Lula desafia e diz que não teme ser preso pela PF

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O ex-presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta (5), em entrevista à rede
SBT, que não tem medo de ser preso em consequência das investigações de
pessoas próximas a ele em duas grandes operações em curso no país, a Lava
Jato e a Zelotes. As informações são da Folha de S. Paulo.

“Não temo [ser preso]. “Eu duvido que tenha alguém neste país -do pior
inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande- que
diga que um dia teve alguma conversa ilícita comigo”, afirmou.

Em delação premiada na Lava Jato, o lobista Fernando Soares disse ter feito
um repasse de R$ 2 milhões a um amigo do petista, o pecuarista José Carlos
Bumlai. Segundo o delator, Bumlai disse na ocasião que o dinheiro seria
destinado a uma nora do ex-presidente. O empresário nega a versão do
lobista.

Já a Operação Zelotes tem entre seus alvos um dos filhos do ex-presidente,
Luis Cláudio, alvo de busca e apreensão em sua empresa. A Zelotes, que
apura esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais), prendeu o lobista Mauro Marcondes,
sócio da Marcondes e Mautoni. E em 2014, o escritório deste lobista
contratou a empresa de Luiz Cláudio por R$ 2,4 milhões.

Na entrevista, Lula riu quando o jornalista Kennedy Alencar fez perguntas
sobre algumas destas denúncias. O ex-presidente disse que o Brasil vive o
que chamou de “República da suspeição”, em que pessoas são condenadas pela
opinião pública sem necessidade de provas.

Ele foi irônico ao ser questionado se, quando presidente, nunca fora
alertado sobre a corrupção na Petrobras revelada pela Lava Jato.

“Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado
pela Polícia Federal, eu não fui alertado pelo Ministério Público e eu sou
o presidente que mais visitou a Petrobras”, declarou. “Essas coisas você só
descobre quando a quadrilha cai”.

O ex-presidente disse na entrevista que o governo Dilma errou em ao menos
dois momentos: ao segurar o aumento do preço da gasolina, em 2012, para
evitar a disparada da inflação, e pelo volume de desonerações concedidas a
empresas, o que encolheu a arrecadação.

Ele também discordou da maneira como Dilma vem tentando driblar a crise,
bastante centrado na defesa da criação de impostos como a CPMF, e disse
que, se estivesse no lugar dela, optaria por outro caminho, o da ampliação
do crédito.

Lula ainda afirmou que seu antecessor na presidência, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, tem “problema de soberba”. “O FHC sofre com o
meu sucesso”.

Questionado sobre uma fala de FHC, que o classificou como um político
encantado pelas delícias do poder, Lula citou o escândalo da compra de
votos para a emenda que permitiu a reeleição, em 1997.

“Toda vez que ele [FHC] tiver que falar de corrupção, ele tem que lembrar
da reeleição de 1997. Ele tem que lembrar que o único mensalão criado,
reconhecido inclusive por deputados do DEM, que disseram que receberam
[dinheiro], foi o dele”, argumentou.

O petista também disse estar disposto a ser candidato à presidência em 2018.

No fim do dia, no encerramento de evento em Brasília, o petista afirmou que
não irá admitir que o chamem de corrupto. “Não vou admitir que corrupto nos
chame de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se colocarem um
dentro do outro, não chega a 10% da minha honestidade”.

(foto: reprodução/SBT)

*link matéria*
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/11/1702787-nao-temo-ser-preso-diz-lula-sobre-operacoes-da-policia-federal.shtml

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