LEMOS NÃO QUER SER VIDRAÇA E PAULO BERNARDO ATACA A IMPRENSA

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Agora, Lemos não
quer ser “vidraça”

Líder dos professores grevistas e da invasão a Assembleia Legislativa, o deputado Professor Lemos (PT) não achou justo muitos dos ataques nas manifestações deste domingo, 15, serem voltados exclusivamente ao seu partido, o PT. “O Brasil possui mais de 30 partidos e há gente boa e ruim em todos eles. Sou católico e não é porque alguém da igreja cometeu algum erro que vou deixar de ser. O PT está tomando o cuidado de procurar, nos processos normais, punir os desvios de conduta. Espero que os outros façam a mesma coisa”. Com informações da coluna Informe/Folha de Londrina.
Paulo Bernardo ataca
imprensa e se defende
na Folha de S. Paulo

Em artigo publicado nesta terça-feira, 17, no jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT) se defende de ter seu nome envolvido em pedido de propina de recursos desviados na Petrobras. “Centenas de reportagens foram publicadas com os mesmos elementos: em 2010, Paulo Bernardo Silva, então ministro do Planejamento, teria pedido ao então diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, uma doação de campanha para Gleisi Hoffmann, candidata ao Senado”, disse Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT), ex-ministra da Casa Civil e que responde inquérito aberto no STF por participar do esquema.

Paulo Bernardo não explicou seu sumiço e sua condição de testemunha de Ricardo Pessoa, dono da UTC, preso em Curitiba e responde por desvio de dinheiro da Petrobras e contumaz financiador das campanhas da mulher Gleisi. E também deixou de registrar que ele, Bernardo, está arrolado no inquérito da sua mulher para ser oitivado no STF.
Leia a seguir a íntegra do seu artigo.

Contradições e fragilidades

A fragilidade das acusações foi evidenciada pela própria Procuradoria Geral da República, que não pediu investigação contra mim

Paulo Bernardo

Na manchete da edição de 5 de março, esta Folha publicou que Paulo Bernardo estava na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para ser investigado no âmbito da Operação Lava Jato. O meu rosto foi estampado em fotos na capa do jornal e na página A4.

Desde outubro, trechos selecionados de depoimentos da Lava Jato ocupam a mídia com a citação do meu nome e do da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), minha mulher.

Centenas de reportagens foram publicadas com os mesmos elementos: em 2010, Paulo Bernardo Silva, então ministro do Planejamento, teria pedido ao então diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, uma doação de campanha para Gleisi Hoffmann, candidata ao Senado.

O pedido teria sido repassado a Alberto Youssef para a remessa dos valores. O enredo incluiu ainda outra afirmação: Paulo Roberto Costa teria informado que as letras “PB”, escritas por ele em uma agenda, seriam do meu nome.

Reportagens e mais reportagens foram baseadas em informações vazadas de maneira seletiva e ilegal, posto que o processo era formalmente sigiloso. No nosso caso, sabemos hoje, além de seletivo, o vazamento foi falso, pois divulgaram algo que não consta dos autos. A imprensa ignorou tudo isso e desconsiderou o “outro lado” ao veicular tais informações.

Agora, ao ter acesso aos autos anexados pela própria Procuradoria Geral da República, pudemos ver que eles desmentem essa versão. Em depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que Youssef lhe teria dito que “havia um pleito” de Paulo Bernardo para a campanha de Gleisi Hoffmann ao Senado.

Paulo Roberto Costa teria concordado com o “repasse”, acreditando que o pedido era mesmo de Paulo Bernardo, como dizia Youssef. O problema é que o doleiro desmente isso e afirma que o pedido para a campanha de Gleisi teria partido do próprio Paulo Roberto Costa.

Com versões desencontradas, Paulo Roberto e Youssef foram chamados a depor novamente e ambos reafirmaram o que haviam dito antes. Assim, a contradição se manteve. O caso da caderneta foi esclarecido por Paulo Roberto: a sigla PB constava de uma relação apresentada por Youssef e copiada por ele, Paulo Roberto Costa.

A fragilidade das acusações foi evidenciada pela própria Procuradoria Geral da República, que não pediu investigação contra mim. As referências a Gleisi também são frágeis, sem nada nos depoimentos que possa ligá-la a qualquer pedido (ou entrega) de valores.

Contra a senadora, o procurador incluiu outra acusação, ainda mais frágil: durante o processo, Youssef declarou que o Planalto sabia de tudo – leia-se Lula, Dilma Rousseff, José Dirceu, Erenice Guerra, Antonio Palocci e Gleisi Hoffmann.

Importante lembrar que o processo trata da campanha de 2010, quando Gleisi não exercia cargo público. A senadora nunca teve qualquer tipo de contato com Youssef, assim como eu também nunca tive.

A propósito: Youssef já foi preso e condenado. Livrou-se da cadeia valendo-se da delação premiada e voltou à atividade, tornando-se um dos maiores doleiros do país. Quer dizer, ele já ludibriou a lei e pode supor que ganhou com isso.

Vamos nos defender com a verdade e as armas do Estado democrático de Direito para restaurar a dignidade do nosso nome, duramente atingida pelas precipitações que fermentam o noticiário.

Não prescindimos do papel da imprensa como instrumento de esclarecimento público e de busca da verdade, mas achamos que há algo de muito errado nesse frenético publicar de informações vazadas seletiva, falsa e ilegalmente, sem o direito ao contraditório.

Além de desconsiderarem a presunção de inocência, valor fundamental na democracia, esses procedimentos põem em causa os princípios do processo justo.

Paulo Bernardo Silva, 63, é funcionário de carreira do Banco do Brasil. Foi ministro do Planejamento (governo Lula) e das Comunicações (governo Dilma)

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