e do Ministério da Saúde. Um dos réus é
ex-diretor da Borghi em Brasília.
Na quebra de sigilo, aparecem também depósitos de empresas controladas pelo
delator Augusto Ribeiro de Mendonça, empresário da Setal Óleo e Gás (SOG).
Mendonça disse ter repassado 2,4 milhões à Atitude como forma de quitar
propina combinada com o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto. O
tesoureiro nega. O administrador da editora, Paulo Salvador, disse à
Justiça que o dinheiro bancou matérias pagas de interesse do empresário.